Membros de equipes chinesa e russa durante cerimônia de encerramento dos Jogos Militares Internacionais, em Novosibirsk
Aleksandr Kriajev/RIA NôvostiOs ministérios dos Negócios Estrangeiros russo e chinês concordaram em manter um equilíbrio estratégico de forças no nordeste da Ásia e combater juntos o sistema de defesa antimíssil dos EUA, THAAD, que será implantado na Coreia do Sul.
De acordo com os órgãos, as capacidades do sistema global de defesa antimísseis dos EUA, e em particular de sua componente europeia, excedem as exigências de defesa.
O programa de mísseis balísticos da Coreia do Norte está em seus primórdios, enquanto o Irã, contra quem o sistema de defesa antimísseis dos EUA na Europa é ostensivamente dirigido, não é mais uma ameaça séria desde que os acordos sobre o programa nuclear de Teerã foram alcançados, segundo o tenente-general Víktor Poznihir, chefe do principal departamento operacional do Estado-Maior russo.
“Sob o pretexto de contrapor o que os americanos alegam ser ameaças de mísseis norte-coreanos e iranianos, está sendo implantado um sistema que visa principalmente a neutralizar e ameaçar mísseis russos e chineses”, afirma Poznikhir.
Proteção à Coreia do Sul
“A decisão de implantar um sistema de defesa antimíssil dos EUA foi tomada há dois anos para proteger a Coreia do Sul de seu vizinho ao norte, e é um poderoso sistema capaz de atingir mísseis balísticos inimigos pouco após serem lançados”, diz Aleksêi Maslov, do departamento de Estudos Orientais da Escola Superior de Economia.
O sistema THAAD foi desenvolvido pelo gigante de defesa americano Lockheed Martin e é eficaz contra mísseis de curto alcance (até 800 quilômetros).
“O sistema será implantado logo na fronteira com Coreia do Norte, mas alguns elementos serão posicionados pelo território sul-coreano”, explica Maslov. “Com isso, haverá várias linhas de defesa”, completa.
O radar do sistema irá cobrir uma área com um raio de quase mil quilômetros, o que significa que também se estenderá por partes do território russo e chinês.
O THAAD dispõe de sistemas de mísseis terra-ar americanos Patriot, bem como o sistema Aegis Ashore, com sistemas de lançamento MK-41 para mísseis interceptores SM-3. “Essas ogivas podem destruir satélites em órbita terrestre baixa”, diz Maslov.
Preocupação em dupla
“A China e a Rússia estão descontentes com o fato de que os americanos estão implantando um sistema que interfere nas infraestruturas militares de ambos os países, em vez de os EUA abordarem conjuntamente a questão da Coreia do Norte”, explica Dmítri Safonov, especialista militar do jornal “Izvêstia”.
Segundo ele, os sistemas de lançamento MK-41 podem ser equipados não só com mísseis interceptores SM-3, mas também com mísseis de cruzeiro Tomahawk, cujo alcance efetivo chega a 2.500 quilômetros. “Assim, um sistema de defesa antimísseis pode facilmente se transformar em um ataque ofensivo”, afirma.
Ambos os especialistas concordam que a postura de Washington estaria obrigando Moscou e Pequim a cooperar e desenvolver um sistema de defesa antimíssil conjunto.
“Temos realizado uma série de conversações com os chineses sobre essa questão, e os dois países estão trabalhando em um plano de ação conjunta”, diz Safonov. “Eles também estão considerando realizar um exercício conjunto de defesa contra mísseis, uma vez que é necessário estar preparado”, acrescenta.
Dor de cabeça para China
Não são todos os analistas, porém, que acreditam que a Rússia adotará uma política agressiva na tentativa de contrapor o sistema de defesa de mísseis dos EUA na Coreia do Sul. Para Víktor Murakhóvski, editor-chefe da revista “Arsenal Otetchestva” (Arsenal da Pátria), Moscou não deverá implantar forças adicionais no Extremo Oriente da Rússia nem direcionar seus mísseis contra elementos do sistema THADD.
“O sistema THAAD na Coreia do Sul não é estratégico, mas sim tático, e não representa uma ameaça direta à Rússia, porque nossas forças de ataque são implantadas a uma distância que excede consideravelmente sua capacidade”, explica Murakhóvski. “Ele é mais dor de cabeça para a China, porque suas forças nucleares estratégicas ainda são bastante limitadas em termos de número e capacidade.”
Ainda segundo o jornalista, a expectativa é que a liderança chinesa discuta essa questão com os EUA, de modo que o desenvolvimento de um conceito de defesa conjunta de mísseis com a Rússia seria “apenas um plano B”.
“Em relação à Coreia do Norte, o Kremlin vai buscar soluções políticas e diplomáticas em vez de militares”, diz Murakhóvski. “Vamos tentar retomar as negociações em seis sentidos sobre o programa nuclear de Pyongyang, com a participação das principais potências do mundo.”
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