Coleção de contos folclóricos russos e brasileiros será distribuída para bibliotecas dos dois países

Cena do filme soviético “Morozko”, de 1965.

Cena do filme soviético “Morozko”, de 1965.

Aleksander Rou/Gorky Film Studio, 1965
“Iara” e “Curupira” são algumas das histórias que chegarão às crianças na Rússia. Do lado russo, conto de fadas eslavo “Morozko” teve que ser reescrito para leitores brasileiros.

Uma nova coleção ilustrada de contos folclóricos russos e brasileiros foi apresentada na semana passada em Uliánovsk. A publicação contém dez contos: cinco russos e cinco brasileiros, todos em russo e em português.

Os contos de fadas russos que figuram no livro são “Morozko”, “Kolobok”, “Teremok”, “Masha e o Urso” e “Mingau de Machado”. Já os contos folclóricos brasileiros incluem “Caipora”, “Iara”, “Saci Pererê”, “Boitatá” e a história sobre o espírito protetor da floresta “Curupira”.

“O principal objetivo da publicação é contar às crianças a cultura de outro país por meio de contos de fadas”, disse a gerente de projetos de cooperação internacional juvenil “Rússia-Brics”, Kira Ivanova, à agência de notícias Tass. “A Rússia e o Brasil são distantes, separados por um oceano, sabemos pouco um do outro. Os contos de fadas são uma ferramenta ideal para estudar a vida dos povos, sua cultura e história”, acrescentou.

Os autores da publicação, no entanto, tiveram que adaptar um dos contos de fadas russo, intitulado “Morozko”, já que as crianças no Brasil o acharam muito cruel e incompreensível, segundo Ivanova.

Esta história é basicamente uma versão eslava de Cinderela que inspirou uma famosa adaptação cinematográfica soviética, geralmente exibida na TV durante a época de Ano Novo. Uma madrasta malvada não gosta da enteada Marfusha (no filme, ela se chama Nastenka) e pede ao marido (ou seja, o pai da menina) que a leve para a floresta no inverno e a deixe lá para morrer.

A madrasta, porém, ama muito suas próprias filhas, meio-irmãs de Marfusha, que sonham apenas em se casar o mais rápido possível.

Na floresta, Marfusha é encontrada pelo mágico Morozko, que pergunta três vezes se ela está aquecida. A menina, embora tremendo de frio, responde que sim, e Morozko, tocado por sua modéstia, a salva e a presenteia com objetos caros e um casaco de pele. Marfusha volta para casa e surpreende a todos.

O destino da menina deixa a madrasta malvada com inveja, por isso ela decide levar suas próprias filhas mimadas para a floresta. Como a mãe e as duas filhas não são gentis com Morozko, ele não as ajuda a sair da floresta — deixando-as congelar no frio até a morte. Talvez, a versão mais famosa do mesmo conto seja “Doze Meses”, de Samuil Marshak.

“[Os leitores brasileiros] ficaram indignados com o fato de que as meninas russas só sonhavam em se casar. O Brasil tem uma sociedade mais emancipada, a necessidade de se casar não é ensinada às crianças. O fato de Morozko ter desviado a madrasta e suas filhas e elas terem se perdido na floresta de inverno também pareceu cruel, e [os leitores brasileiros] pediram para criar um final feliz para esse conto de fadas”, explicou Ivanova.

Segundo ela, após a adaptação desse conto de fadas, a publicação se tornou aceitável para crianças de qualquer idade. “Diversos exemplares do livro serão doados para bibliotecas da Rússia e do Brasil. Todos os contos de fadas estão disponíveis tanto em russo como em português”, disse Ivanova à Tass.

A publicação da coleção de contos folclóricos russos e brasileiros é resultado do projeto conjunto russo-brasileiro chamado “Conto de Fadas - Skazki”, promovido pelo Escritório de Projetos de Cooperação Internacional da Juventude “Rússia-Brics” e pelo Parlamento Mundial da Juventude do Brasil.

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