Skôlkovo deve ser catalisador de mudanças, sugere especialista

Apresentação do centro da inovação de Skôlkovo Foto: Maria Tchobanov

Apresentação do centro da inovação de Skôlkovo Foto: Maria Tchobanov

Segundo professor da Universidade de Harvard e ex-ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, Roberto Mangabeira Unger, centro de inovação nos arredores de Moscou poderia “filtrar os avanços científicos e tecnológicos que, em seguida, serão incorporados a cada setor da vida econômica da Rússia”, incluindo na extração de gás, petróleo e agricultura.

Durante um fórum com institutos de desenvolvimento da Rússia, na semana passada, Unger palestrou sobre o papel dos centros de alta tecnologia no desenvolvimento econômico do país.

“É fácil imaginar que o setor de alta tecnologia deve simplesmente ser reproduzido com base nos setores de commodities e especialmente, dos rendimentos da produção de petróleo e gás. Essa interação dos setores de alta tecnologia e de commodities como força motriz da economia nacional não passa de ilusão”, disse o professor de Harvard, ao abordar a incapacidade de criar grande quantidade de empregos e fornecer ampla gama de oportunidades para a maioria dos russos somente pela combinação desses dois setores.

“O setor de tecnologia deve se tornar uma espécie de ‘fígado’ e Skôlkovo pode vir a ser um canal para a implementação de mudanças estruturais”, acrescentou Unger.

A Rússia, na opinião do ex-ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, precisa desenvolver uma nova arquitetura institucional, que estabeleça condições para uma coordenação estratégica descentralizada entre o governo e pequenas e médias empresas – os “criadores de uma nova economia na Rússia”.

“Se uma parte substancial dessas pequenas e médias empresas for capaz de absorver a tecnologia e práticas avançadas, então terá sido constituída uma base para um avanço revolucionário em termos econômicos”, enfatizou Unger.

Segundo o especialista, existem hoje dois conceitos diferentes de política regional no mundo contemporâneo. Um deles pode ser observado nos programas políticos dos países que estão tentando desenvolver o sul do país, como a Itália, por exemplo. Nesses casos, o governo paga uma compensação para as regiões subdesenvolvidas e atrasadas, na expectativa de que atinjam o mesmo nível da média nacional. “Como resultado, ocorre no país uma degeneração da política de desenvolvimento regional e a sua transformação em prática de dependência”, ressaltou Unger.

O segundo conceito consiste em criar um espaço para desenvolvimento nas regiões pouco desenvolvidas de um país vasto, de modo que “toda a nação tenha a chance de recriar-se novamente e imaginar um futuro diferente para si”. Seguindo esse modelo, cada região do país se torna um terreno fértil para a experimentação, bem como um lugar onde o Estado pode cultivar modelos alternativos para o futuro.

“Esse segundo conceito, em minha opinião, deve prevalecer na Rússia. O foco deve possuir um espírito de experimentação, não uma devoção a um determinado padrão”, reforçou Unger. “Ao implementar esse conceito, Skôlkovo pode se firmar como um catalisador de mudanças e fonte de inspiração para uma revolução produtiva e social.”


Publicado originalmente pela agência ITAR-TASS 

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