Governo federal investe pesado no sul da Rússia para diversificar os setores da economia e mudar a cara da região Foto: Reuters
Um novíssimo teleférico fabricado na França leva os turistas estrangeiros a um hotel situado na borda da montanha mais alta da Europa, Elbrus. O cenário montanhoso e tranquilo, com as encostas cobertas de neve, não é exatamente a imagem que as pessoas têm quando pensam sobre as montanhas de Cáucaso, região mais conhecida por seus conflitos étnicos e atentados terroristas.
Após duas guerras brutais na Tchetchênia na década de 1990, a violência sectária e revolta transbordaram para as regiões vizinhas ao longo da década seguinte. Em 2010, o então presidente Dmítri Medvedev anunciou a iniciativa de canalizar verbas federais para projetos turísticos ao longo das montanhas do Cáucaso do Norte. Fundos no valor de US$ 15 bilhões foram liberados a oito centros localizados em regiões como Daguestão e Inguchétia, na esperança de criar empregos.
“No momento estamos supervisionando sete projetos de manufatura, turismo e agricultura, com um investimento total que supera US$ 200 milhões. Agora que estão perto da conclusão, mais de 5.000 empregos diretos serão criados, e outros 10 mil em indústrias relacionadas, bem como pequenas e médias empresas”, diz Anton Pak, diretor da Corporação de Desenvolvimento do Cáucaso do Norte (CDCN).
Terra para exportação
Para uma região com mais de 4 milhões de pessoas economicamente ativas, esse é apenas o primeiro passo para combater o desemprego galopante. A CDCN é apenas uma das várias organizações encarregadas de canalizar investimentos no Cáucaso. “Nossa grande oportunidade foi conseguir US$ 30 milhões do fundo ADM Capital, de Hong Kong, para o projeto agrícola IrriCo, na região de Stavropol”, conta o diretor do programa, Vitáli Buzu. “Esse acordo acabou atraindo o interesse de outros investidores asiáticos e norte-americanos.”
Um projeto conjunto com o VTB Capital, o segundo maior banco de investimentos da Rússia, vai continuar injetando US$ 250 milhões em 40 mil hectares de terra, máquinas modernas, sistemas de irrigação e instalações de armazenamento ao longo dos próximos três anos. Essas terras estão localizadas a 400 km dos portos russos no Mar Negro, usados sobretudo para exportação de grãos – a Rússia é atualmente o segundo maior exportador de grãos do mundo, depois dos Estados Unidos.
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Café brasileiro busca terreno no país do chá“A Rússia é o número três do mundo em quantidade de terras aráveis – perdendo apenas para EUA e Índia –, mas são pouco exploradas. A Europa colhe uma média de cinco toneladas por hectare, enquanto na Rússia a proporção é de apenas 2,4 toneladas”, aponta Buzu. “O preço da terra aqui é barato se comparado a outros países, e esta região é ideal para a produção de soja, milho e batata.”
Imã do Cáucaso
Os próximos Jogos de Inverno de 2014, na cidade-balneário de Sôtchi, agiram como um catalisador de esforços do governo federal para estabilizar a região antes que a atenção do mundo se volte para lá em fevereiro do ano que vem.
Após o recente atentado suicida em Volgogrado, alguns especialistas alertaram que o sul da Rússia está propenso a ataques terroristas com a proximidade dos Jogos. Porém, estatísticas gerais para o Distrito Federal do Cáucaso do Norte mostram uma queda na violência em praticamente todas as regiões. O número de mortes de civis em ataques terroristas diminuiu para 87 em 2012, contra as 176 mortes no ano anterior. Os dados deste ano mostram a mesma tendência positiva até agora.
“Se há tendências positivas, é porque as autoridades federais não são os únicos se preparando para os Jogos Olímpicos”, garante Aleksêi Arbatov do Centro Carnegie de Moscou. “Temos que usar os Jogos Olímpicos como um imã, para que as pessoas venham aqui para ver a beleza e o potencial da região.”
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