Adesão russa à OMC estimula exportação de produtos acabados à UE

Especialista defende registro de exportação da vodca como "bebida nacional" Foto: Váleri Melnikov/RIA Nóvosti

Especialista defende registro de exportação da vodca como "bebida nacional" Foto: Váleri Melnikov/RIA Nóvosti

Governo está incentivando produtores a aumentar o volume das vendas externas de farinha, óleo e vodca.

O Ministro da Agricultura, Nikolai Fiodorov, exortou os produtores russos de alimentos a aumentar as exportações de produtos acabados para países europeus. “Não devemos fornecer apenas matéria-prima para o exterior”, disse o ministro. Hoje em dia, os europeus importam, em grande maioria, trigo, peixe e frutos do mar congelados da Rússia.

O Serviço Alfandegário Federal estima que, entre janeiro e março deste ano, o país exportou para os países estrangeiros que não fazem parte da CEI (Comunidade dos Estado Independentes) matérias-primas agrícolas e produtos alimentícios no valor total de 3,2 bilhões de dólares. Isso corresponde a 1,9% do volume total de negócios de comércio exterior da Rússia. Por enquanto, o volume de produtos acabados não é computado separadamente, mas o ministério quer mudar essa situação.

Apenas 12 empresas russas fornecem atualmente produtos para o exterior, sendo que parte dessas empresas foi comprada por grandes corporações transnacionais. Esse é o caso, por exemplo, das fábricas de sorvetes “Frio Russo” e dos produtores de carne enlatada “Dave & Sovereign”, de Kaliningrado. Ainda assim, o fornecimento total aos mercados europeus não excede algumas toneladas por ano.

A principal razão é que as empresas russas certificadas para exportar trabalham em segmentos dos quais o Ocidente não tem necessidade. O analista da Agência para Estudos do Mercado Agrícola (ACAR), Dmítri Rilko, supõe também que os europeus forneceram  certificados exatamente àquelas categorias nas quais os produtos russos não seriam competitivos.

“Ninguém quer diluir o seu mercado com produtos dos outros. Os nossos vizinhos da UE nos impuseram barreiras fitossanitárias muito sérias; uma delas é a exigência de tratamento térmico nem acima nem abaixo de 80 graus”, comenta Alekseienko, porta-voz do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor).

Com a entrada da Rússia para a OMC, essas barreiras se tornaram mais transponíveis, argumentam especialistas. A Rússia poderia começar a aumentar as exportações com um produto russo de imagem tão marcante, como a vodca, por exemplo.

Hoje em dia, cerca de 5 milhões de decalitros da bebida são exportados anualmente aos países estrangeiros que não fazem parte da CEI, dos quais aproximadamente 1 milhão é garantido pela Standart, a empresa mais orientada para a exportação de todos os produtores de bebidas alcóolicas russos.

Porém, segundo o presidente do Centro de Estudos de Mercado de Álcool Federal e Regional (CIFFRA), Vadim Drobiz, para aumentar o volume de exportações, a Rússia precisa de uma política pública que faça “proteja a identidade da vodca como uma bebida nacional”.

Exemplos disso são o saquê e o uísque de procedência japonesa e escocesa, respectivamente, que são protegidos em nível internacional. No caso da Rússia, Drobiz sugere registrar o nome “Russkaya vodka”. “Depois disso, será mais fácil para a Rússia promover as suas marcas e lutar contra o fornecimento de produtos pseudo-russos e falsificados na UE. Paralelamente, os europeus poderão obter mais opções, em diferentes categorias de preço”, explica o presidente do CIFFRA.

Além da vodca, farinha, óleo e produtos do processamento da beterraba têm boas perspectivas de exportação. “Hoje em dia, até um terço de todas as oleaginosas processadas é exportada. Além disso, todo o excedente da produção interna também é exportado para os países da UE”, afirma o analista da ACAR, Dmítri Rilko. “O mesmo acontece com a beterraba sacarina.”

A Rússia também é capaz de aumentar em 2 vezes a exportação de farinha, aponta Rilko, embora uma peculiaridade do próprio mercado impeça um aumento maior. A farinha ocupa tradicionalmente não mais que 10% do mercado mundial de trigo, e os principais países exportadores se conformam em enviar o grão sem ser processado.

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