Navios com asas: os hidrofólios soviéticos que renasceram das cinzas (Fotos)

"Meteor 120R".

"Meteor 120R".

Gueórgui Povetkin/TASS
Os hidrofólios com asas subaquáticas eram amplamente produzidos na URSS e acabaram esquecidos posteriormente. Hoje, porém, essa tecnologia está de volta.

O desenvolvimento do primeiro protótipo de navio hidrofólio soviético, batizado de "Raketa" ("míssil", em português), iniciou-se na década de 1950. Ele fez sua viagem inaugural no Rio Volga com 30 passageiros em 25 de agosto de 1957. O "Raketa" percorreu 420 quilômetros em sete horas, atingindo até 60 km/h de velocidade, algo que era considerado muito rápido para um navio fluvial.

O navio tinha lâminas subaquáticas especiais que permitiam reduzir significativamente a resistência da água. Essa tecnologia dá aos hidrofólios sua principal vantagem: uma alta velocidade sem oscilações. No total, foram construídos mais de 300 embarcações "Raketa".

Logo após o êxito do "Raketa", uma equipe de engenheiros chefiada pelo construtor naval Rostislav Alekseev projetou mais um navio hidrofólio, batizado de "Meteor". A embarcação era maior que o "Raketa", podia alcançar velocidade de 77 km/h e transportar até 123 pessoas. O "Meteor" foi o hidrofólio soviético mais produzido, com 400 navios construídos no total. Esses navios foram exportados para Alemanha, Egito, Grécia e outros países. Alguns "Meteor" ainda estão em uso na Sibéria, no Extremo Oriente e em São Petersburgo, onde fazem viagens turísticas.

Diversos navios hidrofólios soviéticos foram projetados para operar no mar. Um deles era o "Strela" ("flecha", em português). Duas dessas embarcações foram construídas em 1961 e usadas no Mar Negro. O "Strela" tinha duas lâminas semi-submersas em forma de “V” - uma adaptação especial para o uso no mar. Esse navio podia transportar até 90 pessoas a uma velocidade de até 70 km/h no mar com ondas de até dois metros de altura.

O cruzador hidrofólio "Volga" era universal: podia ser usado tanto no mar como em rios e lagos. O "Volga" foi criado no início dos anos 1960. Com apenas 8,5 metros de comprimento, o cruzador podia transportar 6 pessoas, incluindo o capitão. O “Volga” tinha lâminas semi-submersas em forma de “T” e podia viajar a uma velocidade de até 60 km/h. Mais tarde, o cruzador foi remodelado com lâminas em forma de “V”, que ajudavam a resistir a ondas mais fortes.

O engenheiro naval Rostislav Alekseev teve a ideia de criar navios ainda mais rápidos. Os motores a diesel limitavam a velocidade, por isso ele decidiu equipar um navio hidrofólio com motor de turbina a gás retirado de um avião. Este tipo de motor é mais leve e mais potente que o movido a diesel. Como resultado, surgiu o navio fluvial "Burevestnik" (“petrel”, em português). Ele tinha dois jatos de água em vez de hélice. Graças às mudanças na estrutura, o hidrofólio atingia a velocidade de 95 km/h. O "Burevestnik" tinha 43 metros de comprimento e podia transportar 150 passageiros.

O hidrofólio "Typhoon" foi criado em 1969, em São Petersburgo, para testar o uso dessa tecnologia para fins militares. O navio tinha lâminas totalmente submersas e inovadoras, em forma de “T”, com abas controladas automáticamente. O "Typhoon" podia atingir velocidades de até 83 km/h, e transportar até 98 passageiros. Embora esse hidrofólio fosse considerado bem-sucedido, ele nunca entrou na linha de produção, e seus engenheiros não o consideravam um projeto autossuficiente, mas um navio de teste para o desenvolvimento de um hidrofólio militar.

O hidrofólio 1240 "Uragan” ("furacão", em português) foi um dos primeiros navios com asas subaquáticas militares. Ele foi desenvolvido entre 1972 e 1976 e esteve em uso na Crimeia entre 1979 e 1990. Tinha comprimento de 56,6 metros e peso de 342 toneladas. Para efeitos de comparação, o "Meteor" pesava apenas 36,6 toneladas. As lâminas do "Uragan" eram totalmente submersas e controladas automáticamente. Era possível levantar as lâminas para viajar em alto mar com ondas de até seis metros de altura. Em mar calmo, o hidrofólio podia atingir a velocidade máxima de 111 km/h. Ele era operado por uma tripulação de 34 pessoas e armado com mísseis de cruzeiro anti-navio e uma instalação de defesa com mísseis guiados. Devido a seu alto preço, apenas um navio desse tipo foi entregue ao exército.

Após a queda da URSS, a construção de hidrofólios foi interrompida. Mas, recentemente, o desenvolvimento desses navios foi retomado. Em 2013, começou a construção do moderno hidrofólio russo "Kometa 120M". Em 2017, o navio foi enviado para testes na Crimeia. Esse hidrofólio, que se assemelha a uma nave espacial, tem 35,2 metros de comprimento e pode levar até 120 passageiros.

Em 2017, os engenheiros russos mostraram o novo hidrofólio fluvial "Valdai 45R". A embarcação não é muito grande: tem apenas 21,3 metros de comprimento, precisa de apenas dois tripulantes e pode levar até 45 pessoas. Ele pode viajar a até 65 km/h. Diversos navios "Valdai 45R" já estão em operação nos rios Ob, Irtich e Volga.

Hoje, os cientistas estão criando um enorme hidrofólio marítimo chamado "Tsiklon 250M". É um navio de dois andares equipado com assentos tipo avião. Tem um motor de turbina a gás e um sistema incomum de pequenas lâminas.

O navio poderá viajar a velocidades de até 101 km/h e levar até 300 passageiros - mais que qualquer outro hidrofólio russo ou soviético.

LEIA TAMBÉM: 5 fatos sobre o “Popovka”, navio de guerra em forma de disco voador

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Leia mais

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies