"Investidores compreendem realidade política da Rússia"

Delegação do Citibank estará presente no 17° Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo Foto: RIA Nóvosti

Delegação do Citibank estará presente no 17° Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo Foto: RIA Nóvosti

Em entrevista à Gazeta Russa, diretor do Citibank na Rússia, Andrêi Kurilin, explicou por que a classe média do país é peça fundamental para o setor bancário e falou sobre o impacto dos recentes protestos no clima de negócios do país.

Qual é a participação da Rússia nas negócios do Citibank?
A Rússia integra o grupo dos mercados prioritários do Citibank. A receita do banco no ano passado superou US$ 1 bilhão, enquanto o lucro chegou a US$ 300 milhões. Paralelamente, o volume total de negócios do Citigroup em mais de 100 países é de cerca de US$ 70 bilhões. Estamos testemunhando o melhor período da história dos títulos russos. O nosso país é responsável por cerca de um terço do volume total de títulos emitidos nas regiões do Leste Europeu, África e Oriente Médio (CEEMEA, na sigla em inglês).

O que motivou esse avanço no mercado de títulos europeus?

Em primeiro lugar, a boa procura dos títulos das empresas russas por investidores internacionais; em segundo lugar, as taxas mais atraentes do que nunca e que estimulam os emitentes a colocarem novos títulos e substituir os antigos. Por fim, a disponibilidade no mercado mundial de um volume de dinheiro livre em resultado  da chamada "flexibilização quantitativa". 

Como você avalia a condição do sistema bancário russo?. 

De um modo geral, o setor bancário russo encontra-se numa situação nada mal: os ativos, a capitalização e os lucros de muitos bancos continuam a crescer. As reservas também cresceram, mas está claro que a inadimplência, por enquanto, está nos níveis esperados. A taxa média de inadimplência, por setor, não excede os 5%.  O sistema bancário russo está em fase inicial de desenvolvimento, e muitos esperam que o papel dos bancos na economia em relação ao financiamento a longo prazo aumente progressivamente.

Quais são as perspectivas dos segmentos de varejo e corporativo na Rússia?

Lançamos o "varejo" quase dez anos mais tarde que o bloco corporativo, mas ele já é responsável por mais de um terço da receita do Citibank na Rússia.  Esse segmento continua a crescer rapidamente, pois existe uma demanda considerável no país em relação aos serviços bancários e aos produtos de nível mundial, especialmente entre os clientes das classes média e alta.  Nós não estamos visando qualquer relação particular entre lucros do "varejo" e "corporativos", mas acreditamos que deve ser evitada uma dependência excessiva de apenas um tipo qualquer de atividade. Assim, no bloco corporativo atendemos tanto os ramos russos de empresas líderes de mercado, com marcas notoriamente conhecidas dos nossos compatriotas, como as grandes empresas russas dos ramos extrativistas, telecomunicações, financeiras e outras. 

Raio-x

Andrêí Kurilin, diretor-executivo do Citibank na Rússia 
Começou sua carreira no banco em 1996 como especialista. De 2003 a 2006, supervisionou negócios corporativos do Citibank no Cazaquistão e, de 2006 a 2008, trabalhou na sede do banco em Nova York. Desde 2008, é responsável pela gestão de risco do Citibank na Rússia, Cazaquistão e Ucrânia.

Como você avalia a nomeação de Elvira Nabiullina para o cargo de presidente do Banco Central? 

A nova presidente goza de considerável prestígio no mercado.  A comunidade bancária da Rússia reagiu positivamente à nomeação, e todos acreditam que as regras do jogo continuarão previsíveis.

O governo russo sonha em transformar Moscou em um centro financeiro internacional. Isso dará certo?

Moscou já se tornou um centro financeiro regional, a julgar pelo alcance e a qualidade da atividade empresarial.  Para a cidade se tornar um centro financeiro mundial, muitas coisas devem ser feitas em diferentes direções, mas também é preciso tempo. É necessário que a base da legislação e a prática judicial, bem como as exigências de regulamentação e de impostos, sejam focadas no suporte e desenvolvimento do empreendedorismo e levem em conta a experiência anterior de outros países.

No final de junho, São Petersburgo sediará o 17° Fórum Econômico Internacional.  Quais temas deverão ser abordados durante o evento?

Esse é um dos maiores fóruns econômicos do mundo e um dos mais esperados eventos de negócios na Rússia. O evento oferece uma oportunidade de, em um curto período de tempo, se encontrar com um grande número de parceiros importantes e discutir uma vasta gama de questõess. Por isso, tantos líderes de empresas estrangeiras planejam encontros e assinam contratos durante a conferência. No ano passado, por exemplo, assinamos um contrato para a concessão de crédito, no valor de US$ 140 milhões, com a “Sovcomflot”, uma grande empresa de transporte russa. 

A crescente onda de protestos na Rússia e a consequente reação do governo afetam a imagem do país e o interesse dos investidores ocidentais?

Os investidores internacionais arriscam o seu próprio dinheiro e os fundos de clientes e, assim, compreendem muito bem o que está acontecendo no país. Creio que as manifestações públicas ou diferentes pontos de vista são vistas como fenomênos normais. Os investidores analisam todo um conjunto de indicadores a respeito da atratividade do mercado e do clima empresarial. 

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