Apesar do avanço, investidores internacionais continuam olhando para o país com certo receio Foto: Aleksei Filippov/RIA Nóvosti
De acordo com dados do Banco Mundial publicados em julho, a Rússia está a enfrentar melhor a crise econômica do que a maioria dos países desenvolvidos. Em 2012, a o país ultrapassou todos as nações da Europa Ocidental, inclusive a Alemanha, cujo PIB é o sexto do mundo, levando em conta a paridade do poder de compra (PPC). À frente da Rússia estão os EUA, China, Índia e Japão. Os dados do Banco Mundial confirmaram a classificação do FMI, publicada no final de 2012.
O valor do PIB ligado ao PPC, divulgado em julho pelo Banco Mundial, confirma que a economia da Rússia se encontra num nível satisfatório. Quanto ao PIB nominal, segundo cálculos do FMI, a Rússia passou do nono ao oitavo lugar. Além disso, desde o início de julho, o Banco Mundial incluiu a Rússia no grupo de países com alto rendimento per capita.
Nos últimos dez anos, a Rússia era dos países com rendimento acima da média. A escalada na classificação será um trunfo na adesão da Rússia à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), prevista para o ano de 2015. Para que o produto nacional bruto per capita cresça, os especialistas da OCDE recomendam o aumento da produtividade do trabalho, estímulo à inovação e melhorias no sistema financeiro e fiscal.
Os êxitos da economia russa não surpreendem os especialistas, contudo. Iaroslav Lissovolik, economista do Deutsche Bank, alega que o PIB e o PPC refletem, em termos gerais, o consumo de mercadorias e serviços na economia. “A economia russa apresenta um crescimento graças aos preços favoráveis do petróleo, enquanto a Europa está em recessão e na incerteza em como sair dela. A situação é complicada, sobretudo no sul da Europa, fator que tem repercussões na Alemanha e outros países”, explica Lissovolik.
“Em consequência, a crise em curso tem provocado menos danos na economia da Rússia do que em outros países da Europa. Além disso, nos últimos dezoito meses, a cotação do rublo tem-se mantido forte, enquanto as moedas dos outros mercados em desenvolvimento estão em queda”, acrescenta o economista.
O diretor-geral da Agência de Comunicação Política e Econômica, Dmítri Orlov, também defende que o lugar da Rússia quanto ao PIB é plenamente justificável. “Em termos do produto bruto e poder de compra, apesar de todos os problemas que enfrentamos, e ainda que longe da China, estamos muito melhor do que a Europa”, frisou Orlov.
Mesmo assim, tanto os cidadãos russos comuns como os investidores internacionais olham para o país com certo receio. Recentemente, o FMI baixou para 2,5% a previsão do crescimento da Rússia em 2013. O valor do prognóstico do Banco Mundial é um pouco inferior – na faixa de 2,3%.
Os números ainda são bastante otimistas se comprados com as perspetivas do crescimento do PIB dos EUA (1,7%) e a recessão da zona euro (-0,6%). Porém, a dinâmica do crescimento econômico de dois vizinhos do grupo Brics continua a ser impressionante: 7,8% na China e 5,6% na Índia.
Os economistas consideram que, no próximo ano, a diferença entre a Rússia e a Europa continuará a se aprofundar devido à estagnação na zona euro, mas o país continuará perdendo em relação aos países asiáticos. “A Índia e a China vão fortalecer os respetivos PIB”, garante Orlov. Lissovolik concorda com o colega de profissão e assinala que, embora a classificação pelo Banco Mundial tenha chances de progredir ainda mais, o deficit do crescimento econômico russo continuará preocupante.
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