Foto: RIA Nóvosti
Segundo informações de uma determinada fonte “X”, a empresa monopolista russa está negociando com as autoridades de Angola a criação de empreendimentos conjuntos para a prospecção de depósitos primários no território desse país, além dos limites do projeto “Catoca”, uma sociedade de mineração de diamantes, da qual ela já detém 32,8%. Consta dos planos da ALROSA a criação de empreendimentos conjuntos análogos aos de Botswana e Zimbabwe. Os altos riscos políticos nessa região obrigam a empresa de mineração de diamantes a se focar em projetos na área de prospecção que não exijam grandes investimentos.
As informações sobre os planos da ALROSA de expandir a sua presença em Angola, foram fornecidas pela fonte ”X”, próxima à empresa de mineração. De acordo com a fonte, a ALROSA já conduziu negociações preliminares com a Endiama, Empresa Nacional de Diamantes de Angola (que representa os interesses do governo angolano em todos os projetos ligados aos diamantes), sobre a criação de um empreendimento conjunto, em formato de 50/50, que será responsável pela prospecção além dos limites dos depósitos de diamante de Catoca. “Estamos falando da prospecção de novos depósitos primários no noroeste do país, na fronteira com o Congo, onde estão concentradas várias áreas de foco promissoras”, - explicou “X”, acrescentando que a ALROSA já discutiu antecipadamente a possibilidade de obtenção de licenças de prospecção para o empreendimento nas regiões de Quang e Luminash.
No momento, os negócios da ALROSA em Angola se resumem, praticamente, ao projeto “Catoca”, do qual ela detém 32,8%. A Sociedade Mineira de Catoca Ltda. foi criada em 1992 para a exploração do kimberlito de Catoca, um complexo rochoso em forma de chaminé. A empresa brasileira Odebrecht (com 16,4%) e a Endiama (com 32,8%) tornaram-se parceiras da empresa russa. No final dos anos 90 a ALROSA vendeu 18% para uma organização pertencente ao empresário israelita Lev Leviev que, há um par de anos atrás, vendeu as suas ações, por 400 milhões de dólares, para a maior compradora do petróleo angolano, a empresa China Sonangol International Holding, registrada em Hong Kong.
A ALROSA está sugerindo aos seus parceiros no projeto “Catoca”, a criação de um conselho de geologia, junto ao Conselho Administrativo, principal órgão de gestão da sociedade. Esse conselho iria controlar toda atividade de prospecção na área sob a responsabilidade da “Catoca”. E, finalmente, a ALROSA planeja desenvolver uma cooperação com a parte angolana, para implementar o programa nacional de avaliação do potencial diamantífero de Angola, iniciativa do Ministério da Geologia desse país. “Catoca” é um projeto lucrativo para a empresa russa: traz dividendos anuais da ordem de 30 milhões de dólares.
Os planos da ALROSA para a África não se limitam a Angola. Na reunião da Comissão para Assuntos Internacionais da ALROSA, realizada na semana passada, foi divulgado um relatório no qual Botswana, segundo maior produtor de diamantes depois da Rússia, e Zimbabwe também foram citados como países priotários para o desenvolvimento dos negócios. “No que diz respeito à Botswana, a ALROSA, com o objetivo de descobrir novos corpos de kimberlito, está analisando a possibilidade da criação de um empreendimento conjunto com a Botswana Diamonds Plc (uma empresa pública com títulos financeiros em Londres - segundo “X”) detentora de 13 licenças de prospecção nesse país. Em caso de uma efetiva descoberta vamos obter uma concessão”, informou a fonte “X”, acrescentando que o investimento da ALROSA nesse país, no próximo ano, é estimado em cerca de 1 milhão de dólares.
No Zimbawe, a ALROSA está buscando um parceiro para a criação de um empreendimento análogo, com o objetivo de realizar pesquisas geológicas nas áreas de diamantes, na região dos depósitos aluviais de Marange. “A ALROSA está assumindo uma posição mais cautelosa em relação à escolha do projeto nesse país: as eleições para presidente que devem ser realizadas aí no verão, podem alterar significativamente a conjuntura”,- diz o interlocutor ”X”. Robert Mugabe é presidente do Zimbawe desde 1987, ele está entre os líderes de governo mais idosos do mundo (tem 89anos) e seu regime é considerado ditatorial. Existem sanções da parte da UE e dos EUA em relação a uma série de empresas estatais do Zimbawe.
“Angola é um dos poucos lugares do mundo, onde existe uma grande probabilidade de serem descobertos depósitos primários de diamantes. O único problema são os riscos políticos que aumentam a cada dia nessa região: os ecos das revoluções árabes já alcançaram o centro da África”, - diz Sergei Goryainov, especialista da filial da agência Rough & Polished. Há uma semana atrás em uma república da África Central aconteceu um golpe militar. De acordo com a sua opinião, neste contexto, a ALROSA está apresentando agora uma abordagem mais racional em relação à seleção de projetos na África: “Antigamente a ALROSA entrava com grandes investimentos em Angola, dando preferência aos projetos em grande escala, que envolviam vultosos capitais e não apresentavam benefícios econômicos observáveis. Basta lembrarmos dos projetos extremamente custosos no depósito “Luo” ou da construção da hidroelétrica no rio Shikapa. Atualmente a ALROSA age de maneira mais cautelosa o que, nas circunstâncias atuais, é justificável sob todos os pontos de vista”. Devemos lembrar que 45% das ações da empresa “Luo-GRO “Camacho Kamazhiku Ltda”, responsável pela prospecção do depósito Luo, criada em 2002, pertence a “filha” da ALROSA, a Escom-Alrosa Ltda. Em 2009 a ALROSA congelou a sua participação nesse projeto, no qual ela havia investido mais de 100 milhões de dólares.
Publicado originalmente pelo Kommersant
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