Sistemas de reconhecimento de voz desenvolvidos por russos estrearam no México
Shutterstock/Legion MediaEm “The Red Web”, livro recentemente publicado nos EUA, os jornalistas russos Andrêi Soldatov e Irina Borogan descrevem detalhes sem precedentes dos esforços do governo russo para monitorar as telecomunicações.
Segundo os autores, as empresas russas fornecem cada vez mais tecnologia e equipamentos de escutas telefônicas aos mercados estrangeiros, especialmente para a América Latina.
Sistema nacional de impressão vocal
De acordo com os relatos no livro, o avanço do Sistema para Atividades de Investigação Operativa (SORM, na sigla em inglês) rumo à América Latina se deve sobretudo à empresa Speech Technology Center (STC), fundada em 1993 pelos ex-funcionários do Instituto de Comunicação de Longa Distância (Dalsviaz) de Leningrado, Serguêi Koval e Mikhai Khitrov.
Fonte: Press Photo
Na época soviética, Koval estava no comando de um laboratório de acústica no Dalsviaz envolvido no desenvolvimento de sistemas de reconhecimento de voz, sob os auspícios do Comitê de Segurança do Estado (KGB). Após o colapso da União Soviética, o trabalho na área cessou, e o instituto deixou de operar.
A equipe do STC, porém, conseguiu perpetuar os trabalhos em uma base comercial. A empresa recebeu de imediato contratos lucrativos do FSB (Serviço Federal de Segurança), e, há alguns anos, o Gazprombank adquiriu participação majoritária na STC.
Entre os maiores avanços do centro tecnológico está um sistema nacional de reconhecimento de voz originalmente concebido nos tempos soviéticos. No entanto, o aparato não foi lançado na Rússia, e sim no México, em 2008. O sistema permite que as autoridades mexicanas encontrem pessoas por meio de informações biométricas, como amostras de voz, fotos e etc.
Agentes policiais, prisioneiros e até motoristas ao tirar carteira, entre outros, são obrigados a fornecer amostras de voz.
Tecnologia russa em escândalo na Colômbia
Em 2009, a Colômbia também enfrentou um grande escândalo quando o serviço secreto do país, o Departamento Administrativo de Segurança (DAS), foi acusado de interceptar conversas telefônicas de políticos da oposição, jornalistas e juízes do Supremo Tribunal. Alegou-se que o DAS estaria agindo sob ordens do então presidente Álvaro Uribe.
Ex-diretora do DAS foi condenada por encomendar grampo ilegal Foto: Reuters
Na época, o diretor do DAS, Felipe Munoz, realizou uma coletiva de imprensa em Bogotá, e Koval participou do evento como um perito independente. Ele disse ter estudado cerca de 20 amostras de áudio relacionados com os vazamentos e concluiu que foram feitas em equipamento diferente do usado pelo DAS. O serviço secreto colombiano foi, então, inicialmente exonerado.
No entanto, revelou-se que as conclusões do Koval estavam incorretas. O ex-oficial sênior do DAS William Romero admitiu ter organizado grampos telefônicos conforme instruções diretas de Maria del Pilar Hurtado, que havia gerido o DAS até 2008. Os dados de vigilância teriam sido eventualmente fornecidos ao presidente.
Os promotores apresentaram acusações contra a diretoria do DAS. Hurtado foi condenada a 14 anos de prisão, e o DAS, desmantelado em 2011.
SMS para manifestantes da Maidan
Em 21 de janeiro de 2014, os celulares dos participantes de um protesto antigoverno em Kiev começaram a vibrar, um após o outro, com as seguintes mensagens de texto: “Caro assinante! Você foi registrado como um participante dos tumultos.”
Uma das principais empresas de telefonia móvel da Ucrânia, a Kivstar, informou que as mensagens foram enviadas por estações piratas com tecnologia capaz de captar o IMSI (número de identificação do chip). Outra teoria está relacionada com o SORM.
Nuland e Pyatt distribuem pão para tropa de choque em Kiev Foto: Reuters
Houve ainda outros escândalos; em particular, a gravação de conversas telefônicas entre a vice-secretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, que estava em Kiev na época, e o embaixador dos EUA na Ucrânia, Geoffrey Pyatt.
Os grampos foram publicados na internet, e a gravação ganhou amplo alcance público porque Nuland admitira seu apoio aos opositores do governo, assim como sua aversão pela incapacidade da União Europeia de influenciar a situação.
Texto originalmente publicado no CNews.ru
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