Rússia terá que desembolsar US$ 43,3 bi em preparativos para Copa do Mundo 2018

Custos ultrapassam medidas exigidas pela FIFA, como construção de estádios Foto: Flickr/ Ronnie Macdonald.

Custos ultrapassam medidas exigidas pela FIFA, como construção de estádios Foto: Flickr/ Ronnie Macdonald.

Infraestrutura do evento vai exigir investimento duas vezes maior do que previsto inicialmente. Autoridades adiantaram que orçamento federal não será capaz de absorver o custo de melhorias locais.

Após analisar as requisições oficiais, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) concluiu que serão necessários US$ 43,3 bi para criar uma infraestrutura adequada nas onze cidades russas que vão sediar a Copa do Mundo de 2018.

Apesar das previsões anteriores estimarem um gastos duas vezes inferior, o Ministério dos Esportes advertiu o governo que, para realizar o campeonato de maneira digna, será necessário investir quase a mesma quantia dispendida nas Olimpíadas de Inverno 2014, em Sôtchi, cujos custos são estimados em US$ 50 bilhões.

Ao usar a expressão “de maneira digna”, o órgão deu a entender que os custos não se limitarão aos compromissos obrigatórios em relação à FIFA, isto é, construção de estádios e de bases para treinos, reforma dos aeroportos e vias de acesso. Estes custos serão cobertos por recursos oriundos do orçamento federal.

Entre as requisições das regiões administrativas, estão incluídos os custos de modernização da infraestrutura do município, transporte regional, estações ferroviárias e rede rodoviária. Até 60% dos gastos estão relacionados a tais reestruturações locais.

Samara, por exemplo, está planejando construir novas estações de metrô para a Copa do Mundo 2018, e o custo estimado para as obras corresponde a US$ 11,66, mais de um quarto do custo total do campeonato. A cidade de Kazan também solicitou US$ 10 bilhões para reformar as estradas da região.

De acordo com a  S&P, apenas quatro localidades serão capazes de financiar todos os custos com recursos próprios: Moscou, São Petersburgo, Tartarstão e Krasnodar. Para a maioria das outras regiões os gastos necessários superam a receita do orçamento anual da região. No caso de Kaliningrado, o valor mais do que triplicou e em Samara, quase duplicou.

Se os recursos federais cobrirem 70% dos custos, essas duas regiões não serão capazes de financiar nem mesmo um terço do restante necessário. No entanto, se o governo federal assumir apenas 50% dos gastos, das onze regiões, somente oito conseguirão absorver os custos remanescentes. Cabe lembrar, contudo, que durante os preparativos para a cúpula APEC, a Universíada e as Olimpíadas de Inverno, os recursos federais disponibilizados direta ou indiretamente, por meio de empresas estatais ou empréstimos, superaram a proporção de 90% dos custos.

“É claro que o apetite das regiões terá que ser restringido, mas a infraestrutura dessas regiões realmente encontra-se em estado precário”, observa a vice-diretora da S & P, Karen Vartapetov. “É provável que os recursos federais terão que desempenhar um papel muito mais importante na preparação para a Copa do Mundo, do que tinha sido planejado anteriormente”.

O governo irá enfrentar uma escolha difícil, conclui S & P: aumentar os investimentos em infraestrutura regional, ou reduzir a qualidade do campeonato. No entanto, o orçamento federal foi encolhido em consequência da crise econômica mundial. “O orçamento é bastante rígido e praticamente não há como redistribuir os recursos”, declarou recentemente o ministro das Finanças, Anton Siluanov.

Segundo as autoridades responsáveis, já foi determinado que os gastos federais com a Copa do Mundo não irão ultrapassar os US$ 100 bilhões até 2018. “Isso inclui os compromissos com a FIFA. Ainda existem as obrigações para com os hotéis, mas disso irão se ocupar os investidores privados É simplesmente inaceitável que a Copa do Mundo se transforme, em termos de custo, numa ‘segunda Sôtchi’”, acrescenta um funcionário federal que preferiu se manter anônimo. “Todas as outras regiões, se quiserem, podem fazer os melhoramentos por conta própria, elas não vão receber dinheiro para isso”.

No valor proposto também não estão incluídos os planos de construção de linhas ferroviárias de alta velocidade para os seguintes trajetos: Moscou-São Petersburgo e Moscou-Nijni Novgorod-Kazan. Pela avaliação da companhia ferroviária RZD, esses projetos custarão aproximadamente 50 bilhões.

Publicado originalmente pelo Vedomosti 

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