Todo o burburinho foi gerado por causa do enredo: trabalhadores exaustos e esfarrapados aparecem puxando uma barcaça ao longo da margem do rio Volga. Ao mesmo tempo, um rebocador (barco) novo em folha pode ser visto ao fundo, porém distante — como uma espécie de zombaria dos esforços incríveis que eles estão fazendo para puxar a embarcação ao longo do rio.
Os rebocadores de barcaças arrastavam os navios contra o fluxo do rio. Esse tipo de trabalho era realizado, por exemplo, em locais onde era impossível a passagem de animais de tração. Reunidos em um trançado, os carregadores de barcaças caminhavam ao longo da faixa costeira e arrastavam o barco com a ajuda de um cabo. Eles eram recrutados na proporção de oito pernas — mil “puds”. Ou seja, quatro pessoas puxavam 16,38 toneladas.
Como é que Répin decidiu recorrer a essa temática? Como estudante da Academia de Artes, ele embarcou em um navio a vapor para fazer um esboço no assentamento de Ust-Ijora. Lá, Répin se deparou com os “burlaks” (como eram chamados, em russo, esses trabalhadores). Tendo em conta o cenário ao fundo, eles pareciam, para dizer o mínimo, um tanto selvagens e sombrios. O jovem artista ficou impressionado com o contraste e imediatamente decidiu pintar um quadro. Seguindo o conselho de um amigo, ele partiu em uma viagem ao longo do rio Volga, onde fez esboços para a tela, conversou com os “burlaks” e pôde também observar o seu trabalho.
Répin chegou a admitir que, antes de tudo, ficou interessado no contraste externo. “Devo confessar, francamente, que não estava nem um pouco preocupado com a questão da vida e da estrutura social dos contratos entre os transportadores de barcaças e seus proprietários; pedi apenas que dessem alguma seriedade à sua causa. O que são todos os romances e todas as histórias diante dessa imagem! Meu Deus, quão maravilhosamente sua cabeça está amarrada com um trapo (…) e o principal é a cor de seu rosto!”, disse.
O efeito, porém, superou todas as expectativas: o artista foi tanto criticado como elogiado por seu realismo. Surgiu, assim, um comprador para a pintura — ninguém menos que o próprio grão-duque Vladímir Aleksandrovitch, que a adquiriu por 3.000 rublos e a colocou na sala de bilhar do Palácio de Vladimir. O grão-duque contava alegremente aos convidados sobre os personagens da pintura, apreciando o efeito produzido.
Até 1918, a tela ‘Rebocadores do Volga’ permaneceu na mansão do grão-duque e depois foi transferida para o Museu Russo, onde continua exposta até hoje.
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