Sem produtos químicos, biólogos siberianos bombeiam óleo do fundo de lago
Lori/Legion-MediaUma tecnologia nova e barata que extrai o petróleo da parte inferior da água de rios, mares e oceanos, empurrando-o para a superfície, em qualquer estação, foi apresentada por pesquisadores da Universidade Estadual de Tomsk, na Sibéria.
Os biólogos já removeram 157 toneladas de óleo do fundo do lago Schutchie, que foi poluído pelo acidente de Usinski em 1994. Na época, um antigo oleoduto despejou mais de 100 mil toneladas de petróleo, em um episódio listado pelo livro dos recordes “Guinness” como o pior desastre ambiental do gênero.
“Várias tentativas de remoção foram feitas ao longo dos anos após o acidente, mas não foi possível retornar o ecossistema a seu estado original”, disse à Gazeta Russa o biólogo Daniil Vorobiov. “A grande maioria dos peixes apresentava anomalias congênitas graves.”
A experiência de purificação da água do Schutchie foi um enorme sucesso, segundo o biólogo, e a ocorrência dessas anomalias em peixes diminuiu em 98%. “A vida voltou ao lago, e hoje moluscos, crustáceos e outros organismos podem chamá-lo de casa.”
A devastação de regiões marítimas após vazamentos de petróleo é um problema comum em áreas onde a commodity é extraída. As técnicas de tratamento de água mais comuns atualmente continuam sendo dragagem e o uso de agentes microbiológicos. Porém, ambos os métodos são caros e exigem trabalho intensivo.
Sem química
Baseado nas leis da física, o novo método desenvolvido pelos cientistas de Tomsk não requer o uso de produtos químicos.
Uma mangueira pesada é levada ao fundo do lago, e uma corrente de ar é bombeada para o local do vazamento de petróleo. Em seguida, as bolhas de ar empurram o óleo à superfície, e o líquido é coletado em tanques flutuantes com material absorvente.
Segundo os especialistas, essa técnica é mais adequada para lagos com fundo rochoso, de argila ou areia, e é capaz de reduzir a concentração de substâncias nocivas na água a níveis aceitáveis.
Além disso, o método permite limpar não só o fundo, como o lago por inteiro, e não há limitações em relação à profundidade ou ao tempo passado desde que o incidente.
“Alguns acidentes não são imediatamente identificados”, explica Vorobiov. “O petróleo desce para o fundo, matando muitas formas de vida e causando deformidades nos peixes. Nós criamos uma técnica que reduz significativamente as consequências da poluição por hidrocarbonetos em praticamente todas as massas de água.”
Sob o gelo
Até então, não havia tecnologia barata para remover o petróleo de lagos congelados. Os biólogos da Sibéria, porém, encontraram uma solução também para isso, por meio de canais convergentes na camada de gelo da superfície.
Tal como acontece com a tecnologia de “verão”, as mangueiras descem ao fundo do lago através de um buraco no gelo e, na sequência, o ar é bombeado. A diferença é que, no lago congelado, o óleo bombeado a partir do fundo passa para um coletor através dos canais.
Um hangar móvel é instalado sobre o coletor, no qual aquecedores permitem uma temperatura de trabalho favorável, e o óleo é removido. Por meio dessa técnica, é possível limpar qualquer lago coberto de gelo, mesmo à temperatura de -50°C.
Segundo Vorobiov, a limpeza de lagos no inverno é ideal, uma vez que os processos do ecossistema são mais lentos ou ficam temporariamente suspensos. “A reprodução de peixes ocorre na primavera e no verão, por isso, é preferível limpar no frio.”
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