Indústria aeronáutica russa passa por turbulência

SSJ-100 Foto: sukhoi.org

SSJ-100 Foto: sukhoi.org

Problemas detectados durante operação do novo jato de passageiros da Sukhôi é sinal de alerta não só para a fabricante, mas para todo o setor.

Neste mês de fevereiro, a Agência Federal de Transportes Aéreos da Rússia (Rosaviácia) suspendeu a validade do certificado de autorização de voo de quatro dos dez aviões Sukhôi Superjet 100 (SSJ-100), operados pela Aeroflot, maior companhia aérea do país. A suspensão ocorreu após a agência detectar problemas técnicos nos trens de pouso e slats (dispositivos de hipersustentação auxiliar) da aeronave.

Duas semanas depois, a Rosaviácia concedeu uma nova permissão, com o risco de a empresa Sukhôi perder alguns de seus clientes internacionais caso o problema volte a acontecer.

Perspectivas da Sukhôi

Em 2013, a fabricante russa espera receber a certificação para a venda de seu jato de passageiros de maior alcance, SSJ100 LR, e, até o final de 2014, a autorização para operar seu avião de classe executiva, Sukhôi Business Jet (SBJ). Neste ano serão entregues cerca de 30 aviões, mas a expectativa é aumentar a taxa anual de produção para 60 aviões a partir de 2014.

 

De acordo com um relatório da Aeroflot, a companhia está insatisfeita com seu novo avião regional Superjet 100 que, no ano passado, foi responsável por 40% dos incidentes ocorridos com aeronaves da empresa.

Apesar de o porta-voz da Aeroflot se recusar a comentar tais informações, o relatório confirma a existência de problemas nos slats e trens de pouso, bem como alarmes falsos do sistema de ar condicionado.

Mesmo assim, o diretor da Rosaviácia, Aleksandr Neradko, declarou que a suspensão da validade do certificado não está mais em questão.

Os especialistas da agência nacional justificam que a paralisação do SSJ-100 pode desmotivar clientes, sobretudo estrangeiros, e aumentar o prazo de retorno dos recursos públicos investidos no projeto.

Cabe lembrar que os trabalhos de desenvolvimento contaram com investimentos no valor total de US$ 1 bilhão, dos quais US$ 414 milhões foram recursos públicos. “No início da fase de fabricação, os capitais aplicados no projeto já somaram cerca de US$ 2 bilhões, afirma o vice-presidente de finanças da empresa Sukhôi, Evguêni Konkov.

A fabricante Sukhôi se comprometeu a reparar as aeronaves por conta própria e indenizar as perdas financeiras sofridas pela companhia, no valor de cerca de US$ 50 mil por dia de paralisação de suas atividades, decorrentes dos problemas técnicos dos modelos SSJ-100.

SSJ-100

O avião regional SSJ-100 foi projetado para transportar, em sua versão básica, 95 passageiros a uma distância de até 3.048 km. Os primeiros clientes desse modelo foram a companhia aérea russa Aeroflot e a armênia Armavia.

Atualmente, a Sukhôi possui encomendas para o fornecimento de 174 aeronaves SSJ-100 a vários países, incluindo Indonésia, México e Laos.

Uma fonte da empresa declarou que a Aeroflot recebeu as aeronaves por US$ 16,6 milhões, embora o preço médio do avião fosse US$ 25 milhões. Os contratos atuais fixam o preço do modelo em US$ 27 milhões.

Para compensar o saldo negativo produzido pela venda de aeronaves com desconto à Aeroflot, a Sukhôi deve vender três aeronaves para cada avião vendido a essa companhia área, motivo pelo qual os lucros só serão sentidos em 2015.

Se a Aeroflot abandonar o SSJ-100, terá de comprar aeronaves regionais no exterior. Nesse caso, a empresa não conseguirá alcançar as metas de crescimento do fluxo de passageiros fixadas em seus planos, segundo as quais, este ano, o volume deve ser mantido no nível de 2012, quando o crescimento foi de 20,3%.

O presidente do conselho administrativo do Avia Solutions Group, Guediminas Jemialis, acredita que a Aeroflot pode precisar de SSJ-100 quando decidir criar uma subcompanhia aérea de voos econômicos.

“Hoje em dia, na Rússia, é justamente esse tipo de avião que pode garantir a rentabilidade de uma companhia aérea e oferecer passagens aéreas 30% mais baratas do que as companhias aéreas tradicionais”, diz o especialista.

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