Apresentação do centro da inovação de Skôlkovo Foto: Maria Tchobanov
Durante um fórum com
institutos de desenvolvimento da Rússia, na semana passada, Unger palestrou
sobre o papel dos centros de alta tecnologia no desenvolvimento econômico do país.
“É fácil imaginar que o setor de alta tecnologia deve simplesmente ser
reproduzido com base nos setores de commodities e especialmente, dos
rendimentos da produção de petróleo e gás. Essa interação dos setores de alta
tecnologia e de commodities como força motriz da economia nacional não passa de
ilusão”, disse o professor de Harvard, ao abordar a incapacidade de criar
grande quantidade de empregos e fornecer ampla gama de oportunidades para a
maioria dos russos somente pela combinação desses dois setores.
“O setor de tecnologia deve se tornar uma espécie de ‘fígado’ e Skôlkovo pode
vir a ser um canal para a implementação de mudanças estruturais”, acrescentou
Unger.
A Rússia, na opinião do ex-ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, precisa
desenvolver uma nova arquitetura institucional, que estabeleça condições para
uma coordenação estratégica descentralizada entre o governo e pequenas e médias
empresas – os “criadores de uma nova economia na Rússia”.
“Se uma parte substancial dessas pequenas e médias empresas for capaz de
absorver a tecnologia e práticas avançadas, então terá sido constituída uma
base para um avanço revolucionário em termos econômicos”, enfatizou Unger.
Segundo o especialista, existem hoje dois conceitos diferentes de política
regional no mundo contemporâneo. Um deles pode ser observado nos programas
políticos dos países que estão tentando desenvolver o sul do país, como a
Itália, por exemplo. Nesses casos, o governo paga uma compensação para as
regiões subdesenvolvidas e atrasadas, na expectativa de que atinjam o mesmo
nível da média nacional. “Como resultado, ocorre no país uma degeneração da
política de desenvolvimento regional e a sua transformação em prática de
dependência”, ressaltou Unger.
O segundo conceito consiste
em criar um espaço para desenvolvimento nas regiões pouco desenvolvidas de um
país vasto, de modo que “toda a nação tenha a chance de recriar-se novamente e
imaginar um futuro diferente para si”. Seguindo esse modelo, cada região do
país se torna um terreno fértil para a experimentação, bem como um lugar onde o
Estado pode cultivar modelos alternativos para o futuro.
“Esse segundo conceito, em minha opinião, deve prevalecer na Rússia. O foco
deve possuir um espírito de experimentação, não uma devoção a um determinado padrão”,
reforçou Unger. “Ao implementar esse conceito, Skôlkovo pode se firmar como um
catalisador de mudanças e fonte de inspiração para uma revolução produtiva e
social.”
Publicado originalmente pela agência ITAR-TASS
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
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