Em 2009, o então presidente Dmítri Medvedev declarou que o Estado deve controlar as empresas que oferecem serviços na internet Foto: RIA Nóvosti
Um dos principais riscos para o setor russo de TI (tecnologias da informação) é as empresas nacionais serem adquiridas por gigantes ocidentais. Para minimizar esse risco, o Ministério das Comunicações propôs a inclusão de algumas delas na lista de empresas estratégicas da Federação Russa.
O fato de uma empresa aparecer nessa lista apresenta sérias limitações: nenhum estrangeiro pode assumir o seu controle sem o consentimento de uma comissão governamental de investimento estrangeiro encabeçada pelo primeiro-ministro da Rússia.
A ideia não é nova. Em 2009, o então presidente Dmítri Medvedev declarou que o Estado deve controlar as empresas que oferecem serviços na internet. Naquela época, o Ministério das Comunicações anunciou estar preparando os critérios para incluir as empresas de TI na lista de setores estratégicos.
Em 2012, vários deputados da Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo) propuseram incluir as principais empresas de serviços da internet e todos os meios de comunicação impressos na lista de empresas estratégicas.
De acordo com o presidente do conselho de administração e fundador da NVision Group, Dmítri Taraba, é necessário incluir na lista de empresas estratégicas as empresas responsáveis pelo desenvolvimento de produtos exclusivos no âmbito das altas tecnologias e segurança no ciberespaço.
Uma das primeiras empresas poderia ser a Kaspersky Lab. A própria companhia NVision Group tem subdivisões que desenvolvem projetos de segurança cibernética e inovação. Segundo Tabara, a atividade dessas subdivisões poderia ter importância estratégica.
De acordo com a diretora-geral da empresa InfoWatch e cofundadora da Kaspersky Lab, Natália Kaspérskaia, é preciso proteger apenas alguns segmentos do setor de TI –os desenvolvedores de antivírus e criadores de supercomputadores, por exemplo, segmento que proporciona a obtenção de acesso a informações de importância nacional.
Ajuda dos estrangeiros
As empresas de TI russas têm interesse no dinheiro estrangeiro. Em julho, o desenvolvedor de programas russo Luxoft anunciou sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de Nova York. Os compradores pagaram US$ 69,6 milhões para obter 12,5% das ações dessa empresa.
Em agosto, a Maykor atraiu US$ 100 milhões do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento e da fundação finlandesa Capman.
No entanto, o presidente da Corporação Informática Nacional, que lidera o ranking das maiores empresas de TI russas, Aleksandr Kalínin, afirma que os benefícios da inclusão de empresas de TI na lista de empresas estratégicas são bastante duvidosos pois essas medidas limitam a capacidade de atrair novos investimentos. “Um mercado aberto é sempre maior e tem mais perspectivas”, diz Kalínin.
De acordo com o cofundador da empresa Rosa, que desenvolve um sistema operacional russo de código aberto, Dmítri Komissarov, o setor de tecnologia de informação, ao contrário do de petróleo e gás, não tem outros recursos a não ser o humano. “Uma empresa pode se tornar estratégica, mas isso não impede que os funcionários deixem o país”, diz Komissarov.
“Os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental perceberam há muito tempo que as empresas de internet e TI têm um valor enorme e desempenham na economia do Estado um papel não menos importante que as companhias petrolíferas”, diz o presidente e fundador da IBS Group, Anatóli Karátchinski.
“O Estado deve apoiar o desenvolvimento das empresas locais oferecendo grandes contratos com o Estado. Por exemplo, a empresa Luxoft se dedica à criação de software para um grande número de instituições em todo o mundo, tem experiência na indústria de aviação e de telecomunicações, mas não tem nenhum cliente russo”, completa Karátchinski.
Publicado originalmente pelo jornal Vedomosti
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