Em entrevista à Gazeta Russa, o diretor-executivo do grupo Deutsche Bank na Rússia, Pável Teplukhin, falou sobre a concorrência com os bancos russos Foto: ITAR-TASS
Gazeta Russa: Como está o setor bancário russo no cenário mundial?
Pável Teplukhin: O setor bancário mundial está em momento de virada. Nos EUA, esse fenômeno está em pleno andamento, enquanto na Europa está um pouco atrasado. A Rússia, nesse sentido, está à frente da Europa. O formato dos negócios dos grandes bancos russos, o VTB (Banco para o Comércio Exterior), Sberbank (Banco de Poupança), Nomos-Bank e Alfa- Bank, está mudando. Antes, o mercado estava dividido conforme o tipo de produto desenvolvido: cada banco praticava suas atividades específicas. Agora todos os bancos fazem tudo. O sistema bancário russo tem boas oportunidades para ser dos primeiros a se integrar a uma nova estrutura financeira. Acho que o setor bancário russo deseja, pode e tem uma única oportunidade de se tornar global. Esse, aliás, é um dos temas de que vou falar no 17º Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, que será realizará entre os dias 20 e 22 de junho.
G.R.: É a primeira vez que vai palestrar no Fórum de São Petersburgo?
P.T.: Participei de todos os fóruns. Acreditamos que o Fórum de São Petersburgo é o segundo mais importante do mundo depois do evento em Davos. Este ano o Deutsche Bank terá vários palestrantes em sessões diferentes. Juergen Fitschen, copresidente do Conselho de Administração e da Comissão Executiva do Deutsche Bank AG, vai participar na mesa redonda “Rússia-Alemanha: as principais questões da parceria econômica estratégica entre os dois países” e na sessão “O desenvolvimento da indústria russa e seu papel na cadeia global de fornecimentos”. Já o conselheiro sênior do Deutsche Bank AG, Thomas Mayer, será moderador da mesa redonda “Previsão Econômica Global”. Eu vou falar na sessão “Aumento do potencial com vista à concorrência no mercado global”.
Pável Teplukhin participou da fundação da maior empresa de gestão da Rússia, a Troika Dialog. Em 2011, a Troika foi comprada pelo Sberbank e rebatizada de Sberbank CIS. Teplukhin havia dirigido a empresa de gestão entre 1996 e 2010 como presidente e presidente do Conselho de Administração. Participou do lançamento do primeiro fundo mútuo nos EUA focado na Rússia e criou o primeiro fundo mútuo de ações na Rússia em 1997. É presidente do Comitê de Estratégia do Conselho de Administração da S/A Rosnano e membro do Conselho de Administração da S/A Centro de Comércio Internacional. Trabalha no Deutsche Bank desde 1º de outubro de 2012.
G.R: O Deutsche Bank enfrenta uma forte concorrência por parte de bancos locais na Rússia?
P.T.: O Deutsche Bank começou a atuar na Rússia no final do século 19 e foi um dos primeiros bancos a ressurgir no país no período pós-perestroika. Enfrentamos naturalmente concorrência dos bancos locais, mantendo, contudo, a liderança entre os bancos de investimento estrangeiros. Além disso, temos aumentado o número de clientes de varejo. No segmento de câmbio, porém, é difícil concorrer conosco, porque somos um banco global com uma grande presença na Rússia.
G.R.: Você trabalhou como conselheiro na equipe de Iegor Gaidar [principal articulador das reformas de mercado na Rússia]. Como avalia as reformas realizadas naquela época?
P.T.: Estou muito feliz por ter vivido nessa época de mudanças. Enfrentávamos a população soviética, um ambiente hostil, os cofres do Estado vazios e o risco de ter o sistema energético do país completamente paralisado. Acho que as medidas tomadas na época, entre as quais a liberalização dos preços e a legalização do mercado de petróleo, privatização, comércio externo e da propriedade privada, foram mais bem sucedidas do que em alguns de nossos vizinhos do Lesta Europeu. Nossas reformas foram realizadas de forma mais rápida e melhor. Veja o caso da Moldávia, República Tcheca, Polônia, Hungria e dos países bálticos. Todos nós partimos da mesma posição inicial.
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