A Irlanda ultrapassou Chipre em saldo de empréstimos concedidos e reembolsados por empresas russas em 2012 Foto: Alamy
Em 2012, a Irlanda assumiu a liderança no financiamento não bancário do setor empresarial russo. Os dados são do Banco Central da Rússia. Aparentemente, isso foi possível devido à alteração dos esquemas de financiamento corporativo das empresas holding russas através do Reino Unido.
Relatório do Banco Central da Rússia divulgado no último dia 14 contém informações sobre a alteração dos regimes de financiamento do setor não bancário russo por grandes empresas ocorrida no ano passado.
Em 2012, empresas residentes na Irlanda concederam a empresas russas empréstimos no valor de US$ 12,4 bi. Assim, o país entrou no rol dos quatro maiores credores do setor não financeiro da Rússia, incluindo as operações de investimento direto. O volume de reembolso dos empréstimos contraídos com as empresas residentes na Irlanda foi de US$ 3,6 bilhões.
Desde 2009, devido à falência de algumas instituições financeiras, a Irlanda, que, como Grécia, Portugal e Chipre, depende da ajuda da União Europeia, está com um saldo de empréstimos e reembolsos no valor de US$ 8,8 bi, ultrapassando os três maiores credores da Rússia: o Reino Unido, com um saldo de US$ 6,4 bi (liberou US$ 56,5 bi em empréstimos e recebeu um reembolso de US$ 50,1 bi), Chipre, com um saldo de US 6,4 (liberou US$ 40,9 bi, recebendo um reembolso de US$ 34,5 bi) e Luxemburgo, com um saldo de US$ 6,4 bi (liberou US$ 15,1 bi e recebeu de volta US$ 8,7 bi).
Vale notar que, desde 2009, a Irlanda é um dos países em que as empresas exportadoras russas têm trabalhado ativamente usando esquemas complexos de circulação de capitais entre os dois países: em 2007, empresas irlandesas emprestaram a empresas russas US$ 5,5 bi; em 2008, US$ 4,8 bi; em 2011, US$ 7,9 bi (em 2009 e 2010, o saldo de empréstimos e reembolsos foi insignificante).
As operações de empresas russas com empresas residentes da Irlanda têm proporções maiores do que suas transações com empresas residentes na Suíça, Áustria, França, Holanda e Alemanha.
As operações isoladas de algumas empresas russas que investem na indústria farmacêutica e são afiliadas com a Russian Technologies, de companhias aéreas que operam uma frota de aeronaves sob leasing e de empresas que investem em TI não explicam o fenômeno.
Talvez o que esteja acontecendo seja uma conseqüência da alteração dos esquemas de circulação do capital através do Reino Unido: seu sistema financeiro está intimamente ligado ao irlandês. A atual situação mostra o grau de envolvimento da Rússia no sistema bancário global paralelo. A questão da regulação do mesmo foi levantada pela Rússia como país presidente do G20.
Publicado originalmente pelo Kommersant
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