Os 5 melhores filmes russos de todos os tempos, segundo o Instituto de Cinema Britânico

A still from Tarkovsky's 'Mirror'

A still from Tarkovsky's 'Mirror'

Andrei Tarkóvski/Mosfilm, 1975
A conceituada revista ‘Sight & Sound’, publicada pelo Instituto de Cinema Britânico (BFI), revelou a mais nova edição do ranking dos Melhores Filmes de Todos os Tempos. E seria inimaginável sem as obras atemporais desses clássicos russos.

Uma vez a cada década desde 1952, a equipe editorial da ‘Sight & Sound’, revista publicada pelo Instituto de Cinema Britânico (BFI), convida críticos de cinema, programadores e curadores de todo o mundo para participar de uma votação para determinar os melhores filmes já produzidos. A cada dez anos, essa lista é enfim renovada. O mais recente ranking foi revelado neste mês de dezembro e inclui cinco filmes russos.

  1. Andrei Rublev (Andrei Tarkovsky ou Tarkóvski, 1966)

67º lugar

“O retrato épico de Andrei Tarkovsky de um artista medieval pode ser a representação mais dolorosa de crença, criatividade e busca por sentido já filmada”, escreve a ‘Sight & Sound’.

No Estado soviético ateu, o grande e progressista diretor de cinema Andrei Tarkovsky fez um filme sobre o pintor de ícones medievais que é considerado um santo na Igreja Ortodoxa Russa. Apesar de todos os embates com a censura soviética e críticas pela melancolia, este filme é agora considerado uma das maiores obras de Tarkovsky – e da Rússia.

Definido como um longa episódico, apresenta oito momentos distintos da vida de Andrei Rublev. O artista errante e pintor de ícones mostra-se cheio de fé, embora cercado por um mundo sombrio e bárbaro do século 15.

4. O Encouraçado Potemkin (Serguêi Eisenstein, 1925)

54º lugar

“O drama politizado de Serguêi Eisenstein, de motim e repressão protorrevolucionária, frequentemente citado, porém ainda poderoso em seus efeitos de montagem.”

Outro filme icônico, frequentemente incluído em todas as possíveis classificações de melhores filmes de todos os tempos (e também figura na lista da ‘Sight & Sound’ de 1952).

Em 1905, os marinheiros do navio de guerra Potemkin estacionado no porto da cidade de Odessa (então parte do Império Russo), se revoltam, porque não dispõem de alimentos, além de carne com vermes. A polícia reprime agressivamente a revolta e os locais que demonstram apoio aos marinheiros. Este evento foi um dos primeiros sinais da revolução na Rússia. O filme de Eisenstein foi rodado em 1925 para celebrar o 20º aniversário do levante.

‘O Encouraçado Potemkin’ é um clássico do cinema mundial. A icônica cena de soldados marchando pelos degraus de Odessa foi reimaginada por diversos longas subsequentes. 

  1. Stalker (Andrei Tarkovsky, 1979)

43º lugar

“Dois homens recrutam um guia para levá-los à ‘Zona’, um reino misterioso onde os desejos mais íntimos se tornam realidade, neste épico metafísico de ficção científica.”

Este longa de ficção científica de Tarkovsky é baseado no romance dos irmãos Strugatsky  ‘Piquenique na Estrada’. Em um mundo fictício, o protagonista, Stalker, ganha dinheiro liderando passeios ilegais na chamada ‘Zona Morta’. Esta é uma área de perigo oculto que contém uma sala na qual os visitantes acessam os seus desejos mais íntimos.

Segundo a trama, Stalker parte para a zona com o Escritor e o Professor. Os caminhos ao longo dessa área desolada – tanto um estado de espírito quanto um lugar físico – só podem ser sentidos, não vistos, neste labirinto metafísico.

No filme de Tarkovsky, o mundo da fantasia se transforma em uma paisagem mística a cada cena, criando com precisão a atmosfera de perigo da nebulosa ‘Zona’.

  1. O Espelho (Andrei Tarkovsky, 1975)

31º lugar

“O cinema alcançou novos patamares de poesia visual neste filme elíptico, profundamente pessoal, do mestre de ‘esculpir no tempo’.”

‘O Espelho’ está repleto de memórias autobiográficas de uma infância rural antes da Segunda Guerra Mundial. A abordagem caleidoscópica do filme não oferece uma narrativa linear – combinando incidentes, sonhos e memórias com cenas de noticiários.

Neste longa, a linguagem cinematográfica de Tarkovsky é a mais próxima da poesia que o cinema pode chegar. O filme também reproduz poemas de Arsêni Tarkovsky, pai do diretor, que foi um respeitado poeta da época soviética.

No ranking, ‘O Espelho’ divide sua posição com ‘8½’, de Federico Fellini, também cheio de memórias, sonhos e fantasias, e com o famoso ‘Psicose’, de Alfred Hitchcock.

  1. Um Homem com uma Câmera (Dziga Vertov, 1929)

9º lugar

“A invenção sem fim e a montagem frenética e vertiginosa fazem desta sinfonia da cidade uma das experiências mais nítidas e emocionantes do cinema quase um século após o seu lançamento.”

‘Um Homem com uma Câmera’ não tem narrativa, somente mostra a vida na cidade pelas lentes de um cinegrafista. Este foi o primeiro filme do tipo, uma afirmação e uma experiência corajosa da então novíssima arte do cinema.

Dziga Vertov é um dos pioneiros mundiais do documentário. Este russo foi o primeiro a considerar o filme como um artefato independente da performance teatral ou um documento histórico. Vertov considerava que a impressão de um filme sobre o espectador não estava relacionada aos atores em frente à câmera. Ele percebeu e promoveu a ideia de que o filme poderia causar uma impressão ainda mais intensa por meio do ritmo que os diferentes planos e close-ups alternam e com o uso de câmera lenta e rápida.

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