Redes sociais não apenas coletam dados privados dos usuários, mas também lutam pelo direito de possuí-los
Getty ImagesA empresa de tecnologia Double Data, de Moscou, está sendo processada pela rede social VKontake, o maior concorrente do Facebook na Rússia, por analisar perfis de usuários para avaliar potencial de crédito e vender os dados a instituições financeiras.
A Vkontakte exigiu a interrupção imediata da atividade e pediu a compensação simbólica de 1 rublo (R$ 0,06). No final de janeiro, o tribunal deliberou em favor do VKontakte, mas a Double Data planeja recorrer da decisão.
“Iremos certamente entrar com um apelo porque a decisão restringe a liberdade de busca e acesso à informação pública na internet”, diz Maksim Ginjuk, diretor da Double Data. “Os dados pertencem aos usuários, e somente o usuário pode decidir. Se os dados estão abertos na internet, eles podem ser usados.”
Ginjuk acrescentou ainda que o gigante russo Mail.Ru, o principal acionista do Vkontakte, está investindo em produtos próprios que permitirão aos bancos russos analisar dados e acessar o risco de crédito dos usuários da rede.
As redes sociais e os gigantes da internet compilam dados de seus usuários, como interesses pessoais, compras, e histórico de navegação e localização. De acordo com o Princeton Web Transparency & Accountability Project, 76% dos sites possuem rastreadores ocultos do Google e 24% escondem rastreadores do Facebook.
A maioria das empresas que coletam informações privadas on-line só conseguem acessar o conteúdo compartilhado em público e não com amigos de usuários.
Graças ao volume de dados privadas coletados, as empresas podem oferecer uma segmentação de publicidade mais eficiente. Atualmente, elas representam 63% de toda a publicidade digital, e 74% do crescimento do mercado em 2017.
A Leddo, com sede em Singapura, também pesquisa perfis nas redes sociais e comportamento on-line de clientes para fornecer pontuação de crédito.
Em 2017, o HiQ Labs, uma startup de San Francisco que usa algoritmos para prever o comportamento de funcionários (por exemplo, se um trabalhador poderia se demitir) ganhou uma batalha jurídica contra o LinkedIn quando um juiz federal dos Estados Unidos decidiu que a rede social não pode impedir que uma empresa acesse dados de um perfil público. O tribunal ordenou ao LinkedIn remover em 24 horas qualquer tecnologia que impedisse o HiQ de acessar seus perfis públicos.
Com receio de espionagem, um quarto dos russos cobre webcam com fita, segundo pesquisa recente. Leia mais aqui.
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