Gazprom sempre se preocupa com o gás proveniente das outras empresas Foto: RIA Nóvosti
O principal exportador de gás russo, a Gazprom, propôs à maior empresa de petróleo da Rússia, a Rosneft, que interrompa a construção de uma fábrica de liquefação de gás natural em Sakhalin. A Gazprom aconselha à Rosneft que envie o gás previsto para esse projeto à fábrica de gás natural liquefeito que a Gazprom tem na região.
Especialistas acreditam que o diretor da Rosneft, Ígor Sêtchin, pretende demonstrar ao presidente Vladímir Pútin a grande eficácia da empresa petrolífera em comparação com a Gazprom e consideram o comportamento excessivamente agressivo.
A Gazprom considera desnecessário o projeto de construção de uma fábrica de GNL (gás natural liquefeito) planejado pela Rosneft na ilha de Sakhalin, no Extremo Oriente da Rússia.
De acordo com o diretor de coordenação de projetos orientais da Gazprom, Víktor Timochilov, os volumes de gás na jazidas de Sakhalin são insuficientes para criar uma nova empresa.
Segundo Timochilov, se a nova infraestrutura faz parte dos custos do projeto (se refere à exploração de Sakhalin 1, que pertence a ExxonMobil, Rosneft, à petrolífera indiana ONGC e à japonesa Sodeco), o Estado será obrigado a compensar estes custos, o que, na opinião da Gazprom, não faz sentido.
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Timoсhilov afirma que seria mais sensato enviar de 8 a 10 bilhões de metros cúbicos de gás de Sakhalin 1 à fábrica de GNL que opera em Sakhalin 2 e pertence à Gazprom.
"A Gazprom sempre se preocupa com o gás proveniente das outras empresas”, diz o especialista da União de Produtores de Petróleo e Gás da Rússia, Rustam Tankaiev. “A estratégia dessa empresa sempre prevê o aumento das suas reservas de gás", completa.
"Agradecemos aos nossos parceiros e concorrentes que constantemente atraem a atenção do mercado internacional aos grandes projetos realizados pela Rosneft”, ironicamente declarou o porta-voz da empresa em resposta às declarações de Timochilov. “Isso mostra que a nossa empresa está se desenvolvendo na direção certa e realiza projetos que podem alterar o mercado sem beneficiar os concorrentes, provocando certa ansiedade”, completou.
Planta com a ExxonMobil
De acordo com Sêtchin, a nova fábrica vai produzir cerca de 5 milhões de toneladas de GNL por ano.
Os investimentos no projeto ultrapassa US$ 15 bilhões. De acordo com Sêtchin, a fábrica começará a fornecer gás em 2018.
"Temos uma base de recursos”, disse Sêtchin. “A Rosneft tem 600 bilhões de metros cúbicos de gás. Além disso, estamos realizando negociações com a Exxon, que poderia fornecer mais 500 bilhões de metros cúbicos", afirmou.
Na fase inicial, as matérias-primas para a fábrica virão do projeto Sakhalin 1.
No futuro, para o fornecimento de matérias-primas para a fábrica serão usados também outros projetos com participação da Rosneft: Sakhalin-3 e Sakhalin-5.
Os principais mercados para a exportação deverão ser os países da região Ásia-Pacífico, em primeiro lugar o Japão e a China.
De acordo com o diretor do Fundo Nacional de Segurança Energética, Konstantin Símonov, na Rússia as ideias economicamente vantajosas são frequentemente sacrificados para os interesses das empresas estatais.
"Não se trata de a Rosneft ficar com poucos recursos, mas realmente há dúvidas sobre até que ponto os parceiros apoiarão a extração do volume de gás necessário para abastecer a nova fábrica. A lógica econômica mostra que a expansão da instalações da existente fábrica da Gazprom seria muito mais fácil do que a construção uma nova empresa", diz Símonov.
Além disso, Símonov explica que a fábrica da Gazprom faz parte do porto Korsakov, o único de Sakhalin que não congela durante o inverno, o que facilita significativamente o fornecimento de gás natural liquefeito. A Rosneft não terá essa possibilidade.
“Também é preciso entender que a Shell, parceira da Gazprom, é líder mundial no setor de gás natural liquefeito e tem as tecnologias mais modernas. Ainda não sabemos quais tecnologias serão usadas pela Rosneft”, afirma Símonov.
Segundo ele, para a Rosneft, a questão de construção da nova fábrica de GNL não é econômica, mas política.
“Ígor Sêtchin quer mostrar a Vladímir Pútin que sua empresa é muito mais eficaz do que a Gazprom e realiza seus projetos mais rapidamente. Sêtchin está agindo muito agressivamente, e isso vai irritar os seus concorrentes", completou Símonov.
Publicado originalmente em russo pelo jornal Gazeta.ru
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