Thunderstorm in Koktebel.
Vladimir Astapkovich/RIA NovostiOs cientistas soviéticos tinham muitas ideias revolucionárias – mas colocá-las em prática nem sempre era fácil. Com a Guerra Fria, potenciais projetos foram incubados (com ou sem sucesso) na tentativa de superior o inimigo número 1 do regime: os Estados Unidos.
Alguns programas científicos e militares da época soviética ainda estão em operação hoje, e até mesmo as ideias mais ambiciosas – como armas sonoras e a laser – estão agora se tornando realidade. Alguns dos projetos mais mirabolantes, entretanto, acabaram sendo abandonados e esquecidos para sempre.
A Gazeta Russa analisa alguns dos mais radicais como prova de que os cientistas soviéticos estavam realmente dispostos a manter o suposto inimigo na lanterninha.
Rádio cerebral
Bernard Kajinski realizou experimento com cães (Foto: Arquivo)
Em 1923, o engenheiro elétrico Bernard Kajinski criou o extraordinário conceito de ‘rádio cerebral’ para transmitir impulsos cerebrais e transformá-los em sinais de longa distância. Partindo da ideia de que os seres humanos são ‘estações de rádio vivas’ capazes de transmitir e receber sinais, Kajinski visitou a Europa e a América do Norte para dar palestras sobre o tema. E seu projeto recebeu o apoio das autoridades.
No ano seguinte, o cientista realizou os primeiros testes em Moscou – usando ondas de rádio de baixa frequência, o objetivo do experimento foi influenciar cães a pegar um livro específico de uma pilha e entregá-lo a cientistas na sala da próxima porta. Embora o experimento inicial tenha sido um sucesso, os animais deixaram, mais tarde, de obedecer aos comandos durante treinamento.
Os serviços secretos acompanharam o projeto e estavam interessados na ideia de usar o rádio para influenciar a mente das pessoas. No entanto, segundo relatos, Kajinski parou de trabalhar no projeto, apesar de acreditar nele; a ideia acabou sendo adotada por outros cientistas, embora nunca tenha sido colocada em prática. O conceito foi eventualmente relegado aos arquivos devido ao alto custo e pouco progresso.
Toupeira-lutadora
Toupeira-lutadora não resistiu ao segundo teste (Foto: Arquivo)
A ideia de construir uma máquina que pudesse perfurar diversos tipos de solo e rochas não foi sugerida apenas por escritores de ficção científica, mas também por cientistas soviéticos. Essa máquina seria capaz de destruir as instalações e infraestruturas subterrâneas de um inimigo, bem como violar as fronteiras inimigas.
Embora o conceito tenha surgido em Moscou no início do século 20, graças ao engenheiro Piotr Rasskazov, ele não viveu o suficiente para ver o seu projeto se materializar. Foi só na década de 1930 que o conceito ganhou novo fôlego.
De acordo com histórias da época, o engenheiro soviético Rudolf Trebelevski havia se apoderado de alguns projetos alemães e, mais tarde, com o apoio das autoridades soviética, construiu o primeiro protótipo da máquina de perfuração subterrânea. O equipamento foi projetado tanto para implantar minas e cabos como para exploração geológica. No entanto, o projeto foi abandonado por vários anos, uma vez que as autoridades soviéticas decidiram se concentrar em outras iniciativas.
Na década de 1960, apoiada pelo então líder da URSS, Nikita Khruschov, a ideia foi retomada, porém mantida em segredo (mais do que o projeto atômico soviético). Uma fábrica especial para a produção do equipamento também foi construída na Crimeia.
Na época, os cientistas apresentaram uma atualização com habilidades superiores. Intitulada “toupeira-lutadora”, a máquina operava com energia nuclear e possuía 35 metros de comprimento. Era capaz de perfurar a uma velocidade máxima de 7 km/h e também podia transportar cinco membros da tripulação, além de 15 soldados.
Testado pela primeira vez em 1964, nos Urais, o equipamento se mostrou um sucesso – cortou uma montanha como uma faca passando através da manteiga e destruiu um abrigo inimigo imaginário. Infelizmente, o segundo teste não foi tão bem-sucedido: a ‘toupeira’ explodiu matando todos os membros da equipe. A causa do acidente continua sendo um segredo, mas todos os outros testes foram adiados, e o projeto foi abandonado para sempre quando Leonid Brejnev chegou ao poder. Isso porque, dentre outros motivos, o líder soviético estava mais focado em exploração espacial.
Arma climática
Fenômenos estranhos foram avistados no céu ao redor de estações (Foto: Aleksêi Buchkin/RIA Nôvosti)
Na década de 1960, muitos países tentaram desenvolver métodos para influenciar as condições climáticas. Os soviéticos pensavam que, se pudessem controlar o clima, eles teriam uma enorme vantagem sobre o inimigo, e os cientistas investiram na ideia. Também sabia-se que os EUA estavam trabalhando em um conceito semelhante.
Ainda que, em 1977, a ONU tenha adotado oficialmente uma norma proibindo o uso de armas que causassem mudanças climáticas o clima, a União Soviética e os Estados Unidos continuaram avaliando as perspectivas desse tipo de tecnologia e criaram complexos meteorológicos capazes de influenciar os processos na ionosfera (camada da atmosfera terrestre que é ionizada pelas radiações solar e cósmica).
A estação de aquecimento ionosférico (Sura), um laboratório russo para pesquisar a ionosfera, foi criada nos anos 1980 e era muito parecida com o complexo americano HAARP (em português, Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Frequência). Na época, os moradores vizinhos testemunharam estranhas luzes incandescentes e esferas vermelhas que se moviam pelo céu – formações de plasma resultantes dos trabalhos conduzidos no complexo.
No entanto, apesar das evidências, muitos cientistas alegam hoje que os relatos sobre armas climáticas são completamente infundados.
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