7 obras-primas de Boris Grigoriev que você deveria conhecer (FOTOS)

Cultura
SVETLANA IANKINA
Este artista russo, muito popular no Ocidente nas décadas de 1920 e 1930, foi até recentemente quase esquecido em seu próprio país. E muitas de suas obras foram consideradas perdidas.

‘Flores’ (painel decorativo), 1916

Boris Grigoriev nasceu em Moscou, mas estudou e iniciou sua carreira na Academia de Artes de São Petersburgo. Um dos colecionadores de destaque da capital da época era Aleksandr Korovin, dono de lojas têxteis e conhecedor das artes. Ele foi um dos primeiros a comprar as obras de Grigoriev, teve aulas de pintura com ele e os dois se tornaram amigos. Um lugar de destaque na casa esteticamente artística de Korovin foi atribuído para um retrato vibrante de Vsevolod Meyerhold pintado por Grigoriev. É muito provável que este painel da Galeria Tretiakov, que tem o nome do colecionador como sua procedência, também estivesse exposto em sua casa.

‘A Rua das Loiras’, 1917

Grigoriev começou a viajar para o exterior quando ainda era estudante. Primeiro, visitou os parentes de sua mãe na Suécia (era filho ilegítimo de Clara von Lindenberg e do banqueiro Dmítri Grigoriev e foi adotado pela família de seu pai aos quatro anos). Em 1913, o aspirante a artista viajou para Paris onde, durante quatro meses, estudou na particular Académie de la Grande Chaumière, imerso em estudos preparatórios para um concurso de pintura na Academia de Artes. Ali também foram iniciadas várias séries que retratam cenas do cotidiano de cantores, dançarinos, artistas de circo e prostitutas parisienses. Todas essas obras foram posteriormente incluídas na série “Intimidade” (do francês, Intimité) e também no livro homônimo publicado em 1918. A pintura “A Rua das Loiras”, representando uma mulher parisiense à noite, foi a primeira página dupla no livro.

‘A Aldeia’, 1918

Entre os anos 1916 e 1918, às vésperas e após a Revolução Bolchevique, que dividiu a vida de muitos (incluindo o próprio Grigoriev e o editor Aleksandr Burtsev, que lhe fez suas primeiras encomendas) em pré e pós, o artista trabalhou em pinturas e desenhos da série “Rússia”. As obras foram exibidas em Petrogrado e Moscou e publicadas em um álbum homônimo lançado em 1918. Os protagonistas da série são moradores de aldeias do norte da Rússia, mas as autoridades não gostaram da maneira como ele os representou; por isso, o álbum ficou proibido até o desmantelamento da URSS. Grigoriev deixou o país junto com sua família em 1919 e concluiu os trabalhos da série em exílio no exterior, onde foi publicada outra versão ampliada do álbum. A série em si se tornou uma das obras-chave na produção criativa do mestre.

‘Rostos da Rússia’, 1921

Grigoriev se saiu muito bem no exterior — nenhum de seus compatriotas foi, talvez, tão popular e exibido com tanta frequência no Ocidente. O pintor até escreveu sobre isso: “Agora sou o mestre número um do mundo. Não peço desculpas por essas palavras. Você tem que saber quem é, caso contrário não saberá como agir”. A enorme tela “Rostos da Rússia” foi pintada na época em que se mudou de Berlim para Paris e tinha tanto significado para Grigoriev que ele jamais se desfez dela, exceto para exposições em Paris e Nova York.

‘Retrato de Aleksêi Maksimovitch Górki [Maksim Górki]’, 1926

Muitas das figuras proeminentes da cultura russa do início do século 20 queriam posar para Grigoriev. O artista criou uma galeria substancial de retratos de contemporâneos célebres. Os poetas Serguêi Iessênin e Velimir Khlebnikov, os artistas Iliá Repin e Nicholas Roerich, o diretor de teatro Vsevolod Meyerhold e o cantor de ópera Fiódor Chaliapin representam uma pequena amostra de seus modelos. Grigoriev trabalhava meticulosamente, desenhando o rosto, os movimentos e as cores. Os retratos eram então concluídos sem a presença dos modelos: “Uma impressão pode fazer mais do que trabalhar a partir do real”, explicou. No retrato de Górki, o artista colocou o escritor, que posou para ele em Capri, entre os personagens de sua própria peça “O submundo” — que Grigoriev havia visto anos antes, quando o Teatro de Arte de Moscou estava em turnê em Paris.

‘Os Andes’, 1928-29

Grigoriev prosperou tanto que pôde comprar uma casa na Costa Azul francesa. A villa chamava-se ‘Borisella’, uma combinação dos nomes dos seus proprietários – Boris e a esposa, Ella. Mas ele não se mudou de imediato: em 1928, recebeu o convite para ser professor na Academia de Pintura de Santiago. Embora sua carreira no Chile não tenha ido adiante, Grigoriev conseguiu fazer uma exposição na Argentina e viajar pela América Latina, pintando diversas obras sobre suas viagens. Depois voltou para região novamente no final da década de 1930, oriundo dos EUA.

‘O Inspetor do Governo’, 1935

A tela “O Inspetor do Governo”, assim como a série de ilustrações de “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoiévski, é uma das obras que o público russo jamais tinha visto antes. As obras foram adquiridas em leilões no Ocidente por Viktor Vekselberg para sua Fundação Link of Times. Este trabalho tardio, concretizado pouco antes da morte do artista, é uma espécie de resumo da sua carreira criativa na arte da ilustração impressa, iniciada nos anos de estudante, quando ilustrou os clássicos russos para a editora de Aleksandr Burtsev. A pintura fazia parte da série ‘Rostos da Rússia’, que era uma espécie de continuação de ‘Rússia’.

A exposição retrospectiva da obra de Boris Grigoriev ‘O Mestre Número Um do Mundo’ foi inaugurada na nova ala do MuseuFabergé em São Petersburgo e ficará em cartaz até 28 de janeiro de 2024.

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