Comando Espacial dos Estados Unidos condenou ação de derrubada russa de um antigo satélite da Rússia do espaço. De acordo com os norte-americanos, Moscou usou um míssil anti-satélite de ascensão direta (DA-ASAT) e criou 1.500 fragmentos no espaço sideral que poderiam apresentar ameaça a outros satélites em órbita.
Moscou replicou que o lançamento foi realizado para "não ficar atrás da atividade militar dos Estado Unidos no espaço".
Mais tarde, o Ministério da Defesa da Rússia comentou oficialmente que havia realizado com sucesso um teste de míssil durante o qual foi derrubado o satélite inativo "Celina-D", também conhecido como "Cosmos-1408" nos países ocidentais.
Segundo a pasta da Defesa russa, o lançamento é uma contramedida para a nova estratégia espacial dos Estados Unidos que inclui os testes de novas modificações das espaçonaves não tripuladas X-37.
“Em 2020, os Estados Unidos estabeleceram um comando espacial e adotaram oficialmente uma nova estratégia espacial. Um de seus principais objetivos é “criar uma vantagem militar abrangente no espaço”, lê-se no comunicado do Ministério russo publicado na última terça-feira (16).
De acordo com os russos, os militares norte-americanos estão testando ativamente, mas sem divulgar, as capacidades ofensivas de vários tipos armas em órbita, incluindo as da nave espacial não tripulada X-37. O comando militar russo considera essas ações como uma ameaça e afirma que são incompatíveis com os objetivos declarados de uso pacífico do espaço.
“Tendo isso em conta, o Ministério da Defesa está realizando atividades para fortalecer as capacidades de defesa que excluem a possibilidade de danos súbitos à segurança do país no espaço e no solo pelas tecnologias espaciais estrangeiras”, lê-se no comunicado.
Com que arma a Rússia derrubou o satélite?
O Ministério da Defesa russo não revela oficialmente qual sistema foi usado para derrubar o antigo satélite soviético.
Segundo especialistas militares, hoje, na Rússia há apenas dois sistemas de armas que podem destruir objetos no espaço: os sistemas de defesa antiaérea S-500 e S-550.
“Podemos presumir que foi um lançamento de combate real do sistema de mísseis terra-ar da quinta geração S-500, que pode rastrear alvos específicos no espaço e derrubá-los”, diz Ígor Korôtchenko, analista militar e editor-chefe da revista "Segurança Nacional".
Segundo ele, o teste mostra que o S-500 pode neutralizar as ameaças nas órbitas que, por sua vez, podem transportar armamentos de todos os tipos, inclusive nucleares.
“A Rússia queria mostrar que pode eliminar ameaças espaciais, mas não devemos esquecer que o S-500 e o S-550 são armas exclusivamente defensivas", diz.
Segundo especialistas militares, os Estados Unidos e a China também já realizaram testes semelhantes nas últimas décadas.
"Testes semelhantes foram realizados pela Marinha norte-americana, que derrubou um de seus satélites com um míssil anti-órbita, e pelo exército chinês que usou mísseis terra-ar para destruir um de seus satélites", diz o ex-vice-diretor do Instituto de Análise Política e Militar, Aleksandr Khramtchikhin.
Segundo ele, os chineses destruíram um satélite na órbita de 865 km, em 2007. Como resultado, mais de três mil fragmentos apareceram na órbita, muitos dos quais ainda estão voando até hoje.
Em 2008, os EUA abateram o satélite de reconhecimento USA-193 que não funcionava corretamente. Ao contrário do teste chinês, o satélite norte-americano estava em órbita baixa e quase todos os fragmentos foram queimados na atmosfera.
Segundo Khramtchikhin, a destruição de satélites na órbita é uma prática muito perigosa, os detritos podem danificar estações espaciais e outros satélites.
"Para retirar um satélite da órbita, é preciso descê-lo manualmente da órbita e afundá-lo no sudeste do Pacífico, perto de outros satélites obsoletos", completa Khramtchikhin.