20 retratos desconhecidos dos Romanov

Se já existisse Instagram na época dos tsares, suas contas estariam certamente repletas de selfies, dada a obsessão da realeza por retratos. Prova disso são as obras cerimoniais e informais a seguir, em que os imperadores e imperatrizes foram imortalizados pelas mãos de grandes pintores.

Pedro, o Grande

 “Pedro, o Grande”, de Paul Delaroche

O primeiro tsar russo a anunciar-se como imperador literalmente mudou a aparência do país. Ele criou a Marinha e construiu a cidade de São Petersburgo, uma janela para a Europa. Também compeliu as mulheres a usarem roupas de estilo europeu, mais ousadas e decotadas, e fez seus boiardos rasparem suas longas barbas.

“Pedro, 1º (o Grande) Interrogando Tsarévitch Aleksêi Petrovitch em Peterhof’, de Nikolai Ge

Pedro era irrequieto e desconfiado. Ele estava determinado a se manter no poder e achava que seu próprio filho, Aleksêi, estava planejando um golpe – então, resolveu prender e trancá-lo na prisão da Fortaleza de São Pedro e São Paulo. Ali o jovem real Aleksêi morreu, embora não se saiba como (provavelmente, após tortura).

Anna Ioannovna

‘Retrato da imperatriz Anna Ioannovna’, de Louis Caravaque

Anna, sobrinha de Pedro, o Grande, passou 20 anos no Ducado da Curlândia. Foi chamada para assumir o trono russo em 1730, após a morte do neto de seu tio, Pedro 2º. Porém, trouxe consigo seu protegido e amante, Ernest Biron, a São Petersburgo –que governou, embora nas sombras, o Império Russo por uma década. 

“Bobos da corte da imperatriz Anna”, de Valery Jacobi

Anna não expressava muito interesse por política. Ela adorava fofocas da corte e era meio que uma versão russa de Louis 14 – extravagante, cercava-se de bobos da corte e gastava rios de dinheiro em entretenimento.

Isabel Petrovna

‘Retrato de Isabel’, de Vigilius Eriksen

Elizabeth Petrovna era filha de Pedro, o Grande, e seu reinado foi mais conhecido pelo Iluminismo. Ela fundou a Universidade de Moscou, desenvolveu o teatro nacional e montou a Academia de Artes. Também praticamente aboliu a sentença de morte na Rússia – a pena capital não foi aplicada durante o seu reinado. 

‘Pedro 2º e Princesa Isabel Caçando com Cães’, de Valentin Serov

Isabel era muito próxima de seu sobrinho, o jovem tsar Pedro 2º, e frequentemente organizavam festas juntos e saíam para caçar e fazer longas caminhadas. A corte chegou a falar sobre um possível casamento - se isso tivesse ocorrido, Isabel teria se tornado imperatriz bem antes. No entanto, ela aguardou 11 anos e o reinado de outros dois tsares antes de dar um golpe e tomar o poder. 

Catarina, a Grande

‘Catarina, a Grande’, de Vladimir Borovikovsky, 1779

Esta princesa alemã era incrivelmente poderosa e teve um dos reinados mais longos entre todos os tsares, somando 34 anos. Ela deu um golpe contra o próprio marido, o fraco imperador Pedro 3º, que preferia a Alemanha à Rússia. 

‘Catarina, a Grande andando em Tsárskoie Selô’, de Vladimir Borovikovsky, 1794

Catarina foi uma monarca progressista e trocou cartas com Voltaire e Montesquieu. Mesmo na velhice, tinha muitos amantes e favoritos, a quem dava presentes caros e até palácios. Aos 60 anos, seu amante mais novo tinha apenas 20. Ela costumava viajar entre São Petersburgo e Moscou e tinha vários palácios construídos ao longo do caminho para que pudesse parar e relaxar em ambientes luxuosos. Para se ter ideia, em algumas dessas residências, ela só ficou hospedada uma única vez. 

Paulo 1º

‘Retrato do Imperador Paulo 1º’, de Vladimir Borovikovsky

O filho da poderosa Catarina não era um homem de grande intelecto – assim como seu pai, Peter 3º – e tinha um sistema nervoso frágil. Quando criança, adorava jogos, uniformes e marchas militares (costumava organizá-las no Palácio Gatchina). 

‘Retrato do Imperador Paulo 1º’, de Stepan Shshukin

Paulo viu traição de todos os lados e tinha muito medo de ser assassinado. É por isso que construiu o Castelo Mikhailovsky, em São Petersburgo, com fortes defesas, incluindo trincheiras ao redor do perímetro, como uma fortaleza medieval. No entanto, o destino o encontrou, e ele foi morto em seu próprio quarto no castelo – o que é pior, seu filho sabia sobre o assassinato, mas não fez nada para detê-lo. 

