Rosneft é nova líder em produção mundial de petróleo

No total, Rosneft desembolsou US$44,38 bilhões para a compra da TNK-BP Foto:  ITAR-TASS

No total, Rosneft desembolsou US$44,38 bilhões para a compra da TNK-BP Foto: ITAR-TASS

Conclusão das transações para aquisição de 100% da TNK-BP dá à petrolífera russa oportunidade de produzir 4 milhões de barris de petróleo por dia. Especialistas sugerem que em breve, a TNK-BP poderá deixar de existir por completo.

O décimo aniversário da TNK-BP, joint venture da britânica BP com o consórcio AAR, será comemorado sob nova direção, já que a petrolífera estatal Rosneft anunciou, na semana passada, a conclusão das transações para a compra de 100% da empresa conjunta.

O pagamento de 50% de propriedade da British Petroleum (BP) custou à Rosneft em torno de US$16,65 bilhões, mais 12,84% em ações próprias, e a outra metade pertencente ao consórcio AAR (Alfa Group, Access Industries, Renova) foi comprada por US$27,73 bilhões.

A petrolífera russa também pagará para os seus dois acionistas cerca de US$ 1 bilhão em juros, que ficaram acumulados desde o final do ano passado, quando os acordos foram celebrados. A Rosneft recebeu a aprovação de todos os órgãos reguladores, incluindo as autoridades antimonopólio da Rússia e Ucrânia, bem como da Comissão Europeia.

A empresa unificada produzirá o equivalente a 4 milhões de barris de petróleo por dia e suas reservas atingirão 28 bilhões de barris. Desse modo, a TNK-BP passa a ser a maior produtora de petróleo do mundo. Segundo as estimativas do Bank of America-Merrill Lynch, a expectativa de receita da empresa unificada para 2013 alcançará US$160,2 bilhões.

“A Rosneft já instituiu um comitê para a integração da TNK-BP e espera concluí-la dentro de um ano”, disse o consultor de Sétchin, Arkádi Samokhvalov, ao veículo corporativo da petrolífera russa. Com a conclusão do negócio, os executivos seniores da empresa deixarão a TNK-BP, e a companhia será comandada pelo primeiro vice-presidente da Rosneft, Eduard Khudainatov, atual responsável pela equipe de integração.

“Além disso,  os gerentes de negócios estratégicos da Rosneft irão supervisionar as suas contra-partes na TNK-BP”, declarou recentemente um porta-voz da Rosneft.

De passagem em Londres, o presidente da Rosneft, Igor Sétchin, fez uma visita oficial à sede da BP. Com a transação, a empresa britânica também torna-se a segunda maior acionista da Rosneft, depois do governo russo, com uma participação de 19,75%.

A criação da TNK-BP foi anunciada em Londres no ano de 2003. O acordo assinado pelo coproprietário do Grupo Alfa, Mikhail Fridman, e pelo diretor-executivo da BP, Lorde John Brown, na presença do presidente russo, Vladímir Pútin, e do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, concretizou a união das empresas e passou a vigorar dois meses mais tarde.

Planos futuros

Em breve, a TNK-BP poderá deixar de existir por completo. “Mas o controle da empresa unificada será difícil sem antes trazer a holding TNK-BP para o grupo [aproximadamente 5% de seu capital pertence a acionistas minoritários, o resto, à TNK-BP Limited, que está sendo adquirida pela Rosneft]”, adverte o chefe de pesquisa analítica da empresa Okritie Capital, Aleksandr Burganski.

A holding TNK-BP irá se tornar a maior subsidiária da Rosneft, respondendo por cerca de 40% da receita e aproximadamente US$ 10 bilhões em fluxo de caixa operacional por ano. “Além disso, a empresa deve ter atualmente acumulado mais de US$ 4 bilhões em seu balanço”, diz Burganski.

“Esse dinheiro pode ser pago na forma de dividendos. Mas, no futuro, será melhor consolidar em uma única ação”, acrescenta Burganski. O processo não deverá ser difícil para a empresa de controle estatal, já que todos os ativos antigos da Yukos foram repassados à Rosneft.

Ainda assim, o negócio provavelmente levará a uma deterioração de quase todos os principais indicadores de desempenho da Rosneft. Após a operação, os custos operacionais da empresa relacionados com a produção aumentarão de US$ 2,9 para US$ 3,7 por barril, e as despesas operacionais de refino, de US$ 3,04 para US$3,17 por barril. “Afinal, a maioria dos campos de exploração da TNK-BP estão se esgotando”, disse o analista da empresa Solid Investment Company,  Dmítri Lukachov.

A participação da empresa unificada no refino de petróleo será reduzida de 48,5 para 45%. “A redução de custos administrativos e de gerenciamento da TNK-BP são as mais esperadas consequências da fusão”, afirma Lukachov. Depois que Gazprom adquiriu Sibneft, por exemplo, esse tipo de despesa diminuiu quase pela metade, de US$1,83 bilhões em 2005 para US$ 1,05 bilhões no decorrer de 2008.

No início deste ano, a relação dívida líquida/EBITDA da Rosneft foi 1,2 e, após a aquisição da TNK-BP, deve chegar a 2,2, segundo as estimativas do analista. “Mas isso não acontecerá devido a grande alavancagem da TNK-BP, mas por causa do levantamento de fundos significativos pela Rosneft para financiar o negócio [sua participação em dinheiro chega a cerca de US$ 45 bilhões], arremata Lukachov.

Publicado originalmente pelo Vedomosti

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