Mesmo com aumento da demanda mundial por GNL, participação russa no mercado se manterá inalterada

Projeto Sakhalin-2, da Gazprom, está focado na produção de gás natural liquefeito Foto: Gazprom / Divulgação

Projeto Sakhalin-2, da Gazprom, está focado na produção de gás natural liquefeito Foto: Gazprom / Divulgação

Projetos russos para o GNL correm o risco de ficarem no limite da rentabilidade ou até mesmo fora do mercado, garantem analistas.

Em 2020, a participação da Rússia no mercado mundial de gás natural permanecerá no nível de 6% apenas em circunstâncias favoráveis. Mesmo que o volume do mercado de GNL (gás natural liquefeito) tenha uma expectativa de crescimento de uma vez e meia no período graças à demanda na Ásia, a oferta provavelmente crescerá ainda mais rapidamente. A previsão é de analistas do Centro de Energia de Skôlkovo.

A concorrência de preços se tornará mais acirrada tanto devido à aplicação de novas tecnologias como em resultado do surgimento de novos grandes exportadores, em especial os EUA. Nestas circunstâncias, os projetos russos para o GNL correm o risco de ficarem no limite da rentabilidade ou, até mesmo, fora do mercado.

De acordo com o estudo, a procura mundial pelo GNL irá aumentar dos atuais 240 milhões de toneladas para 400 milhões de toneladas em 2020 e para cerca de 500 milhões de toneladas em 2030. O crescimento da demanda principal ocorrerá em países do sudeste da Ásia.

A Europa, no entanto, apesar do crescimento bastante moderado do consumo de gás em geral, irá dobrar o consumo de GNL e alcançar o montante de 130 milhões de toneladas, contra os atuais 64 milhões.

O crescimento da produção de GNL não ficará para trás da dinâmica da demanda: em 2020, a capacidade de produção irá dobrar, chegando a cerca de 580 milhões de toneladas por ano. O maior aumento de capacidade está previsto para 2015 e 2017 (53 milhões de toneladas) em função do início do funcionamento de projetos australianos e americanos.

Os planos declarados pela América do Norte em relação à construção de terminais de exportação de GNL consistem, atualmente, em 270 milhões de toneladas, mais do que o volume total do comércio mundial atual. Mesmo que estes planos sejam realizados apenas pela metade (como supõem os analistas de Skôlkovo), eles  exercerão uma pressão que levará à redução dos preços.

Hoje, mais de 70% do GNL mundial é enviado para a Ásia, particularmente para o Japão e a Coreia do Sul –é exatamente nessa região que se praticam os preços mais elevados para o GNL, US$ 16-US$ 18 por MMBtu (1 milhão Btu), contra US$-12 na Europa e US$ 4,5–US$ 5 nos EUA. Uma diferença tão grande nos preços favorece a flexibilidade do mercado.

Mudanças

 Em breve, um impacto semelhante sobre o mercado, até mesmo em maior escala, será causado por mudanças tecnológicas: o surgimento de terminais flutuantes para o recebimento de GNL e de usinas flutuantes para a sua produção.

Além disso, a criação dos gigantes transportadores de gás da classe Q-Max já levou a uma redução do custo de transporte do GNL em 40%. A expectativa é de que na próxima década o porte bruto dos navios seja ampliado, o que irá reduzir os custos de transporte pela metade e fará com que o transporte de GNL em tanques se torne competitivo em relação ao gasoduto em distâncias superiores a 2.000 quilômetros.

De acordo com os autores do estudo, esses fatores, juntamente com as mudanças na constituição dos preços (aumentando a proporção do comércio local) podem levar à diminuição do preço de GNL no mercado asiático a até US$ 12 por MMBtu  em 2020.

Atualmente, existe apenas uma usina de GNL na Rússia, em Sakhalin-2. As empresas russas planejam construir mais quatro usinas até 2020: Iamal-GNL (da Novatek, que, na primeira fase, produzirá 5,5 milhões de toneladas); a Vladivostok-GNL" (da Gazprom, com 5 milhões de toneladas); um projeto da Rosneft e da ExxonMobil em Sakhalin (também com 5 milhões de toneladas) e o Pechora-GNL (com 2,6 milhões de toneladas).

Destes, apenas a produção da usina em Iamal concorre de uma forma relativamente confortável com os fornecedores alternativos do mercado asiático da região Ásia-Pacífico.

"É claro que o preço do GNL da usina em Vladivostok, levando em conta o custo das tubulações que saem dos depósitos de Kovikti e Chaiandi, será o limite superior do valor do gás russo no mercado da região Ásia–Pacífico”, acredita Maria Belova, analista sênior do Centro de Energia.

“No que diz respeito à usina da Rosneft, há incertezas quanto à base de recursos e em relação aos prazos. A participação da Rússia no mercado global de GNL em 2020 será de cerca de 6%, tendo em vista a liberalização das exportações." 

 

Publicado originalmente pelo Kommersant

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