Nas próximas décadas, os mais influentes participantes do mercado de gás, além da Rússia, serão os EUA e a China Foto: Reuters
Em meados de abril, peritos do Inei (Instituto de Pesquisas Energéticas), da Academia de Ciências da Rússia e da Central de Analítica do Governo da Federação Russa, publicaram um documento com o prognóstico do desenvolvimento energético do mundo e da Rússia até 2040.
Trata-se de um documento no qual são analisadas as principais tendências de desenvolvimento energético mundial e os possíveis riscos para a energia e os combustíveis russos e para a economia em geral.
De acordo com o documento, entre 2010 e 2040, o consumo mundial de energia primária irá crescer apenas 40% (cerca de 1,1% por ano), três vezes menos do que o crescimento do PIB e um crescimento visivelmente mais lento do registrado nos últimos 30 anos.
Os principais centros de consumo de energia serão deslocados para os países em desenvolvimento, enquanto os países desenvolvidos contribuirão com apenas 3% desse crescimento (sendo que, depois de 2020, os EUA e outros países da OCDE irão interromper totalmente o crescimento do consumo de energia).
No entanto, analisando a dinâmica do consumo em relação a determinados combustíveis em separado, é possível observar que o consumo do petróleo, por exemplo, será significativamente reduzido, de 32% para 27%. A parcela do carvão também será reduzida de 28% para 25% (principalmente por motivos ambientais) e a parcela da energia nuclear será mantida no nível de 6%.
As fontes de energia renovável irão apresentar as maiores taxas de crescimento: em 2040, elas serão responsáveis por 13,8% do consumo mundial de energia e por 12,5% da produção de eletricidade, contra, respectivamente, 10,9% e 3,7%, em 2010. No entanto, o gás será o líder em termos absolutos de crescimento do consumo (de 21% para 25%). Nos próximos 30 anos, ele se tornará o tipo de combustível mais requisitado.
Redistribuição do petróleo
As previsões anteriores subestimaram muito o potencial do óleo de xisto. Por exemplo, as previsões para o ano 2012 do Departamento de Energia dos EUA, da AIE (Agência Internacional de Energia) e do Inei avaliavam a produção desse tipo de combustível na faixa de 40 a 50 milhões de toneladas por ano, valor que superou 100 milhões de toneladas.
No fim de contas, em 2013, os EUA irão se aproximar da Arábia Saudita no volume da produção de combustíveis derivados do petróleo. De acordo com a previsão, em 2040, a produção de petróleo dos EUA totalizará 594 milhões de toneladas, principalmente de óleo de xisto.
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Quanto aos preços do petróleo, as previsões mundiais mostram uma gama bastante ampla de flutuações. De acordo com a avaliação da AIE, em 2035, os preços do petróleo serão de US$ 100 a US$ 145 por barril. O Departamento de Energia dos EUA prevê uma faixa de US$ 50 a US$ 200 e o Inie, de US$ 100 a US$ 130. Afirma-se que são possíveis desvios em relação às faixas devido à influência de fatores políticos ou especulativos, mas eles não vão mudar o quadro global e não há previsão de queda ou aumento radical dos preços do petróleo.
Era do gás
De acordo com Inie, em 2040, o consumo mundial de gás atingirá 5,3 trilhões de metros cúbicos, o que supera em mais de 60% o patamar de 2010 (o crescimento da demanda, mais uma vez, será garantido pelos países em desenvolvimento).
Embora a revolução do xisto continuar sendo um fenômeno regional, ela já teve um impacto significativo nos mercados mundiais, provocando uma redistribuição dos fluxos do GNL (gás natural liquefeito). De acordo com as previsões, entre 2016 e 2018, EUA e Canadá poderão começar a exportar o GNL, que, provavelmente, seguirá para os mercados de Ásia, América Latina e Europa.
Nessas circunstâncias, o mercado que mais crescerá será o Nordeste asiático, chegando ao segundo lugar em relação à capacidade, devido, inclusive, ao rápido desenvolvimento da demanda na China.
Hoje, a China tem uma enorme quantidade de reservas de gás não convencional, mas, por enquanto, seu futuro é difícil de prever devido à combinação de uma série de fatores (bem-sucedida diversificação das importações, desenvolvimento prioritário de infraestrutura, reforma dos preços no mercado interno, entre outros).
Porém, está claro que a China continuará a reforçar a sua posição em outras regiões através da participação das suas empresas no desenvolvimento de projetos de gás e do fornecimento de gás a preços reduzidos em projetos de longo prazo.
Publicado originalmente pelo Kommersant
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