Desde o início de 2013, o preço do ouro caiu 19%, e, ao que tudo indica, 2013 será o primeiro ano da última década em que o ouro apresentará uma queda de preço Foto: ITAR-TASS
No primeiros oito meses de 2013, a Rússia produziu cerca de 156 toneladas de ouro, isto é, 15,1% a mais do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados da União Russa de Produtores de Ouro (Urpo). Ainda recentemente, o país, cujo crescimento anual de mineração e produção de ouro vem sendo observado desde 2008, tomou o quarto lugar da África do Sul e já está prestes a assumir um lugar entre os três primeiros produtores mundiais.
Tal dinâmica pode ser explicada pelo desejo dos produtores de ouro de compensar a diminuição das receitas devido à baixa do preço do ouro no mercado mundial. “Para manter o nível necessário de fluxo de caixa e evitar problemas com os convênios e o reembolso dos empréstimos bancários, as empresas aumentaram drasticamente a extração do ouro que repousa no subsolo”, explica o presidente da Urpo, Sergêi Kachuba.
Desde o início de 2013, o preço do ouro caiu 19%, e, ao que tudo indica, 2013 será o primeiro ano da última década em que o ouro apresentará uma queda de preço. “Este ano a tendência se inverteu. Acho que, no próximo ano, o preço do ouro chegará a US$ 1.500”, disse, em entrevista à Gazeta Russa, Oleg Dúchin, analista sênior da empresa de investimento Tserih Capital Management.
“Os motores de crescimento são muito poucos. Portanto, não vale a pena esperar a recuperação dos preços em um futuro próximo. O ouro passou de instrumento de proteção a um ativo de risco que depende do dólar e da política monetária dos EUA e de outros países”, acrescenta o analista da BKS Forex, Dmítri Tremasov.
A Urpo espera que, até o final deste ano, a produção de ouro no país chegue a 234 mil toneladas.
O concorrente mais próximo são os Estados Unidos, que produziram no ano passado 235 mil toneladas e se tornaram o terceiro maior produtor mundial do metal, perdendo apenas para China e Austrália. Mas, neste ano, os EUA sofreram uma queda de 3% na produção de ouro no período entre janeiro e junho de 2013, segundo a U.S. Geological Survey.
Apesar da atual dinâmica positiva, as capacidades da indústria de ouro russa não são ilimitadas. Os especialistas argumentam que o presente aumento se deve ao consumo acelerado dos recursos minerais e pode parar nos próximos anos devido à baixa dos preços. De acordo com o Ministério dos Recursos Naturais da Rússia, as reservas de ouro da Rússia alcançam 12,5 mil toneladas (mais de 11% das reservas mundiais), sendo superadas apenas pelos depósitos na África do Sul.
Estímulo federal
Para repor seus estoques de ouro, o governo russo está elaborando medidas, como, por exemplo, a adoção de um procedimento de notificação para realização de pesquisa minerais em terrenos desconhecidos e pouco explorados. Caso esse regulamento seja aprovado, a primeira empresa a notificar de sua intenção de realizar pesquisas minerais poderá obter a respectiva licença.
Esse esquema deve favorecer as empresas de mineração, pois, na Rússia, existem restrições à exploração de jazidas com reservas de ouro superiores a 50 toneladas, que são consideradas de interesse federal e só podem ser exploradas com a aprovação do governo.
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Governo estimula produção de milho para alavancar setor agropecuárioOs primeiros projetos-piloto serão lançados nas Regiões do Amur, Sverdlovsk , Primórie e Khabárovsk. “A iniciativa em si não contribuirá para o fluxo de investimento às pesquisas minerais, mas é um sinal para os investidores de que o governo está interessado em corrigir as regras do jogo”, disse à Gazeta Russa Piotr Kaznatcheev, especialista da Academia de Economia da Rússia e membro da Administração Pública junto à Presidência. Segundo ele, a Rússia já atravessou a fase de “nacionalismo de recursos minerais” e chegou a entender a vantagem de uma cooperação com empresas estrangeiras.
O próximo passo pode ser a adoção das iniciativas do Ministério dos Recursos Naturais anunciadas no último verão para garantir que os terrenos concedidos às empresas estrangeiras, inclusive aqueles de interesse federal, permanecerão à sua disposição, bem como aumentar o volume limite de reservas de ouro de uma jazida a ser concedida a empresas privadas de 50 para 250 toneladas. “Outro passo seria a redução de obstáculos burocráticos”, aponta Aleksandr Minkin, sócio do grupo FCG.
O comércio de ouro físico na bolsa de Moscou, iniciado em meados deste mês, também pode contribuir para o crescimento da produção desse metal no país. Por enquanto, são admitidos a participar da negociação empresas residentes, organizações públicas e bancos dos países da Comunidade Econômica Eurasiática (CEE). Empresas estrangeiras podem obter acesso à negociação por meio de empresas residentes. “Todas essas medidas devem reativar o interesse dos cidadãos e dos bancos por essas operações”, garante Dúchin.
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