Em meados de janeiro, após uma longa modernização, o bombardeiro estratégico mais poderoso da Rússia, o Tu-160M2, realizou seu primeiro voo de teste.
A maior aeronave do país construída do zero passou cerca de 30 minutos no ar a uma altitude de 600 metros. A tripulação testou a estabilidade e os sistemas de controle da aeronave realizando várias manobras.
Este é o primeiro de dez aviões Tu-160M2 que o exército russo deverá receber até 2027. Eles substituirão os bombardeiros soviéticos antigos e serão uma parte essencial da “tríade nuclear”, ao lado de submarinos atômicos e mísseis balísticos intercontinentais.
O Tu-160M2 é um novo avião criado do zero. Há também outro avião semelhante chamado Tu-160M, uma versão modernizada do Tu-160 soviético que será utilizada até que o Tu-160M2 entre para a frota. Segundo os fabricantes, não há diferenças entre essas aeronaves — exceto no quesito “novidade”.
"Cisne Branco"
A aeronave estratégica Tu-160M2 é uma profunda modernização do bombardeiro mais poderoso da União Soviética, o Tu-160, apelidado de "Cisne Branco".
O avião pode levar até 40 toneladas de armas nucleares e jogá-las sobre o inimigo a milhares de quilômetros de distância.
A vida útil dos Tu-160 soviéticos termina na década de 2020, e, após 40 anos de uso militar, os velhos bombardeiros serão substituídos por aviões novos.
“A princípio, a Rússia planejava criar e usar os bombardeiros estratégicos PAK DA de nova geração militar para cumprir as missões dos Tu-160. Mas o desenvolvimento dos PAK DA atrasou e os militares russos decidiram investir em uma profunda modernização de aeronaves estratégicas soviéticas”, explica o analista militar russo Aleksandr Khramtchíkhin.
Segundo ele, não há necessidade de criar um avião completamente novo para substituir os Tu-160 soviéticos.
“Os especialistas mudaram absolutamente tudo dentro do Tu-160. Apenas externamente os novos aviões parecem com os Tu-160 antigos. O Tu-160M2 recebeu novos sistemas de navegação, equipamentos de rádio, novos motores e sistemas de lançamentos de novos tipos de mísseis estratégicos e bombas, inclusive mísseis hipersônicos”, explica Ígor Korôtchenko o editor da revista especializada em assunto militares “Arsenal da Pátria”.
Críticas
A ausência de mudanças externas no planador do Tu-160 foi criticada pela imprensa e especialistas militares russos. Alguns deles mencionam também sua incapacidade de superar unidades de defesa aérea inimigos. Além disso, segundo eles, o avião não pode alcançar velocidade supersônica.
Korôtchenko confirma a existência dessas desvantagens do novo Tu-160M2, mas, segundo ele, elas não são cruciais, pois o avião consegue atingir alvos inimigos sem sair do espaço aéreo da Rússia. Assim, sua “visibilidade” nos radares de defesa aérea não ameaça o avião.
"A principal vantagem do Tu-160M2 é a capacidade de lançar mísseis a milhares de quilômetros do alcance dos sistemas de defesa aérea inimigos. A aeronave já está armada com mísseis de cruzeiro X-101 e X-102 que podem atingir alvos a 5 mil quilômetros de distância. Nos próximos anos, o Tu-160M2 receberá novos mísseis hipersônicos que não podem ser rastreados por radares modernos de defesa aérea”, diz Korôtchenko.
Segundo ele, os novos Tu-160M2 ficarão em uso por pelo menos 20 anos e, depois, serão substituídos por bombardeiros estratégicos PAK DA da nova geração.
LEIA TAMBÉM: O combate de aviões Su-27 contra MiG-29 nos céus da África