Na Rússia, o nível dos juros bancários para os negócios é sensivelmente maior do que no exterior Foto: ITAR-TASS
O Banco de Desenvolvimento e Assuntos Econômicos Estrangeiros pode começar a oferecer financiamentos para pequenas e médias empresas com taxas de juros de 6,25% ao ano, recorde de juros baixos em se tratando da Rússia, informou o jornal “Védomosti”, citando uma fonte próxima da própria organização.
Se a taxa for aprovada pelas autoridades, os empresários terão acesso a crédito de longo prazo e de baixo custo e os bancos vão expandir a sua base de recursos. Além disso, a Rússia se aproximará dos países desenvolvidos levando em consideração esse indicador.
A redução da taxa virá como parte do programa de facilitação do acesso ao crédito para pequenas e médias empresas do Ministério do Desenvolvimento Econômico. Para apoiar o financiamento dos negócios poderão ser destinados 100 bilhões de rublos provenientes dos recursos do Fundo Nacional de Previdência.
Padrão russo
Deve-se lembrar que, na Rússia, o nível dos juros bancários para os negócios é sensivelmente maior do que no exterior. Na Europa e na América, as taxas para pequenas e médias empresas variam no nível de 5% a 7% ao ano. Na Rússia, de acordo com a Agência Nacional de Avaliação, o nível mais freqüente dos juros bancários é de 16% ao ano, dependendo da área. De acordo com a Agência Nacional de Avaliação, no primeiro semestre deste ano, as taxas de juros para os tomadores de empréstimos do setor empresarial, em média, variaram de 10% a 12% ao ano para empréstimos em rublo.
Por que observamos uma diferença tão significativa entre as taxas de juros bancários e qual é a diferença fundamental entre o modelo ocidental de financiamento dos negócios e o modelo vigente na Rússia?
A questão é que, nos países desenvolvidos, a pequena empresa opera em um ambiente legal e fiscal significativamente mais confortável, e os bancos dispõem de fontes mais baratas de financiamento. Além disso, no Ocidente, a porcentagem de pessoas que têm negócios próprios é bastante elevada em relação à população em geral. Já na Rússia, o número de pessoas que desejam iniciar o seu próprio negócio encontra-se em um patamar relativamente baixo.
O diretor executivo do Centro de Estudos Econômicos, Mikhail Kuzmin, destaca que, antes de mais nada, o alto custo de financiamento e os elevados riscos característicos das pequenas e médias empresas russas servem de barreiras para a redução das taxas de juros na Rússia.
Segundo ele, até mesmo se ocorrer a aprovação do programa do Ministério de Desenvolvimento Econômico, considerando-se todos os bancos, atingir o nível das taxas de juros dos países ocidentais para o setor de pequenas e médias empresas parece ser uma tarefa fora da realidade.
A questão é que os bancos russos relutam em financiar as pequenas e médias empresas. O motivo é que eles estão excessivamente animados com o setor de varejo, que traz grandes lucros e tem uma grande demanda por produtos de crédito entre a população.
Além disso, para conceder crédito para as pequenas e médias empresas, os bancos russos são obrigados a realizar a mesma demorada e trabalhosa análise de riscos e solvência dos mutuários que é exigida para as grandes empresas, o que aumenta os custos dos bancos no trabalho com as empresas de pequeno porte.
Além disso, os custos dos recursos que os bancos destinam ao financiamento das empresas não está diminuindo.
"A maior parte dos passivos dos bancos comerciais russos atualmente é constituída pelos depósitos privados, atraídos por juros de 9% a 12% ao ano. Se adicionarmos a esse valor uma margem de 3,75%, por exemplo, iremos obter taxas de 12,75% a 15,75%”, diz o analista sênior da Agência Nacional de Avaliação Maksim Vássin.
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