Previsão de crescimento do PIB para 2013 é de 2,4%, enquanto taxa mundial deve ficar na faixa de 3,3% Foto: ITAR-TASS
Em reunião com o governo em Sôtchi, cidade sede das próximas Olimpíadas de inverno, o presidente Vladímir Pútin pediu aos ministros para encontrar formas de apoiar a economia desacelerada do país. A previsão de crescimento da economia russa para 2013 é de 2,4%, enquanto o crescimento médio mundial é programado na faixa de 3,3%.
"Não vivemos isso há muito tempo", disse Pútin.
Na semana passada, o ministro da Economia, Andrei Beloussov, havia dito haver riscos de a economia russa entrar em recessão no outono deste ano se não fossem tomadas medidas para apoiar seu crescimento. Na reunião de Sôtchi, o ministro disse que a "atual desaceleração econômica se deve sobretudo aos fatores internos e não à economia mundial", citando como causas a valorização do rublo, o aumento das taxas de juro e a consolidação fiscal.
O presidente do Banco Central, Serguêi Ignátiev, disse que, hoje, a "inflação é superior [no final de março passado, a inflação anual atingiu 7,1%] à meta de 5% a 6% fixada pelo governo”. Ao mesmo tempo, o responsável disse ter "forte sensação de que a inflação diminuirá e que as taxas de juro continuarão baixando". Ignatiev justificou suas suposições pela queda dos preços dos grãos, pela dinâmica moderada da massa monetária e pelo balanço do orçamento relativamente estável.
“São necessárias medidas para garantir um crescimento estável, reduzir o risco de queda na produção, se precaver contra os imprevistos negativos na economia mundial e estimular as atividades empresariais”, disse Pútin.
O presidente considera arriscado usar os recursos orçamentários para acelerar a economia. Por outro lado, Pútin não está inclinado a dramatizar a situação na Rússia, apesar da instabilidade global. O país possui reservas de ouro e divisas orçamentárias suficientes, disse o presidente.
A reunião decidiu por manter a regra orçamentária, disse Beloussov. Além disso, o governo está considerando realizar uma manobra orçamentária e aumentar os gastos com saúde, educação e infraestrutura mediante a diminuição do apoio às empresas públicas, disse o ministro.
O efeito negativo da consolidação fiscal já foi reconhecido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), disse o ministro Beloussov. Em grande medida, ela esteve na origem da recessão na zona do euro, acrescentou.
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“A valorização do rublo e as taxas de juro não podem ser causa da desaceleração da economia. Seu nível corresponde aos valores anteriores à crise, enquanto o crédito ao setor real da economia está crescendo mais rápido do que o PIB”, disse Ignatiev.
Opinião semelhante foi compartilhada por Aleksêi Kúdrin, ex-ministro das Finanças russo. Segundo ele, até mesmo na Ásia o ritmo do crescimento dos empréstimos não é maior do que na Rússia.
“A taxa de juro engloba a taxa de inflação (7%), taxa de riscos de 3% e uma margem de 4% a 5%. Como resultado, temos uma taxa de 14% para um mutuário corporativo", explicou Oleg Viuguin, presidente do Conselho de Diretores do MDM Bank.
“Se o problema está nas taxas de juro, pode-se obrigar os bancos públicos a limitar sua margem. Seu exemplo será seguido pelos bancos privados”, acrescentou.
"Já pensamos sobre isso", disse Pútin. "Mas tais decisões não devem ser voluntaristas. Não atacamos nossas instituições financeiras como os países ocidentais", salientou o presidente, que manifestou a esperança de que os banqueiros tenham consciência e revejam suas margens e taxa de riscos, lembrando-se de terem sido ajudados pelo governo nos tempos difíceis.
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