Nascido originalmente na Geórgia soviética, Akúnin anunciou, há menos de um mês, ter finalizado a redação do último de seus livros de ficção protagonizados pelo detetive Erast Fandorin.
Extremamente ativo e um dos escritores contemporâneos mais populares da Rússia, ele lança neste novembro também seu décimo tomo da série “Istoria rossiskogo gosudarstvo” (“História do Estado Russo”), do qual o jornal Sobsednik já adiantou um trecho ao público.
O Russia Beyond compilou uma lista de curiosidades sobre o escritor:
- Seu nome verdadeiro é Grigóri Tchkhartichvili
Filho de pai do georgiano Chalva Tchkhartichvili e da judia Berta Brazínskaia, Borpis Akúnin chegou à Rússia quando tinha um ano de idade.
Formou-se em na Faculdade de Letras e Filosofia do Instituto dos Países da Ásia e da África da Universidade Estatal de Moscou, ocupando-se de tradução literária do inglês e do japonês.
Traduziu autores como Yukio Mishima, Kenji Maruyama, Yasushi Inoue, Masahiko Shimada, Kobo Abe, Shinichi Hoshi, Takeshi Kaikō, Shōhei Ōoka, Thomas Coraghessan Boyle, Malcolm Bradbury, Peter Ustinov e outros antes de se tornar escritor.
- Há muito mais por trás de seu pseudônimo
Tchkhartichvili escolheu o apelido B. Akúnin em 1998, acrescentando “Borís” nos anos 2000, após seus livros já terem se tornado best-sellers.
O nome pode parecer comum para o leitor estrangeiro, mas contém diversas alusões, combinando a palavra japonesa “aku-nin” (“demônio” ou “vilão”) com o nome do famoso anarquista russo Mikhaíl Bakúnin.
Além de se referir ao século 19, época em que se situa a série do detetive Erast Fandorin, a natureza de trocadilho do nome remete aos anos 1990 na Rússia, quando o duplo sentido reinava.
- Ele adora um experimento!
Quando ganhou reputação estável e sucesso financeiro, Akúnin decidiu experimentar.
Entre 2007 e 2011, ele decidiu se afastar do formato que lhe trouxe tanta fama, publicando duas séries de romances, uma puramente histórica e outra, sentimental, sob os pseudônimos de Anatóli Brusnikin e Anna Borísova.
O experimento lhe rendeu algum sucesso e ele o finalizou em 2012 para iniciar um projeto ainda maior e mais ambicioso.
- Ele também acrescentou 'historiador' ao currículo
Atualmente, Akúnin trabalha em uma série de livros intitulada “A História do Estado Russo”, que busca compreender por que a Rússia continuou tão estável apesar de tantas revoltas e revoluções.
Akúnin é bem sincero ao afirmar que o projeto não tem o mesmo nível de academicismo de outros de historiadores já de cara: “Escrevo para aqueles que não conhecem a história russa bem, para aqueles que querem entendê-la. Eu sou um deles”.
Neste novembro, será lançado o décimo volume da série, do qual o jornal Sobesednik já adiantou um trecho.
- Busca por identidade
Akúnin se provou tanto no campo da filosofia, quanto no do entretenimento, e seus romances de extraordinário sucesso sobre o detetive Fandorin sempre buscam uma resposta à eterna questão sobre se é possível se manter uma pessoa imaculada e, ao mesmo tempo, servir uma estrutura estatal que não o é nem um pouco.
Ele chega a uma resposta definitiva em seu oitavo livro da série, “O conselheiro de Estado”. Mas não vamos estragar o prazer do final!
- Ele sempre retoma os anos 1990 na Rússia
Apesar de serem ambientados no século 19, o que se lê nas entrelinhas dos romances de Fandorin é a Rússia dos anos 1990, quando as pessoas se tornavam, da noite para o dia, diretoras de bancos do alto de seus vinte e poucos anos.
Aliás, isto é algo que o protagonista menciona claramente. Ele também é um beneficiário desse tipo de nepotismo, subindo rapidamente de carreira graças a patronos poderosos.
- Suas obras bateram o recorde de adaptações entre escritores russos contemporâneos
Até hoje, há cinco adaptações de seus livros para o cinema e uma série de TV baseada em sua obra.
Aliás, ele é o único escritor contemporâneo russo cujos trabalhos foram adaptados no exterior.
Em 2015, uma companhia de TV britânica assinou um contrato com Akúnin para filmar a série de Fandorin, e o projeto para adaptar seu romance Azazel, publicado em português como “A Rainha do Inverno”, só caiu por terra por causa da gravidez da atriz Milla Jovovich.
Resumindo em números: o escritor vendeu 30 milhões de cópias em 30 idiomas.
- Ele não pretende voltar à Rússia por enquanto
No primeiro semestre de 2014, Akúnin anunciou que pretendia passar a maior parte de seu tempo fora da Rússia, principalmente em seu chateau do século 18 em Brittany, na França.
Em abril de 2015, ele foi ainda mais além, declarando: “Parei de ir à Rússia completamente. E até que a atmosfera e o clima mudem, não pretendo voltar para lá... agora passo por esse período que acontece quando você decide se separar e ver como se sente ao estar separado”.