7 principais diferenças entre o catolicismo e o cristianismo ortodoxo

Cultura
IGOR ROZIN
O Grande Cisma no ano de 1054 dividiu os cristãos em igrejas ortodoxa e católica. Aqui estão as principais diferenças entre esses dois segmentos do Cristianismo.

“O que imediatamente chama a atenção ao entrar na maioria das igrejas ortodoxas é a abundância de ornamentos dourados, relíquias sagradas, ícones, afrescos”, diz o francês Erwann, que vive na Rússia. Mas não são apenas as decorações que ajudam a diferenciar as igrejas ortodoxas das católicas. “Depois, percebe-se a ausência de bancos, que nas igrejas católicas ocupam a maior parte do espaço. Nas igrejas russas, eles geralmente estão localizados apenas ao longo da parede perto da porta de saída”, continua Erwann.

É interessante que os bancos nas igrejas católicas tenham a ver com algumas peculiaridades da missa na igreja católica – já na missa ortodoxa, os bancos seriam inconvenientes. Abaixo explicamos essa diferença e outras mais óbvias entre o catolicismo e o cristianismo ortodoxo.

Atualmente, existem cerca de 1,34 bilhão de católicos batizados em todo o mundo, segundo as estatísticas fornecidas pela Santa Sé, e cerca de 220 milhões de membros batizados da Igreja Ortodoxa Oriental, de acordo com a BBC. No caso da última, a Igreja Ortodoxa Russa é a maior igreja autocéfala (autogovernada), que compreende mais de 112 milhões de membros em todo o mundo, perdendo apenas para a Igreja Católica Romana em termos de número de seguidores. Em 2021, o Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Rússia (VTsIOM) estimou que 66% dos russos eram cristãos ortodoxos.

  1. Líder da Igreja

Os cristãos ortodoxos consideram Jesus Cristo como o líder da Igreja, enquanto a Igreja Católica Romana é chefiada pelo Papa, sob o título de Vigário de Cristo. Isso se baseia na ideia de que o apóstolo Pedro recebeu autoridade plena e absoluta sobre toda a Igreja de Jesus Cristo. Em seguida, Pedro se tornou o primeiro bispo de Roma, transferindo esse poder para seus sucessores e discípulos – os bispos de Roma. O status do Papa está incorporado nos conceitos de primazia papal (sobre todos os outros bispos e suas sedes episcopais) e infalibilidade papal. A Igreja Ortodoxa, ao contrário, considera todos os bispos e arcebispos meros mortais vocacionados e ordenados para realizar cerimônias religiosas.

  1. Celibato para os sacerdotes

Na Igreja Católica Romana, padres e bispos devem observar o celibato antes e depois da ordenação, enquanto os diáconos devem observá-lo apenas após a ordenação. Já na Igreja Ortodoxa Russa, os diáconos e sacerdotes devem observar o celibato somente após a ordenação, o que significa que eles podem se casar.

No entanto, se suas esposas falecerem antes deles, diáconos e sacerdotes ortodoxos não podem se casar novamente. Também na Igreja Ortodoxa, os bispos devem ser monges, e por isso devem observar o celibato antes e depois de sua ordenação.

  1. Os padres ortodoxos usam barba

Tradicionalmente, os padres ortodoxos usam barba, porque “os sacerdotes não raparão a cabeça, nem apararão as pontas da barba, nem farão cortes no corpo”, segundo Levítico, 21:5. Além disso, Jesus Cristo é retratado em todos os lugares como tendo cabelos compridos e barba, e todos os reis e profetas bíblicos usavam barba. Já os padres católicos não usam barba, porque o Papado está localizado em Roma, com sua cultura de barbearia.

  1. Sinal da cruz

Em 1570, o Papa Pio V definiu que os fiéis católicos deveriam fazer o sinal da cruz “da cabeça ao peito e do ombro esquerdo ao direito”. Além disso, o sinal é realizado com todos os cinco dedos da mão direita juntos – que simboliza os cinco estigmas de Jesus Cristo: dois nas mãos, dois nos pés e o quinto da Santa Lança (Lança Sagrada).

Os cristãos ortodoxos russos fazem o sinal da cruz com três dedos (polegar, indicador e médio) juntos para simbolizar a Santíssima Trindade e os dois outros dedos pressionados contra a palma para simbolizar a natureza dual (humana e divina) de Jesus. Além disso, o sinal da cruz ortodoxo é realizado do ombro direito para o esquerdo.

  1. A Sagrada Comunhão

Na tradição ortodoxa, a Sagrada Comunhão é dada às crianças desde o momento do batismo. Isso se baseia em Mateus 19:14: “Deixai vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Desde a infância e por volta dos sete anos, elas já podem comungar quantas vezes quiserem e sem confissão, porque acredita-se que até certa idade, as crianças não têm total responsabilidade por seus pensamentos e ações, mas ainda assim devem receber Comunhão. As crianças são levadas à confissão nas igrejas ortodoxas após os 7 ou 8 anos de idade.

Na Igreja Católica Romana, a primeira comunhão de uma criança geralmente acontece aos 8 ou 9 anos de idade. Os católicos acreditam que a criança não seja capaz de entender o significado do Sacramento mais cedo, não consegue distinguir o pão simples do eucarístico, nem consegue entender a diferença entre comida e comunhão.

  1. O pão eucarístico

No catolicismo romano, a hóstia, pão ázimo, é usado como pão eucarístico na Sagrada Comunhão. Êxodo, 12-15:20, diz: “Não comereis nada feito com fermento. Onde quer que vivas, não deve comer pão sem fermento”.

Na Igreja Ortodoxa Russa, pão feito com fermento é oferecido durante a Divina Liturgia (Eucaristia), baseado em Levítico 7:13: “Juntamente com sua oferta de comunhão por gratidão, apresentará uma oferta que inclua pães com fermento”. A palavra grega para este pão, prosforon, significa “oferta”.

  1. Diferentes interiores de igrejas

É possível dizer que se está em uma igreja católica ou ortodoxa apenas pelos bancos. Na tradição católica, o ajoelhamento prolongado é parte comum da oração, enquanto na tradição ortodoxa, as reverências ao chão são frequentemente feitas durante a missa. Por isso, bancos com prateleiras para ajoelhar estão presentes nos templos católicos, enquanto nas igrejas ortodoxas, o espaço central é deixado livre para que a paróquia possa fazer reverências quando necessário.

Também nos templos católicos, o altar fica situado na capela-mor, dividido da nave (salão, ou ala central, da igreja) por um biombo da capela-mor, mais ou menos aberto. O altar pode ser visto da nave. Nas igrejas ortodoxas, a área do santuário com o altar é separada da nave por uma iconóstase – parede de ícones e pinturas religiosas. O altar não pode ser visto da nave.

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