Em 2011, empresas russas extraíram 11 milhões de toneladas de petróleo e 57 bilhões de metros cúbicos de gás no Ártico Foto: Alamy/LegionMedia
De acordo com o Serviço Geológico dos EUA, os mares abertos do Oceano Ártico concentram cerca de 90 bilhões de barris de petróleo, 1,669 trilhões de metros cúbicos de gás natural e 44 bilhões de barris de condensado de gás. Isso representa 13% das reservas mundiais não descobertas de petróleo e 30% das de gás. Segundo a Sociedade Geográfica Russa, as maiores reservas estão em posse da Rússia.
"As regiões em posse da Rússia e aquelas que ela reivindica concentram mais de 250 milhões de barris de petróleo e gás natural em óleo equivalente, o que representa 60,1% de todas as reservas do Ártico. É difícil estimar o valor de mercado dos recursos árticos até que sua presença seja confirmada e eles virem reservas", diz um estudo divulgado pela organização.
Petróleo dispendioso
No entanto, a exploração de jazidas de petróleo no Ártico é tão dispendiosa que os peritos ouvidos pela Gazeta Russa são céticos quanto à extração de petróleo na região. De acordo com um levantamento da Agência Internacional de Energia realizado em 2006, a exploração de jazidas de gás e petróleo no Ártico seria economicamente justificável se a produção de um barril custasse menos de US$ 60. Na prática, os custos são três a cinco vezes superiores.
"A produção de um barril de petróleo no Ártico custa entre US$ 200 e US$ 300", diz o diretor do programa de Política Ambiental do Fundo Mundial para a Natureza, Aleksêi Kníjnikov. A razão é que as condições do Ártico exigem a aplicação de tecnologias especiais e investimentos adicionais.
"A extração de petróleo e gás a uma profundidade de 200 a 300 metros a uma distância de 650 km a 750 km da costa cria muitos problemas. É impossível chamar rapidamente uma equipe de trabalho ou colocar um oleoduto no fundo oceânico", explica o analista e sócio da agência RusEnergy, Mikhail Kuríkhin. A construção de uma plataforma petrolífera custará entre US$ 5 bi e US$ 6 bi, segundo as estimativas de Kníjnikov.
Fora de concorrência
Não é de surpreender que empresas estrangeiras não se apressem em aderir à aventura de petróleo no Ártico.
"Atualmente, a Rússia não tem concorrentes no Ártico", afirma Mikhail Kuríkhin.
Números
A Shell suspendeu seus trabalhos de perfuração por ordem do Ministério da Administração Interna dos EUA, que encontrou falhas no sistema de pressurização e controle de emissões para a atmosfera. A BP e a Rosneft abandonaram o projeto Sacalina-4 depois de descobrirem que as reservas da jazida eram muito menores do que o esperado. Em 2011, a Cairn Energy investiu US$ 1 bi na prospeção geológica nas águas próximas da Groenlândia, mas não encontrou petróleo no local. As empresas estrangeiras que ainda se atrevem a tentar a sorte no Ártico preferem fazer isso na companhia de empresas russas. Assim, a CNPC chinesa planeja participar do projeto de gás liquefeito Iamal GNL, da empresa russa Novotek, que irá contar também com a participação da francesa Total.
Economia Política
Neste momento, a Rússia é o único país do mundo disposto a operar no Ártico. Em 2012, o governo russo aprovou um programa de exploração da plataforma continental ártica até 2030. Em fevereiro deste ano, o presidente Vladímir Pútin assinou um documento com a estratégia de desenvolvimento do Ártico russo e de segurança nacional para o período até 2020. O primeiro-ministro, Dmítri Medvedev, espera que, em 17 anos, a Rússia possa produzir 66,2 milhões de toneladas de petróleo ártico e 230 bilhões de metros cúbicos de gás.
Em 2011, empresas russas extraíram 11 milhões de toneladas de petróleo e 57 bilhões de metros cúbicos de gás no Ártico. Para demonstrar a seriedade de suas intenções em relação ao Ártico, a Rússia começou a aumentar sua presença militar na região, criando brigadas de infantaria motorizada para operações no Ártico e estacionando na Terra Nova unidades de defesa antiaérea e aeródromos capazes de receber bombardeiros.
Para chamar a atenção do Ocidente para os preparativos da Rússia, o cruzador atômico porta-mísseis Petr Veliki (Pedro, o Grande) fez uma exibição de gala em agosto último tornando-se o primeiro navio de guerra a passar desacompanhado por quebra-gelos pela Rota do Mar do Norte. O Ocidente prestou atenção ao feito, mas não reagiu. Segundo especialistas, embora os noruegueses e os norte-americanos sonhem em lançar mão de hidrocarbonetos árticos, eles preferem que o primeiro passo seja dado pela Rússia para ver quanto custa a extração de petróleo e de gás no Ártico.
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