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Os russos estão sempre propensos ao risco. Prova disso são resultados do desempenho econômico em 2012. Apesar da ameaça de uma nova onda da crise econômica global e notícias sobre os problemas das economias europeias, muitos dos russos continuaram fazendo compras, contribuindo positivamente para a dinâmica do PIB em 2012.
Segundo Maksim Vassin, analista da Agência Nacional de Rating, a demanda do consumidor foi o principal motor do crescimento econômico da Rússia no ano passado. Uma das provas mais marcantes disso é a manutenção do volume das vendas de carros novos.
Segundo estimativas preliminares, as vendas de eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos, inclusive computadores, equipamentos de escritório e telefones celulares cresceram a uma taxa de dois dígitos.
Dados do Serviço Federal de Estatística (Rosstat) mostram que, em 2012, a Rússia, com 3,4% de acréscimo do PIB, teve o melhor índice de crescimento econômico entre os países do G8 (Reino Unido, Alemanha, Itália, Canadá, Rússia, EUA, França e Japão) e o segundo melhor entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Os números integram relatório do Rosstat divulgado em fevereiro e elaborado com base em publicações do FMI (Fundo Monetário Internacional), Ocde (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Eurostat e dados de institutos nacionais de estatística.
“O resultado atingido pela Rússia no G8 era esperado. A crise europeia não chegou a ser sistêmica e não houve diminuição mais ou menos significativa dos preços no mercado de petróleo, gás e metais”, disse Vassin.
A recusa em aplicar medidas restritivas também teve efeito positivo. A taxa de refinanciamento permanece em níveis mínimos desde 2009, o que tem um efeito estimulante muito maior do que na crise de 2008-2009, disse a analista da empresa de investimento Zerich Capital Management Elena Chichkina.
Os outros líderes de crescimento do G8 foram os EUA (com um aumento de 2,2 % do PIB) e o Japão, cujo PIB cresceu 1,9%.
A economia alemã cresceu 0,7%, a britânica manteve-se no nível de 2011, enquanto as economias da Itália e da França registraram uma queda de 2,3% e 0,1%, respectivamente. O Rosstat não revela dados sobre a economia do Canadá em 2012, afirmando que, no terceiro trimestre do ano passado, ela cresceu 1,5%.
No Brics, o primeiro lugar foi ocupado pela China, cujo PIB cresceu 7,8 %. A Rússia tomou a dianteira da Índia, África do Sul e do Brasil.
Vale ressaltar que, no caso de Índia e Brasil, o Rosstat usou os dados referentes ao terceiro trimestre do ano passado, em que o PIB indiano cresceu 3,2% e o brasileiro, 1%.
Petróleo
Quase todos os analistas entrevistados pela Gazeta Russa afirmaram que o quadro poderia ter sido muito diferente não fosse o alto preço do petróleo, que, desde a crise de 2008-2009, subiu 150%.
"A única razão pela qual a Rússia não ficou no fosso da recessão foram os preços de recursos energéticos. Mesmo com todas as promessas ou, na linguagem do governo, planos estratégicos de diminuir o percentual das receitas com as vendas de petróleo para 5,6% do PIB, sua participação na receita total do país é pelo menos duas vezes superior à meta programada", disse o analista financeiro da empresa Aforex Artem Deev.
Em 2012, a Rússia teve a taxa de inflação mais alta (6,6%) entre os países do G8, perdendo o primeiro lugar no Brics para a Índia, que apresentou a taxa anual de 11,2%.
Especialistas duvidam que, em 2013, a Rússia consiga repetir o sucesso de 2012. No final do ano passado, toda uma série de setores econômicos russos registrou queda na produção e nas vendas.
“A economia russa continua abrandando o ritmo. Esse processo terá continuação nos próximos trimestres”, disse Chichkina.
"Os fatores fundamentais de crescimento econômicos são poucos. O Ministério da Economia prevê um aumento do investimento estrangeiro, dizendo que o país tem uma perspectiva fundamental. Enquanto isso, a saída de capitais já supera os valores previstos pelo Ministério da Economia e chega a US$ 60 bilhões [os dados são de um relatório do Banco Central]. Não vale a pena esperar uma inversão de tendência", completou a analista.
A Agência Nacional de Rating prevê a redução do ritmo de crescimento econômico em 2013 para 2,5%.
"A economia russa manterá o atual ritmo de crescimento se a conjuntura no mercado mundial de hidrocarbonetos for favorável ao país", disse Vassin.
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