5 edifícios icônicos do homem que projetou o Mausoléu de Lênin

Cultura
ANNA POPOVA
Protegido do artista Iliá Repin, o arquiteto Aleksêi Schusev é hoje conhecido sobretudo por ser o gênio responsável pelo local de descanso final de Lênin na Praça Vermelha de Moscou. Porém, além dessa obra-prima, ele tem vários projetos monumentais em seu currículo.

  1. Convento Marfo-Mariinski, 1908-1912

Schusev começou sua carreira projetando obras arquitetônicas para conventos ortodoxos. Um de seus primeiros trabalhos foi o Mosteiro Alexandre Nevsky e a iconóstase Uspenski no Mosteiro de Kiev-Petchersk. Em 1908, o arquiteto recebeu a ordem de criar o Convento Marfo-Mariinski para a Catedral da Santa Proteção (Pokrovski) em Moscou, recém-estabelecido pela grã-duquesa Isabel Feodorovna (irmã de Aleksandra Feodorovna, a última imperatriz da Rússia). Para fazê-lo, Schusev revisitou as tradições e estilos medievais de Pskov, Moscou e Novgorod. O contorno da Catedral Pokrovski, com seus dois campanários, é uma releitura de uma das antigas igrejas do Kremlin – o Salvador no Bor. O convento era usado para eventos como leituras e missas celebrativas. 

  1. Estação Ferroviária Kazanski, 1911-1940

Formas assimétricas, grandes detalhes, motivos russos antigos – o estilo de Schusev foi uma característica notável do modernismo russo. Em 1910, o arquiteto decidiu participar do concurso para projetar a nova Estação Kazan em Moscou. Os participantes foram convocados a produzir uma “porta de entrada para o Oriente” que combinasse recursos visuais asiáticos e europeus. O maior rival de Schusev era outro arquiteto famoso, Fiódor Schekhtel, mas o painel de avaliadores deu preferência a Schusev. Foi o projeto de construção do século – como se outro Kremlin tivesse surgido, com muitos edifícios de aparência díspar. Há uma torre que lembra a Suiumbike de Kazan, telhados pontudos e assim por diante. Muitas das ideias de Schusev só foram concretizadas no período pós-soviético: a Torre do Tsar, por exemplo, só foi erguida em 1997, após uma década de reforma.

  1. Mausoléu, 1924-1930

Depois da Revolução de 1917, o talento e a habilidade de Aleksêi Schusev estavam em alta, e ele foi selecionado para criar o primeiro plano geral para o desenvolvimento da Moscou pós-tsarista, além de trabalhar no que mais tarde viria a se tornar o complexo de exposições VDNKh, na zona norte da capital russa.

Em 1924, ele recebeu uma ordem excepcional: erguer um local temporário de descanso e visitação do corpo de Lênin na Praça Vermelha – e fazê-lo em três dias (sem pressão!). O projeto deveria se encaixar no contexto geral da Praça Vermelha. Rapidamente surgiu uma ideia: fazer um pequeno mausoléu com estrutura de madeira e a inscrição lacônica: “Lênin”.

A construção da versão em pedra começou em 1925, com granito vermelho, pórfiro e labrador (tipo de granito) cinza e preto. O prédio foi construído de forma que o fluxo de pessoas fosse contínuo – depois de ver o sarcófago, o visitante dá uma volta para sair pela esquerda. Na época, o arquiteto se referiu à obra como “a luta criativa mais maravilhosa da minha vida”.

  1. Hotel Moskva (Moscou), 1932-1935

Schusev nunca usou uma régua sequer e apenas trabalhava à mão, alegando que isso dava vida a seus projetos de maneira excepcional. Graças a essa abordagem foi possível encontrar soluções para problemas complexos. O Hotel Moskva, na Praça Vermelha, foi um desses exemplos. Pelo projeto inicial, deveria ser um edifício de estilo construtivista, conforme proposto pelos colegas de trabalho de Schusev, Osvald Stapran e Leonid Saveliev. No entanto, não combinava com os bairros históricos da cidade nos entornos, e um prédio que ocupava um quarteirão inteiro não deveria ter um exterior tão pesado. Como resultado, Schusev foi chamado para socorrer o projeto.

O arquiteto optou por deixar o esqueleto construtivista, acrescentando elementos neoclássicos com um grande pórtico de oito colunas e uma varanda – e, claro, as famosas torres assimétricas. Reza a lenda que isso ocorreu porque Stálin, ao dar sua aprovação, colocou sua assinatura bem no meio do planta. A explicação real, porém, é muito mais simples: o Hotel Moskva deveria abrigar também o antigo Grand Hotel. Por isso, as paredes do prédio tiveram que ser reforçadas para acomodá-lo.

  1. Estação de metrô Komsomolskaya, 1947-1952

A estação Komsomolskaya na linha Circular do metrô de Moscou foi uma das últimas obras de Schusev. Situada no cruzamento de três das estações ferroviárias da capital, deveria impressionar os visitantes de Moscou ao chegarem de outras cidades. Um grande saguão central com fileiras de colunas de mármore foi construído no estilo tradicional russo, que Schusev costumava utilizar em suas outras obras. A decoração também se enquadra na temática da luta soviética pela liberdade e vitória na Segunda Guerra Mundial. Não faltam mosaicos com imagens de líderes militares, de Aleksandr Nevsky a Mikhail Kutuzov.

A exposição “Aleksêi Schusev. Arquiteto, Artista, Diretor. Dedicada ao 150º Aniversário” está em cartaz na Galeria Tretyakov, em Moscou, até 14 de maio de 2023.

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