8 curiosidades sobre Borís Akúnin e seus novos lançamentos

Cultura
MIKHAIL VIESEL
Enquanto saga de ficção do detetive Erast Fandorin chega ao fim, escritor continua a publicar seus inúmeros tomos sobre a história do Estado russo.

Nascido originalmente na Geórgia soviética, Akúnin anunciou, há menos de um mês, ter finalizado a redação do último de seus livros de ficção protagonizados pelo detetive Erast Fandorin.

Extremamente ativo e um dos escritores contemporâneos mais populares da Rússia, ele lança neste novembro também seu décimo tomo da série “Istoria rossiskogo gosudarstvo” (“História do Estado Russo”), do qual o jornal Sobsednik já adiantou um trecho ao público.

O Russia Beyond compilou uma lista de curiosidades sobre o escritor:

  1. Seu nome verdadeiro é Grigóri Tchkhartichvili

Filho de pai do georgiano Chalva Tchkhartichvili e da judia Berta Brazínskaia, Borpis Akúnin chegou à Rússia quando tinha um ano de idade.

Formou-se em na Faculdade de Letras e Filosofia do Instituto dos Países da Ásia e da África da Universidade Estatal de Moscou, ocupando-se de tradução literária do inglês e do japonês.

Traduziu autores como Yukio Mishima, Kenji Maruyama, Yasushi Inoue, Masahiko Shimada, Kobo Abe, Shinichi Hoshi, Takeshi Kaikō, Shōhei Ōoka, Thomas Coraghessan Boyle, Malcolm Bradbury, Peter Ustinov  e outros antes de se tornar escritor.

  1. Há muito mais por trás de seu pseudônimo

Tchkhartichvili escolheu o apelido B. Akúnin em 1998, acrescentando “Borís” nos anos 2000, após seus livros já terem se tornado best-sellers.

O nome pode parecer comum para o leitor estrangeiro, mas contém diversas alusões, combinando a palavra japonesa “aku-nin” (“demônio” ou “vilão”) com o nome do famoso anarquista russo Mikhaíl Bakúnin.

Além de se referir ao século 19, época em que se situa a série do detetive Erast Fandorin, a natureza de trocadilho do nome remete aos anos 1990 na Rússia, quando o duplo sentido reinava.

  1. Ele adora um experimento!

Quando ganhou reputação estável e sucesso financeiro, Akúnin decidiu experimentar.

Entre 2007 e 2011, ele decidiu se afastar do formato que lhe trouxe tanta fama, publicando duas séries de romances, uma puramente histórica e outra, sentimental, sob os pseudônimos de Anatóli Brusnikin e Anna Borísova.

O experimento lhe rendeu algum sucesso e ele o finalizou em 2012 para iniciar um projeto ainda maior e mais ambicioso.

  1. Ele também acrescentou 'historiador' ao currículo

Atualmente, Akúnin trabalha em uma série de livros intitulada “A História do Estado Russo”, que busca compreender por que a Rússia continuou tão estável apesar de tantas revoltas e revoluções.

Akúnin é bem sincero ao afirmar que o projeto não tem o mesmo nível de academicismo de outros de historiadores já de cara: “Escrevo para aqueles que não conhecem a história russa bem, para aqueles que querem entendê-la. Eu sou um deles”.

Neste novembro, será lançado o décimo volume da série, do qual o jornal Sobesednik já adiantou um trecho.

  1. Busca por identidade

Akúnin se provou tanto no campo da filosofia, quanto no do entretenimento, e seus romances de extraordinário sucesso sobre o detetive Fandorin sempre buscam uma resposta à eterna questão sobre se é possível se manter uma pessoa imaculada e, ao mesmo tempo, servir uma estrutura estatal que não o é nem um pouco.

Ele chega a uma resposta definitiva em seu oitavo livro da série, “O conselheiro de Estado”. Mas não vamos estragar o prazer do final!

  1. Ele sempre retoma os anos 1990 na Rússia

Apesar de serem ambientados no século 19,  o que se lê nas entrelinhas dos romances de Fandorin é a Rússia dos anos 1990, quando as pessoas se tornavam, da noite para o dia, diretoras de bancos do alto de seus vinte e poucos anos.

Aliás, isto é algo que o protagonista menciona claramente. Ele também é um beneficiário desse tipo de nepotismo, subindo rapidamente de carreira graças a patronos poderosos.

  1. Suas obras bateram o recorde de adaptações entre escritores russos contemporâneos

Até hoje, há cinco adaptações de seus livros para o cinema e uma série de TV baseada em sua obra.

Aliás, ele é o único escritor contemporâneo russo cujos trabalhos foram adaptados no exterior.

Em 2015, uma companhia de TV britânica assinou um contrato com Akúnin para filmar a série de Fandorin, e o projeto para adaptar seu romance Azazel, publicado em português como “A Rainha do Inverno”, só caiu por terra por causa da gravidez da atriz Milla Jovovich.

Resumindo em números: o escritor vendeu 30 milhões de cópias em 30 idiomas.

  1. Ele não pretende voltar à Rússia por enquanto

No primeiro semestre de 2014, Akúnin  anunciou que pretendia passar a maior parte de seu tempo fora da Rússia, principalmente em seu chateau do século 18 em Brittany, na França.

Em abril de 2015, ele foi ainda mais além, declarando: “Parei de ir à Rússia completamente. E até que a atmosfera e o clima mudem, não pretendo voltar para lá... agora passo por esse período que acontece quando você decide se separar e ver como se sente ao estar separado”.