Os planos da Rosneft na Venezuela

Diretor da petrolífera russa Rosneft, Igor Setchin (esq.), encontra-se com ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramirez (dir.), em Caracas. Foto: AP

Diretor da petrolífera russa Rosneft, Igor Setchin (esq.), encontra-se com ministro venezuelano de Energia e Petróleo, Rafael Ramirez (dir.), em Caracas. Foto: AP

Rússia já investiu US$ 25 bilhões na reserva Junin-6. Investimentos diretos russos na Venezuela deverão ser da ordem de US$16,7 nos próximos anos.

Mesmo com a doença do presidente venezuelano Hugo Chávez, a Rússia mantém o apoioao país, seu principal aliado na América Latina. Para demonstrar que os laços de amizade continuam firmes, na última quarta-feira (30), Ígor Sêtchin, diretor da petrolífera russa Rosneft, e o vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, leram na televisão do país latino-americano uma mensagem de melhoras enviada a Chávez pelo presidente russo Vladímir Pútin.

"Esta mensagem mostra que Vladímir Pútin luta junto com o povo da Venezuela pela recuperação do presidente", disseMaduro sobre a missiva.

O principal objetivo da visita de Sêtchin é deixar claro a Caracas que a Rosneft planeja aprofundar suas relações com a Venezuela. Além disso, o diretor da Rosneft declarou que a Venezuela é o principal focoda petrolífera russa na América Latina.

"Nossos projetos de longo prazo estão desenvolvendo. Nenhuma circunstância externa irá afetá-los”, declarou Sêtchin. “Quanto a outros fatores, como a doença do presidente, estamos convencidos de que Hugo Chávez irá se recuperar”, completou.

Durante a visita de Sêtchin a Caracas, foram assinados cinco acordos para extração de petróleo e de gás, com criação de uma joint venture e fornecimento de equipamentosrussos para perfuração.

Sêtchin declarou que investirá cerca de US$ 10 bilhões em projetos na Venezuela nos próximos anos. Segundo o ministro do Petróleo venezuelano, os investimentos totais irão ultrapassar os US$ 47 bilhões. Desses, US$ 16,7 bilhões serão investimentos provenientes diretamente da Rússia.

Mais petróleo aos russos

Além da Rosneft, outras três petrolíferas russas também têm projetos na Venezuela: Lukoil, Surgutneftegaz e Gazprom. Elas exploram as jazidas Junin-6 (cujas reservas variam de 7 a 8,5 bilhões de toneladas de petróleo), em parceria com a estatal Petróleos de Venezuela S.A.

A Rússia é representada no país pelo “Consórcio Nacional de Petróleo”, criado em 2008 por iniciativa de Sêtchin - então vice-presidente do complexo de combustível e energia da Rússia.

O consórcioinvestiu US$ 1 bilhão para entrar no projeto venezuelano, enquanto as despesas totais no projeto Junin-6 ultrapassam os US$ 25 bilhões. A perspectiva é de que se possam extrair dessa jazida 450 mil barris de petróleo por dia.

Ainda em setembro de 2012, Sêtchin assinou em Caracas um acordo sobre a criação de uma joint venture para explorar a jazida Carabobo-2 na região do Orinoco.

As reservas de petróleo dessa jazida podem chegar a 5,1 bilhões de toneladas, e a extração máxima diária será de cerca de 400 mil barris. O volume de investimentos russos no projeto é de cerca de US$ 16 bilhões.

Outros ventos

Além da cooperação na exploração de jazidas, a Rosneft planeja melhorar as relações com a Venezuela no âmbito de energia, infraestrutura e fabricação de dispositivos de perfuração.

Essesinvestimentossão financiadospor bancos russos e linhas de crédito de bancos estrangeiros", declarou Sêtchin à agência de notícias Bloomberg.

Mas com a doença de Chávez, os contratos bilionários que o país tem com a Rússia poderão ser revisados, conforme já anunciou Enrique Capriles, rival de Hugo Chávez nas últimas eleições presidenciais. No campo do petróleo, porém, pouca coisa deve mudar, como aponta Zbignec Ivanóvski, pesquisador-chefe do Instituto Latino-americano da Academia de Ciências da Rússia.

Capriles considera que a Venezuela não precisa da enorme quantidade de armas que Chávez compra da Rússia. Mas é pouco provável que algum outro líder da Venezuela mude significativamente as relações com a Rússia no âmbito de extração de petróleo e gás”, diz Ivanóvski.

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