Putin anuncia criação de novo míssil “invencível”

Ciência e Tecnologia
VASSILI KRILOV
Em discurso pré-eleições, o presidente garantiu o bem-estar da população e apresentou um novo míssil com motor nuclear que pode realizar manobras militares sem limite de tempo.

Na última quinta-feira (1), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em seu discurso anual ao parlamento, apresentou uma série de novas armas, incluindo o novo míssil nuclear que, segundo ele, poderia "alcançar qualquer lugar no mundo" sem ser detectado por sistemas de defesa de outros países.

"Começamos a desenvolver novos tipos de armas estratégicas que não seguem trajetórias balísticas de voo quando se aproximam do alvo, o que significa que os sistemas de defesa antimíssil são simplesmente inúteis contra ele", disse Putin.

"O novo míssil tem voo de cruzeiro baixo […], caminho de voo imprevisível e pode ignorar as linhas de intercessão, além de ser invencível contra os sistemas de defesa antimíssil e antiaéreo. Ninguém no mundo tem algo igual até o momento. É uma novidade fantástica!", afirmou Putin.

"Uma vez que o alcance [do voo] não é limitado, o míssil pode realizar manobras sem limite de tempo. Como é de conhecimento geral, armas desse tipo ainda não existem no mundo", resumiu Putin.

Inovações e similaridades

Segundo o especialista em questões militares do jornal Izvéstia, Dmítri Safonov, o novo míssil do qual o presidente fala é parecido externamente com o míssil nuclear russo X-101 e o míssil norte-americano "Tomahawk".

"No entanto, do ponto de vista técnico, a nova arma é diferente. O míssil tem um pequeno gerador nuclear superpotente que aumenta o alcance do voo em muitas vezes", disse.

"Além disso, o novo míssil é de voo baixo e quase não pode ser interceptado. Simplificando, o míssil pode se aproximar ao alvo a baixa altitude e a velocidades supersônicas e, assim, não pode ser detectado ou derrubado por sistemas de defesa de outros países", disse.

No entanto, alguns especialistas russos observam uma série de inconsistências relacionadas ao desenvolvimento do novo míssil.

Em uma entrevista à agência Ridus, o vice-diretor do Instituto da Física Nuclear e Tecnologias da Universidade Nacional de Investigação Nuclear da Rússia, Gueôrgui Tikhomirov, disse que os autores da apresentação do presidente podiam escolher melhor os conceitos.

"O alcance do voo do míssil não é infinito, é limitado pelo volume do combustível - gás líquido - nos tanques do míssil. As instalações nucleares podem ser usadas para realizar voos para o espaço onde pode ser necessária uma fonte de energia quase interminável. No entanto, o desenvolvimento do motor nuclear para um míssil cujo voo não durará mais de umas dezenas de minutos é, pelo menos, questionável", completou o físico.

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