Qual é melhor: o russo AK-47, ou o norte-americano AR-15? A resposta não é simples

Ciência e Tecnologia
NIKOLAI LITÔVKIN
Apresentamos a questão a um agente da Spetsnaz com experiência em operações contraterroristas ao redor do mundo. E a resposta não é tão clara quanto parece.

Exatamente cem anos se passaram desde o nascimento de Mikhail Kalashnikov, criador do AK-47, a arma mais mortal e produzida em massa do século 20. Hoje em dia, existem mais de 100 milhões de exemplares desse fuzil em todo o mundo, tirando os piratas.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, começou a batalha em torno de méritos e diferenças do AK russo e do AR-15 americano (base na qual os principais rifles dos EUA foram criados, incluindo o M16 e o ​​M4).

A questão sobre qual é melhor e em que situações de combate foi respondida em conversa com a Russia Beyond por um agente ativo da Spetsnaz (forças especiais) envolvido em operações de contraterrorismo na Rússia e no exterior. 

A arma mais confiável

A arma perfeita é um coquetel molotov – todo o resto é bom e eficaz à sua maneira.

Nenhuma arma no mundo pode superar o fuzil de assalto Kalashnikov (AK) em vários aspectos. O principal deles é a confiabilidade.

O AK não pode não ser tão ergonômico e preciso como os rifles dos EUA e da Alemanha. Suas principais vantagens são a facilidade de produção e operacionalidade, bem como a máxima confiabilidade.

Basicamente, todos os soldados de nossa unidade estão armados com os americanos AR-15 e M4, além dos alemães HK416 e HK417. Mas, quando vamos em missão a algum país com condições mais precárias, sempre levamos o AK. O motivo é simples: temos 100% de certeza de que funcionará sob qualquer condição.

Além disso, a densidade do tiro do AK – que deixa muito a desejar em comparação com os estrangeiros – é perfeitamente aceitável ao disparar em curto alcance (até 200 metros). Nesse caso, depende mais do nível de treinamento e capacidade de operar em situações de estresse, quando as balas inimigas estão vindo em sua direção.

Os prós do AR-15

O “Kalash” nunca ultrapassará o AR-15 em termos de precisão e ergonomia. Ao disparar de longas distâncias (600 a 700 metros), sempre usamos rifles de precisão baseados na plataforma AR-15. A razão é simples: a Rússia não produz armas de alta qualidade que permitem que forças especiais façam suas coisas a essas distâncias.

Além da precisão, outra vantagem do norte-americano é a sua capacidade de customização – pode-se selecionar a coronha, o punho e a mira, e programar a sensibilidade do gatilho a seu critério (o gatilho de uma arma é como a embreagem de um carro, ou seja, a ligação entre você e o coração da máquina).

Fora tudo isso, o recuo da plataforma AR-15 é muito menor que o do AK. O ‘golpe’ te atinge bem no ombro, e o rifle pula muito menos ao disparar. Na batalha, isso pode economizar segundos vitais. Simplificando, você não precisa reposicionar a arma para poder disparar rajadas no mesmo ponto do alvo. 

Mas ajustes são necessários

Por outro lado, a confiabilidade do AR poderia ser melhorada.

Quanto ao AK, tudo o que poderia ser aperfeiçoado, já foi. Para ser sincero, a Rússia deveria apenas erguer um monumento de ouro a Kalashnikov em frente ao Kremlin, dizer obrigado – e depois esquecer o AK de uma vez por todas. O que precisamos é de uma arma completamente nova, baseada em um mecanismo totalmente novo.

O AK-12 não é uma arma nova. É uma atualização grande do AK-74 com requisitos combinados de outras armas, não um rifle de forças especiais fundamentalmente novo para o século 21. O AK-12 apresenta soluções ergonômicas que tornam o velho AK-74 uma arma eficaz nas mãos de soldados regulares nas guerras do século 21, mas não para forças especiais que precisam eliminar alvos precisos em qualquer lugar do mundo.

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