Com aumento da produção de petróleo de xisto, EUA podem ultrapassar Rússia e Arábia Saudita

A empresa Rosneft possui 27 campos de petróleo "difícil" na Sibéria Ocidental. Foto: TASS

A empresa Rosneft possui 27 campos de petróleo "difícil" na Sibéria Ocidental. Foto: TASS

Em resultado da revolução energética do xisto, os EUA podem ultrapassar, ainda neste ano, a Rússia e a Arábia Saudita em produção de petróleo. Países europeus e asiáticos também serão beneficiados.

Com ao aumento da produção de óleo de xisto, o mercado global de energia está à beira de grandes mudanças ­–o preço do petróleo, por exemplo, pode cair drasticamente, dizem os analistas da consultoria PwC.

Nesse caso, o PIB da Rússia pode cair entre 1,2% e 1,8%. Os produtores de petróleo russos têm cinco anos, no máximo, para estabilizar a situação e recuperar o atraso em relação aos EUA.

Graças ao petróleo de xisto, em sete anos, os EUA aumentaram drasticamente a produção de hidrocarbonetos de 111 mil barris por dia em 2004 para 553 mil barris por dia em 2011. Como resultado, tiveram suas importações de hidrocarbonetos reduzidas para o nível mais baixo nos últimos 25 anos.

Segundo as previsões da PwC, em 2035, a produção diária de óleo de xisto pode chegar a 14 milhões de barris (12% do total da produção mundial de petróleo).

De acordo com o Departamento de Energia dos EUA, as empresas americanas irão produzir de 1,2 milhão de barris a 4 milhões de barris por dia.

Segundo dados do relatório anual “Energy Outlook 2030”, redigido pela empresa BP, devido ao rápido aumento da produção de óleo de xisto, os EUA podem, já neste ano, ultrapassar a Rússia e a Arábia Saudita em produção de petróleo.

Esse avanço dos EUA vai pressionar as cotações do petróleo no mercado internacional. Os analistas da PwC acreditam que, em 2035, os preços do petróleo serão 25% a 40% mais baixos e se situarão em torno de US$ 83 a US$ 100 por barril, ante os atuais US$ 133 dólares.

Os dados são da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.

PIB global

Em 2035, graças à produção de óleo de xisto, o PIB global pode aumentar entre 2,3% e 3,7% (entre US$ 1,7 trilhões e US$ 2,7 trilhões em relação ao PIB corrente).

As economias de alguns países também serão beneficiadas. Em particular, o PIB de alguns países importadores de petróleo, como a Índia e o Japão, pode crescer entre 4% e 7%, enquanto o PIB dos EUA, China, Alemanha e Reino Unido aumentará cerca de 2% a 5%.

"Grandes exportadores de petróleo, como a Rússia e países do Oriente Médio, poderão sofrer perdas significativas em uma perspectiva de longo prazo se não iniciarem a exploração de suas jazidas de petróleo de  xisto", afirma o economista-chefe da PwC e um dos autores do relatório, John Hoksuort.

Difícil acesso 

Especialistas russos, entretanto, utilizam um termo mais amplo, o de reservas de petróleo de difícil acesso, para designar o petróleo estocado não só nas camadas de xisto, mas também nas de argila e em outras rochas petrolíferas. As reservas petrolíferas de difícil acesso na Rússia são avaliadas em 25 bilhões a 50 bilhões de toneladas.

Quase todas as empresas petrolíferas russas têm projetos de extração de petróleo de difícil acesso, mas todos eles estão na fase inicial. As principais reservas de petróleo de xisto estão concentradas na Sibéria Ocidental e serão exploradas em conjunto por empresas russas e estrangeiras com a intenção de partilhar os riscos financeiros.

Uma fonte da TNK-BP disse à Gazeta Russa que a empresa está em contato com empresas líderes no segmento de serviços de petróleo, já que novas tecnologias têm importância fundamental para a exploração de jazidas de difícil acesso.

Como exemplo, ela citou os contatos da TNK-BP com a Schlumberger. Este ano, a TNK-BP pretende investir US$ 100 milhões no projeto piloto de exploração de jazidas de difícil acesso.

Se o projeto tiver sucesso, a produção extra é estimada em cerca de 4 milhões de toneladas entre 2013 a 2015. Segundo a empresa, a participação do petróleo "difícil" da TNK-BP é de cerca de 2% a 4% do total das reservas de petróleo da Rússia.

A empresa Rosneft possui 27 campos de petróleo "difícil" na Sibéria Ocidental. Suas reservas são avaliadas em 1,8 bilhões de toneladas. Desses, 23 campos serão explorados em conjunto com a empresa americana ExxonMobil e a norueguesa Statoil.

A empresa Salym Petroleum Development (uma joint venture da Gazprom-Neft e Shell) irá explorar a jazida de Verkhne-Salimskoe. A Gazprom-Neft tem planos para a jazida de Krasnoleninskoe, onde, em janeiro passado, começou a perfurar o primeiro poço.

Segundo as previsões da BP, até 2030, a participação do petróleo de xisto na produção total do país pode exceder 10%.

Segundo o analista do grupo financeiro IFD Kapital Vitáli Kriukov, o início da produção de petróleo nas jazidas de difícil acesso depende de uma série de fatores.

Em primeiro lugar, as empresas envolvidas precisam entender a geologia da extração de petróleo de difícil acesso, diferente de país para país. Nos EUA, por exemplo, essa geologia é mais fácil do que na China e na Rússia. Em segundo lugar, tais projetos devem desfrutar de incentivos fiscais, afirma o analista.

Atualmente, o governo está ajustando um projeto de lei que estabelece incentivos fiscais para os projetos em causa.

"As empresas russas estão ativas em relação à produção de óleo de xisto. Não será correto dizer que perdemos alguma coisa", disse o analista do Gazprombank Aleksandr Nazarov.

"Nossas reservas de petróleo comum ainda são grandes", completou.

Segundo o especialista, as emersas russas podem segurar o mercado e recuperar o atraso com os EUA em cinco anos. A única coisa que pode interferir negativamente nesse processo é o fraco apoio logístico às jazidas na Rússia em comparação com os EUA e Europa, disse o especialista. 

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