Curta de animação russo ‘Boxballet’ entra na lista de pré-indicados para disputar um Oscar

Cultura
VALÉRIA PAIKOVA
O que acontece quando um boxeador se apaixona por uma bailarina? Esse é o enredo de ‘Boxballet’, que tem chances de concorrer a Melhor Curta-Metragem de Animação em 2022.

O curta-Metragem de animação russo ‘Boxballet’, dirigido por Anton Diakov, retrata uma charmosa bailarina de pernas compridas chamada Olga e um boxeador de aparência bruta chamado Evguêni (campeão dos pesos pesados, do ​​tipo de Nikolai Valuev).

Seus caminhos se cruzam acidentalmente quando Evguêni resgata o gato de Olga de uma árvore e se apaixona perdidamente pela bailarina. Mas esta não é uma clássica história de amor do tipo ‘A Bela e a Fera’. Evguêni perderá o sono e terá de mover montanhas para conquistar o coração de sua amada. E deverá até mesmo desistir do boxe para ficar com ela.

‘Boxballet’ tem apenas 15 minutos de duração, mas apresenta de tudo um pouco: amor, esperança, sonhos e sacrifício – tudo sem que uma palavra sequer seja pronunciada. 

O curta de animação conta ainda com o tipo moderno de vilão #MeToo: um diretor de palco que tenta seduzir Olga, oferecendo a ela o papel principal em ‘Giselle’ caso suas investidas amorosas sejam aceitas.

Em ‘Boxballet’, Diakov justapõe com brilhantismo o feio e o bonito, o bobo e o inteligente, o rude e o elegante. Seu senso de humor lúdico é o mais afiado possível. 

“Senso de humor é essencial, junto com profundidade emocional e um quê de magia”, diz Diakov, fã declarado de Charlie Chaplin e Buster Keaton. “Um curta de animação tem que ser rápido, preciso, legal e ousado”, acrescenta.

Curiosamente, a animação se passa em agosto de 1991, durante a notória tentativa de golpe de Estado que acelerou o colapso da União Soviética. Em 19 de agosto, todos os canais de televisão tiveram a programação interrompida, transmitindo continuamente a versão do teatro Bolshoi do balé clássico “Lago dos Cisnes”, de Tchaikóvski.

No início de 2021, ‘Boxballet’ levou o prêmio de ‘Melhor Obra de Animação’ no festival de curtas Korotche, em Kaliningrado. Também venceu o Prêmio Nacional de Animação Russa Ikar.

Os curtas-metragens de animação de Diakov ‘Vivat, Musketeers!’ (2017), ‘Ying and Yana. Forbidden Food’ (2014) and ‘Python and the Watchman’ (2015)  foram exibidos em festivais internacionais, de Annecy a Chicago.

Diakov nasceu em 1980 em uma família de artistas em Almati (então Alma-Ata, no Cazaquistão soviético). Seu pai era artista gráfico e ilustrador. 

Anton nutria grande interesse por cinema desde a infância. Antes de se dedicar à animação, trabalhou com publicidade por mais de uma década.

Entre seus desenhos animados favoritos está ‘A Rainha da Neve’, de Lev Atamanov. O filme de animação soviético, desenhado à mão e baseado na história homônima de Hans Christian Anderson, tornou-se um sucesso instantâneo quando chegou às telonas no final dos anos 1950. O cineasta japonês Hayao Miyazaki chegou a declarar, por exemplo, que foi quando viu  ‘A Rainha da Neve’ pela primeira vez que finalmente decidiu dedicar sua vida à animação e percebeu que deveria se esforçar profissionalmente.

Diakov diz ficar surpreso quando seus curtas de animação são aclamados pela crítica e exibidos no Ocidente. “É sempre um prazer saber que alguém gosta de suas criações. Não muito tempo atrás, fui contatado por John Musker, que escreveu e dirigiu a ‘Pequena Sereia’. Acreditem ou não, ele me encontrou no Instagram e me escreveu para dizer que assistiu ao meu ‘Boxballet’ e gostou muito! Fiquei nas nuvens ao receber esse feedback”, diz Diakov.

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