Lukoil se volta ao Oriente

Petroleira planeja enviar em julho até 100 mil toneladas de petróleo do porto de Kozmino, ponto mais oriental do SOOP Foto: strana.ru

Petroleira planeja enviar em julho até 100 mil toneladas de petróleo do porto de Kozmino, ponto mais oriental do SOOP Foto: strana.ru

A maior empresa petrolífera privada russa, Lukoil, recebeu permissão da gigante estatal Transneft para juntar-se ao sistema SOOP (Sibéria Oriental-Oceano Pacífico) e exportar petróleo a US$ 4 por barril para os Urais. No entanto, antes de concretizar essa oportunidade, a Lukoil terá de comprovar a alta qualidade de seu petróleo e considerar as possíveis perdas econômicas da transação.

A Lukoil recebeu a aprovação da Transneft para o bombeamento de petróleo através do SOOP. “A última palavra, entretanto, caberá ao Ministério da Energia, já que o departamento está autorizado a programar exportações”, informou a Transneft em um comunicado oficial.

No final de fevereiro, a Lukoil apresentou um pedido ao Ministério da Energia para a sua inclusão no cronograma de entrega, mas a solicitação foi negada, justamente por causa da falta de acordo com a Transneft. O monopólio não concordava em bombear o petróleo da petroleira privada pelo oleoduto, por não corresponder ao tipo Espo.

“Na época, porém, a Lukoil ofereceu petróleo de depósitos na Sibéria Central e agora planeja enviar petróleo bruto dos campos petrolíferos na Sibéria Ocidental”, afirmou ao Kommersant uma fonte envolvida no processo. Além disso, a Lukoil não extrai petróleo Sibéria Oriental e a proposta atual é seis vezes menor em volume.

De acordo com uma fonte próxima à Lukoil, a petroleira planeja enviar em julho até 100 mil toneladas de petróleo do porto de Kozmino, ponto mais oriental do SOOP. Seus representantes, porém, não confirmaram para quem esse petróleo se destina e se a empresa já teria contratos firmados com o Sudeste Asiático.

De janeiro a abril, a Lukoil enviou pelo oleoduto a países estrangeiros mais de sete milhões de toneladas de petróleo (cerca de 10% de todas as exportações de petróleo russo). Em 2012, a empresa exportou 34,7 milhões de toneladas de petróleo, das quais 30,5 milhões de toneladas pelo sistema da Transneft. Assim, 10,6 milhões de toneladas passaram pelo porto de Primorsk, 5,3 milhões de toneladas por Novosibirsk, 8,1 milhões de toneladas pelo oleoduto Drujba, pela Bielorússia. Os embarques para países estrangeiros pela Lukoil foram realizados ainda pelos portos de Varandei (dois milhões de toneladas), Kaliningrado (um milhão de toneladas), Murmansk e Arkhangelsk (1,3 milhões de toneladas).

A capacidade de transferência anual do SOOP-2 ultrapassa 30 milhões de toneladas; espera-se que o transporte pelo Kozmino em 2013 alcance um pouco mais que 25 milhões de toneladas, e atingir o volume de 30 milhões de toneladas em 2015.

No ano passado, através de Kozmino, foram exportados mais de 16 milhões de toneladas de petróleo, sendo que a Surgutneftegas forneceu 6,2 milhões de toneladas, a TNK-VP, 6,4 milhões de toneladas e a Gazprom Oil, 100 mil toneladas. Mais três milhões de toneladas ao todo foram exportados pela Irkutsk Oil Company, Dulisma e Gazprom.

Segmento Premium

O Espo consiste em uma mistura de petróleo com baixo teor de enxofre, de não mais que 0,62%, da Sibéria Central e Oriental. Esse tipo e o direcionamento para o porto de Kozmino caracterizam a condição premium do petróleo (a diferença de preço, por exemplo, com Primorsk, chega a $ 20 por tonelada). Agora o tipo Espo é negociado a um valor de US$ 4 por barril para os Urais. Especialistas da agência Platts notaram que o crescimento da oferta do tipo Espo poderá se tornar referência mundial, substituindo o Brent ou WTI.

“O sistema do SOOP possui um destino Premium. Nesse contexto, conforme regra, é necessária justificativa para inclusão de fornecimento desta ou daquela empresa na pauta de exportações”, afirma Ivan Khromuchin, do Gazprombank. Segundo o especialista, essa justificativa pode ser tanto argumentos logísticos, a localização do depósito petrolífero, perto do SOOP, ou contratos com clientes no leste da Rússia ou países asiáticos, ou petróleo de alta qualidade, que se perde no envio para outras direções.

No caso da Lukoil, supõe o analista, é provável que o fornecimento venha a ser de pequeno volume de petróleo de alta qualidade, que não pode ser direcionado através de tubulação separada e que transporta petróleo de qualidade ainda maior, o Premium Siberian Light.



Publicado originalmente pelo Kommersant

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