ALROSA retoma as suas atividades com os diamantes africanos

Foto: RIA Nóvosti

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A gigantesca empresa de mineração de diamante, ALROSA SA, está pensando seriamente em retomar os seus negócios na África, que estavam praticamente congelados desde 2009.

Segundo informações de uma determinada fonte “X”, a empresa monopolista russa está negociando com as autoridades de Angola a criação de empreendimentos conjuntos para a prospecção de depósitos primários no território desse país, além dos limites do projeto “Catoca”, uma sociedade de mineração de diamantes, da qual ela já detém 32,8%. Consta dos planos da ALROSA a criação de empreendimentos conjuntos análogos aos de Botswana e Zimbabwe. Os altos riscos políticos nessa região obrigam a empresa de mineração de diamantes a se focar em projetos na área de prospecção que não exijam grandes investimentos.

As informações sobre os planos da ALROSA de expandir a sua presença em Angola, foram fornecidas pela fonte ”X”, próxima à empresa de mineração. De acordo com a fonte, a ALROSA já conduziu negociações preliminares com a Endiama, Empresa Nacional de Diamantes de Angola (que representa os interesses do governo angolano em todos os projetos ligados aos diamantes), sobre a criação de um empreendimento conjunto, em formato de 50/50, que será responsável pela prospecção além dos limites dos depósitos de diamante de Catoca. “Estamos falando da prospecção de novos depósitos primários no noroeste do país, na fronteira com o Congo, onde estão concentradas várias áreas de foco promissoras”, - explicou “X”, acrescentando que a ALROSA já discutiu antecipadamente a possibilidade de obtenção de licenças de prospecção para o empreendimento nas regiões de Quang e Luminash.

No momento, os negócios da ALROSA em Angola se resumem, praticamente, ao projeto “Catoca”, do qual ela detém 32,8%. A Sociedade Mineira de Catoca Ltda. foi criada em 1992 para a exploração do kimberlito de Catoca, um complexo rochoso em forma de chaminé. A empresa brasileira Odebrecht (com 16,4%) e a Endiama (com 32,8%) tornaram-se parceiras da empresa russa. No final dos anos 90 a ALROSA vendeu 18% para uma organização pertencente ao empresário israelita Lev Leviev que, há um par de anos atrás, vendeu as suas ações, por 400 milhões de dólares, para a maior compradora do petróleo angolano, a empresa China Sonangol International Holding, registrada em Hong Kong.

A ALROSA está sugerindo aos seus parceiros no projeto “Catoca”, a criação de um conselho de geologia, junto ao Conselho Administrativo, principal órgão de gestão da sociedade. Esse conselho iria controlar toda atividade de prospecção na área sob a responsabilidade da “Catoca”. E, finalmente, a ALROSA planeja desenvolver uma cooperação com a parte angolana, para implementar o programa nacional de avaliação do potencial diamantífero de Angola, iniciativa do Ministério da Geologia desse país. “Catoca” é um projeto lucrativo para a empresa russa: traz dividendos anuais da ordem de 30 milhões de dólares.

Os planos da ALROSA para a África não se limitam a Angola. Na reunião da Comissão para Assuntos Internacionais da ALROSA, realizada na semana passada, foi divulgado um relatório no qual Botswana, segundo maior produtor de diamantes depois da Rússia, e Zimbabwe também foram citados como países priotários para o desenvolvimento dos negócios. “No que diz respeito à Botswana, a ALROSA, com o objetivo de descobrir novos corpos de kimberlito, está analisando a possibilidade da criação de um empreendimento conjunto com a Botswana Diamonds Plc (uma empresa pública com títulos financeiros em Londres - segundo “X”) detentora de 13 licenças de prospecção nesse país. Em caso de uma efetiva descoberta vamos obter uma concessão”, informou a fonte “X”, acrescentando que o investimento da ALROSA nesse país, no próximo ano, é estimado em cerca de 1 milhão de dólares.

No Zimbawe, a ALROSA está buscando um parceiro para a criação de um empreendimento análogo, com o objetivo de realizar pesquisas geológicas nas áreas de diamantes, na região dos depósitos aluviais de Marange. “A ALROSA está assumindo uma posição mais cautelosa em relação à escolha do projeto nesse país: as eleições para presidente que devem ser realizadas aí no verão, podem alterar significativamente a conjuntura”,- diz o interlocutor ”X”. Robert Mugabe é presidente do Zimbawe desde 1987, ele está entre os líderes de governo mais idosos do mundo (tem 89anos) e seu regime é considerado ditatorial. Existem sanções da parte da UE e dos EUA em relação a uma série de empresas estatais do Zimbawe.

 “Angola é um dos poucos lugares do mundo, onde existe uma grande probabilidade de serem descobertos depósitos primários de diamantes. O único problema são os riscos políticos que  aumentam a cada dia nessa região: os ecos das revoluções árabes já alcançaram o centro da África”, - diz Sergei Goryainov, especialista da filial da agência Rough & Polished. Há uma semana atrás em uma república da África Central aconteceu um golpe militar. De acordo com a sua opinião, neste contexto, a ALROSA está apresentando agora uma abordagem mais racional em relação à seleção de projetos na África: “Antigamente a ALROSA entrava com grandes investimentos em Angola, dando preferência aos projetos em grande escala, que envolviam vultosos capitais e não apresentavam benefícios econômicos observáveis. Basta lembrarmos dos projetos extremamente custosos no depósito  “Luo” ou da construção da hidroelétrica no rio Shikapa. Atualmente a ALROSA age de maneira mais cautelosa o que, nas circunstâncias atuais, é justificável sob todos os pontos de vista”. Devemos lembrar que 45% das ações da empresa “Luo-GRO “Camacho Kamazhiku Ltda”, responsável pela prospecção do depósito  Luo, criada em 2002, pertence a “filha” da ALROSA, a Escom-Alrosa Ltda. Em 2009 a ALROSA congelou a sua participação nesse projeto, no qual ela havia investido mais de 100 milhões de dólares.

 

Publicado originalmente pelo Kommersant

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