Os membros da Universidade Flutuante do Ártico de 2023 usarão, pela primeira vez, um submersível para observar o ambiente subaquático e realizar pesquisas hidroacústicas (acústicas submarinas ou subaquáticas), informou à agência TASS a vice-chefe da expedição, Anna Trofímova.
“Este ano, a filial de Severodvinsk da Universidade Federal do Norte (Ártico) se junta à expedição. Teremos dois pesquisadores: um estudará o uso de veículos subaquáticos telecomandados no Ártico. É um submersível do tipo Mir, embora sem tripulação humana a bordo, [o equipamento] descerá para investigar o que há sob a água. Durante a viagem da Universidade serão realizados pela primeira vez estudos deste tipo. Além disso, também pela primeira vez, os participantes da expedição farão estudos hidroacústicos”, disse Trofímova.
O outro pesquisador da filial de Severodvinsk estudará os parâmetros de propulsão elétrica da embarcação científica Professor Moltchanov, que será usada pela expedição.
Este ano, os organizadores do projeto receberam mais de 150 inscrições tanto de pesquisadores como estudantes. A equipe final será composta por 55 indivíduos, representantes de 16 organizações científicas e educacionais de Arkhanguelsk, Moscou, São Petersburgo, Saratov e Norilsk.
“Temos participantes de longa data, como a Universidade Estatal de Moscou, o Instituto de Pesquisa do Ártico e Antártica, a Universidade Estatal de Medicina do Norte, e outros. Também temos instituições de onde sairão especialistas que irão participar pela primeira vez da Universidade Flutuante, como, por exemplo, da Universidade Técnica Marítima de São Petersburgo”, continuou a vice-chefe da expedição.
A próxima expedição também contará com estrangeiros. Até agora, eles representam Moldávia, Turquia e Bulgária. A última vez que estrangeiros participaram da expedição foi em 2019.
A Universidade Flutuante do Ártico é um projeto conjunto da Universidade Federal do Norte e da filial do norte do Serviço Federal Russo para Hidrometeorologia e Monitoramento Ambiental. Essas expedições são realizadas desde 2012.
A expedição dará atenção especial aos regimes hidrológicos dos mares Branco, Barents e de Kara, bem como estudos sobre a poluição. Os participantes irão observar lixo no mar e na costa, e analisar microplásticos (partículas de plástico de 5 mm ou menores) nos mares do Ártico.
Os microplásticos se acumulam no meio ambiente em grandes quantidades, sobretudo nos ecossistemas aquáticos, e só recentemente cientistas começaram a estudar seu efeito no organismo. Ao desembarcar, os especialistas coletarão amostras do solo para análise de metais pesados.
O grupo fará monitoramento contínuo de mamíferos marinhos e aves, assim como sua contagem. O plâncton marinho e a flora das ilhas do Ártico também serão estudadas. Este ano, os cientistas se concentrarão na chamada flora adventícia, isto é, plantas alheias ao território introduzidas como resultado de atividades humanas ou por agente natural. Entre as bactérias do Ártico, cientistas buscarão as capazes de destruir a celulose.
Morsa no Ártico russo.
Nixette (CC BY-SA 4.0)Ao longo da viagem, especialistas analisarão como os participantes se adaptam à expedição em altas latitudes, incluindo condições psicológicas.
Os objetivos da jornada são científicos e educacionais. O ciclo de palestras começam remotamente antes da partir para o mar. Os futuros exploradores polares aprendem sobre o Ártico, como se comportar em altas latitudes e no mar. “Atenção especial é dada à segurança no navio, no desembarque e como agir ao se deparar com ursos polares”, disse Trofímova.
Urso polar fotografado na parte setentrional do arquipélago de Nova Zembla.
Nixette (CC BY-SA 4.0)A previsão é que o professor Moltchanov inicie a viagem a partir de Arkhanguelsk em 23 de junho e esta seja encerrada em 14 de julho. “As duas ilhas essenciais da rota são Vaigatch e Kolguev, pois teremos participantes que planejam trabalhar com os povos indígenas que vivem lá”, disse. “Se conseguirmos, se as condições do gelo permitirem, planejamos chegar até a Terra de Francisco José, ao menos nas ilhas em sua parte sul.”
Vilarejo de Várnek, na costa sudoeste de Vaigatch, com menos de 100 habitantes.
Sevprostor (CC BY-SA 4.0)Esta será a 16ª expedição do projeto. Em 2023, a Universidade Flutuante está planejando outra expedição a bordo do navio científico Mikhail Somov, que partirá não de Arkhanguelsk, mas de Dikson, após o meio do verão.
Os parceiros e patrocinadores do projeto são VTB, Novatek, Norilsk Nickel, o governo da região de Arkhanguelsk, a Sociedade Geográfica Russa e o Parque Nacional do Ártico Russo.
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