Alexandre 1º

‘Retrato de Alexandre 1º’, de Franz Kruger, 1837

O filho que sabia sobre o assassinato de Paulo era Alexandre 1º. Era o neto favorito de Catarina, a Grande, e prometeu governar como sua avó. 

‘Tratado de Tilsit. Napoleão, Alexandre 1º, Louise e Frederico Guilherme 3º da Prússia’, de Nikolas Gosse, 1807

Alexandre 1º foi louvado como defensor de Napoleão, livrando a Europa de seu domínio. Só tinha única coisa – ele não queria realmente governar. É por isso que, quando morreu ainda jovem no sul da Rússia, alguns alegaram que o tsar havia forjado a própria morte, trocado por roupas de monge e fugido para se esconder. 

Nicolau 1º

‘Retrato de Nicolau 1º’, de Egor Botman

Comparado a seu irmão Alexandre, Nicolau foi um governante cruel e criou a Terceira Seção da Chancelaria Imperial, a primeira polícia secreta russa encarregada de monitorar pessoas e discussões políticas. A censura foi reforçada durante a época. 

‘Nicolau 1º na Praça Senatskaya, em São Petersburgo, em 14 de dezembro de 1825’

No reinado relativamente livre de Alexandre 1º, a nobreza finalmente viu como os europeus viviam e decidiu que a Rússia precisava de sua própria constituição e monarquia absoluta. Reuniões e sociedades secretas deram origem à revolta dezembrista na praça Senatskaya, em São Petersburgo – brutalmente esmagada.

Alexandre 2º

‘Retrato de Alexandre 2º’, de Egor Botman

O estilo de governo mudou um pouco durante o século 19, com a liberdade de Alexandre 1º sendo substituída pela censura e gendarmes secretos de Nicolau 1º.. No entanto, algumas liberdades foram restauradas sob Alexandre 2º. 

‘Retrato de Alexandre 2º’, de artista desconhecido

O gosto de liberdade deu origem, porém, a revoltas e terrorismo revolucionário, como testemunhou o reinado de Alexandre 2º. Foi ele quem libertou os camponeses e eliminou a servidão na Rússia. Houve várias tentativas de matá-lo, e ele acabou sendo assassinado com uma bomba. Mesmo após sua morte, alguns queriam se vingar, como pode-se ver nas marcas de faca na pintura feitas durante a Revolução Bolchevique.

Alexandre 3º

‘Retrato de Alexandre 3º’, de Ivan Kramskoi

Alexandre 3º era o estereótipo do homem russo – grande, forte e corajoso. Em certa ocasião, viajava com sua família quando ocorreu um terrível acidente de trem. O desastre custou muitas vítimas, incluindo funcionários e auxiliares, mas a família real saiu milagrosamente ilesa. Segundo os relatos do incidente, o tsar Alexandre 3º segurou o teto de um vagão sobre os ombros até que o socorro chegasse. 

‘Retrato de Alexandre 3º’, de Valentin Serov

Alexandre era um homem com grande coração. era um bom pai de família e despretensioso na vida cotidiana, trabalhando frequentemente até tarde da noite. Há uma velha anedota sobre seu senso de humor: certa vez, um soldado chamado Orechkin se embebedou em uma taverna e causou um alvoroço; as pessoas tentaram acalmá-lo apontando para um retrato do tsar pendurado na parede e dizendo que ele deveria respeitar a presença real. Orechkin teria rebatido que “não se importava com o tsar”, lançando contra si um caso criminal. Porém, quando Alexander 3º ouviu sobre o caso, libertou Orechkin, dizendo que “também não se importava com o soldado”.

Nicolau 2º

‘Retrato de Nicolau 2º’, de Iliá Repin

Conhecido pela execução ao lado de toda a sua família, o último tsar da Rússia amava sua esposa, Alexandra, gostava de passeios de barco, de caçar pássaros selvagens e outros passatempos comuns da época – ele não era exatamente um homem de poder.

‘Retrato de Nicolau 2º’, de Valentin Serov

A trajetória de Nicolau o levou a ser apelidado de Nicolau, o Sanguinário. Isso por causa de um grande tumulto que deixou inúmeros mortos durante a celebração de sua coroação em Moscou – sem falar do envolvimento russo na Primeira Guerra Mundial, da Revolução e da Guerra Civil, que não contribuíram para sua reputação.

Quer ver mais fotos dos Romanov? Pois então não perca essas imagens que mostram momentos de ‘zoeira’ da última família imperial russa.

Quer receber as principais notícias sobre a Rússia em seu e-mail? 
Clique 
aqui para assinar nossa newsletter.

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Leia mais

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies