Como a URSS criou relâmpagos artificiais gigantes (FOTOS)

Ciência e Tecnologia
EKATERINA SINELSCHIKOVA
Aparelho abandonado nas florestas da região de Moscou é um dos maiores geradores de alta tensão existentes. Equipamento foi usado para testar a durabilidade dos aviões e, agora, é popular entre fotógrafos e blogueiros.

O imponente aparato futurista, localizado perto da cidade de Istra, na região de Moscou,  é uma bancada de teste construída em 1968 sob o governo soviético. Naquela época, a estrutura era um objeto classificado, porém, após a queda do regime, ficou abandonada.

Seu nome oficial é ‘Bancadas de teste do Centro de Pesquisa de Alta Tensão do Instituto Eletrotécnico de Toda a Rússia’. Mas as pessoas a chamam de ‘bobinas de Tesla’.

Este é um dos mais poderosos geradores de alta tensão construídos na URSS. 

Era capaz de produzir uma tensão comparável a um segundo da produção de eletricidade por todas as usinas do país – combinadas.

Seu principal objetivo era testar o isolamento contra raios e a resistência à poderosa radiação eletromagnética de aeronaves e equipamentos elétricos. Os testes foram conduzidos para estudar o efeito da eletricidade em diferentes objetos. Por exemplo, reproduziu-se um raio atingindo uma aeronave, após o qual foram estudadas as consequências do impacto. Os tamanhos dos relâmpagos variaram de pequenos a significativos, semelhante à variedade de relâmpagos naturais.

As ‘bobinas de Tesla’ de Istra não estão, na realidade, de forma alguma ligadas à invenção de Nikola Tesla. Elas foram apelidadas assim por se assemelharem à invenção do cientista; mas, por princípio de operação, este dispositivo não é uma verdadeira bobina de Tesla.

O dispositivo consiste em três cascatas de transformadores gigantes, uma plataforma e uma instalação de apoio. A torre mais alta é o seu gerador mais potente, capaz de produzir descargas elétricas de 9 milhões de volts – tensão esta que pode ser encontrada em raios naturais reais. A torre é um gerador Marx, inventado pelo engenheiro alemão Erwin Marx em 1924. A energia elétrica é transferida para uma pequena bola pendurada sobre uma plataforma, e o raio artificial atinge os objetos colocados abaixo. Certa vez, os cientistas conseguiram produzir uma descarga de 150 metros de comprimento com a ajuda do gerador.

A parte mais fotogênica da estrutura, tão amada pelos fotógrafos – a cascata de transformadores de 3,6 milhões de volts e o sistema de voltagem constante de 2,2 milhões de volts – jamais criou raios. Ambos eram necessários para testar linhas de energia e a durabilidade de diferentes tipos de cabos.

Após a queda da União Soviética e o consequente subfinanciamento do setor científico, a bancada de testes caiu em desuso. Hoje, o campo de teste é propriedade da corporação estatal Rosatom, e há um posto de controle de segurança na entrada.  Mas as ‘bobinas de Tesla’ de Istra quase nunca são utilizadas atualmente, devido ao alto custo do processo.

Por outro lado, graças ao seu visual exótico, este lugar é muito procurado por fotógrafos, caçadores de emoções e fãs de ficção científica – figurando em muitas listas de lugares e objetos estranhos localizados na região de Moscou.

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