Atriz russa Tchulpan Khamatova (centro) é uma das fundadoras de ""Doar a vida" Foto: ITAR-TASS
Segundo informações do Instituto Coutts, ao longo do ano de 2012, os filantropos russos repassaram US$ 239 milhões para causas beneficentes, enquanto em 2011, o volume de doações atingiu US$ 306 milhões. Sendo assim, após EUA, Grã-Bretanha, China e Hong Kong, a Rússia ocupa o quinto lugar no ranking dos países que mais prestam assistência financeira a obras de caridade. As organizações beneficentes exercem uma função importante na Rússia moderna, uma vez que a quantidade de serviços na área de educação e saúde subsidiados pelo governo está diminuindo.
O estudo levou em consideração apenas as doações iguais ou acima de US$ 1 milhão, enquanto o volume de recursos financeiros destinados aos projetos beneficentes a serem realizados no território russo foi baseado na análise das atividades de 18 filantropos do país, um grupo que inclui pessoas jurídicas e físicas, que foram responsáveis por 71% do valor total doado. Em 2012, a parcela média transferida para as causas beneficentes atingiu US$ 6,8 milhões de dólares por filantropo, enquanto a máxima registrada foi de US$ 65 milhões.
EUA – US$ 13,96 bilhões de dólares
Reino Unido - US$ 1,35 bilhões
China - US$ 1,18 bilhões
Hong Kong - US$ 877 milhões
Rússia - US$ 239 milhões
No mesmo ano, o "desenvolvimento de sociedade" foi a causa que recebeu o maior volume de doações (US$ 75 milhões, ou 31% do valor total doado). A segunda e terceira categorias mais apoiadas pelos filantropos russos foram os fundos beneficentes e as instituições de ensino, com US$ 54,6 milhões (ou 23% do volume total) e US$ 20,2 milhões (ou 8% do valor total) recebidos respectivamente.
Os filantropos russos não deixam de investir nos projetos de caridade realizados fora do país, enquanto os principais beneficiários de suas doações são as organizações sem fins lucrativos. As principais causas incluem o desenvolvimento cultural, a diversificação da vida social da população, a resolução de problemas social-econômicos (tais como a pobreza), o desenvolvimento científico e a melhoria da saúde pública. No momento, mais de 350 mil organizações sem fins lucrativos financiadas pelos filantropos estão operando no território russo, com investimentos privados e do próprio governo do país.
Na opinião da Ekaterina Tchistiakóva, diretora do fundo Doar a Vida, os beneficiários potenciais ainda precisam conquistar a confiança dos seus benfeitores.
"Até agora a população da Rússia não se acostumou com a tendência de redução da quantidade de serviços na área de educação e saúde subsidiados pelo governo. Nos hospitais públicos faltam medicamentos necessários, portanto, precisamos comprá-los por preços mais altos devido à introdução de um novo sistema de compras estatais. A realidade atual afasta muitos filantropos potenciais que não desejam se envolver com estes problemas", ressalta a diretora.
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Deficientes visuais dão exemplo de luta por reintegração socialNo entanto, os autores do presente estudo não descartam a possibilidade do volume real de doações ser maior que o declarado, pois muitos benfeitores preferem não divulgar o fato de terem apoiado causas beneficentes. No entanto, alguns deles poderão ser encontrados no ranking da revista “Forbes”, que entrevistou os bilionários da sua lista Top 50, dos quais 8 oligarcas russos confessaram ter doado o valor total US$ 390 milhões ao longo de 2012.
O governo russo reconhece toda a importância da participação de pessoas físicas na realização dos projetos de caridade e tenta criar condições que a favorecem. Os exemplos disso são o cancelamento da cobrança do imposto sobre os rendimentos do capital dos fundos para os fins especiais, que entrou em vigor em 2007, e a introdução dos benefícios fiscais para pessoas físicas e jurídicas criadoras dos fundos de dotações. Em janeiro de 2012, foram aprovadas as emendas para o Código Fiscal referentes aos descontos para as pessoas físicas participantes das atividades beneficentes que entraram em vigor em 2013.
Apesar de uma quantidade razoável de filantropos russos individuais, a maior parte das doações vem dos fundos beneficentes, o primeiro dos quais foi criado em 1999 pelo empresário Vladímir Potánin com o objetivo da realização dos programas na área de educação e cultura. Desde então, a quantidade de fundos corporativos e particulares que exercem suas atividades no território russo não para de crescer e, em 2013, atingiu cerca de 70 unidades, que doam mais de US$ 10 milhões anualmente.
Apesar dos fundos de alguns filantropos russos serem criados fora do território nacional, os seus recursos destinam-se a projetos filantrópicos realizados dentro do país. Vale ressaltar que a maior parte de recursos doados é repassada a organizações sem fins lucrativos. No entanto, com o objetivo de controlar o processo de realização de seus programas, mesmo apenas parcialmente, os fundos beneficentes lançam uma grande quantidade de projetos próprios, que envolvem a construção de escolas, reformas de hospitais, desenvolvimento do setor de cuidados paliativos ou publicação de livros.
Publicado originalmente pela Gazeta.ru
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