Do tamanho de um grão de arroz, chip pode ser facilmente instalado em estúdios de piercing
ReutersEm visita à Rússia no ano passado, o famoso biohacker alemão e CEO da Digiwell, Patrick Kramer, inseriu 15 implantes eletrônicos sob a pele de dez voluntários russos.
O objetivo de grande parte dos moscovitas interessados na tecnologia, já utilizada em Londres, Hamburgo, Bona e Munique, é usar o chip para viajar em transporte público.
“A curiosidade é a razão mais comum para instalar o chip”, diz Kramer. "Há pessoas que estão fazendo coisas fantásticas com isso. Um amigo meu, por exemplo, tem 11 implantes em suas mãos, para ele é um tipo de hobby. Para mim, um implante é uma grande ferramenta social e de comunicação”, acrescenta.
Primeiros ciborgues
De acordo com os produtores, existem entre 30 mil e 50 mil pessoas no mundo com chips subcutâneos. Os russos começaram a implantá-los apenas recentemente, e um dos primeiros a fazê-lo foi o administrador de sistemas de Moscou Serguêi Sorokin.
“O uso desse chip é percebido como mágico”, diz Sorokin, que começou a usá-lo em 2012. “Em Moscou, 99% das pessoas que veem isso ficam maravilhadas”, completa.
Kramer: “Curiosidade é razão mais comum para instalar chip” (Foto: Arquivo pessoal)
Três anos depois foi a vez do engenheiro Vlad Zaitsev, que implantou um chip de comunicação por campo de proximidade (NFC, na sigla em inglês) sob sua pele para pagar pelos transportes públicos, e também o usa para acessar seu escritório. O chip de Zaitsev permite a comunicação entre dispositivos a uma distância de 12 cm.
Outro pioneiro dos chips NFC na Rússia é Stanislav Kuprianov, que trabalha para a fabricante de equipamentos para telecomunicações Ericsson na Rússia. Como parte do experimento, Kuprianov manteve até um blog na revista “GQ” sobre sua rotina.
Útil para deficientes
A maioria dos russos implantam chips do tamanho de um grão provenientes dos EUA ou da China. O dispositivo subcutâneo e o kit para implantação custam cerca de US$ 100 e podem ser encomendados pela internet. A aplicação por ser feita por qualquer pessoa que tenha experiência com piercings e leva poucos segundos.
Após a aplicação, o usuário é capaz de abrir portas, desbloquear smartphones, entrar em sites e até trocar dados com apenas um toque.
Tanto os produtores como os usuários garantem que os chips são seguros por serem feitos de vidro biocompatível, que não é rejeitado pelo organismo. Os dispositivos são geralmente implantados na mão, entre o polegar e o dedo indicador, por ser uma região sem ossos e tendões, além de pouco propensa a efeitos físicos e contusões.
“Mas conheço pessoas que os instalaram em seus braços e pescoços”, diz Kramer. “É possível coloca-los em qualquer lugar, mas 99% das pessoas escolhem as mãos por ser mais conveniente. Uma menina de 14 anos me pediu para aplicá-lo em seu pé porque nasceu sem os braços; ter um implante lhe permite agora abrir a porta. Outro amigo meu, cego, também usar esses implantes, e é como um paraíso para ele.”
Pague com os dedos
Atualmente, os usuários podem obter implantes magnéticos para os dedos, antenas para a cabeça e até sensores de terremoto implantados no peito. Todos esses dispositivos funcionam perfeitamente quando sincronizados com Android, mas não podem ser usado com o iPhone, pois a Apple dispõe de tecnologias próprias semelhantes ao chip de NFC.
Os dispositivos subcutâneos têm, porém, pouca memória (em média, 512 KB). Para ser usado como uma ferramenta de pagamento, o chip deve ter uma antena especial e um sistema de pagamento certificado, como Visa ou MasterCard, o que aumenta significativamente o tamanho do implante e impossibilita sua instalação sob a pele.
Apesar dos avanços já obtidos, os primeiros ciborgues da Rússia ainda enfrentarão uma longa jornada para superar as dificuldades – e desconfianças – atuais.
“É praticamente impossível que a segurança de um escritório autorize sua entrada com esses chips”, diz Kuprianov. “Quando me hospedo em um hotel e digo que quero instalar o código da chave do quarto no chip que está na minha mão, os funcionários me olham como se eu fosse um louco”, conta.
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