Quinhentas espécies novas descobertas no mar de Okhotsk

A maior parte do mar de Okhotsk, exceto a área em torno das Curilas, congela durante o inverno

A maior parte do mar de Okhotsk, exceto a área em torno das Curilas, congela durante o inverno

Lori / Legion-Media
Quase mil espécies, entre as quais quase metade eram desconhecidas, foram identificadas na área em torno das Ilhas Curilas. Organismos usados na fabricação de medicamentos e possível presença de ouro no solo são promessas da região.

Ao contrário do que se pensava, as águas profundas do mar de Okhotsk apresentam uma grande variedade de espécies, inclusive novas para a ciência, segundo a equipe internacional da expedição SokhoBio, que inclui profissionais da Rússia, Alemanha e Japão, entre outros países.

O estudo na área em torno das Ilhas Curilas, no Extremo Oriente do país, revelou a presença de quase mil espécies diferentes de animais, embora antes fossem conhecidas apenas 50.

“Mais da metade das recentes descobertas são, aliás, espécies novas para a ciência”, destaca a vice-responsável pela expedição SokhoBio, Marina Maliutina. São organismos unicelulares, celenterados, crustáceos, moluscos, equinodermos e diversos peixes.

Os cientistas estão espantados, porém, com a similaridade da fauna nas profundezas da porção sudeste das Ilhas Curilas com a do oceano Pacífico.

Holothuroidea Foto: Shtefan IlerEste pepino-do-mar de águas profundas foi apelidado de "porco-do-mar" devido à sua aparência Foto: Shtefan Iler
“É incrível, porque a fauna do Pacífico é muito antiga. Ela evoluiu ao longo de milhões de anos”, explica Marina Maliutina. “Já as bacias de águas profundas dos mares do Extremo Oriente, são relativamente jovens e têm uma história geológica bastante complexa, já que passaram por períodos de glaciação e completo isolamento.”

O estudo foi conduzido em uma área de grande profundidade, de 3.500 a 6.000 metros, onde a pressão é 750 vezes maior do que a atmosférica, e há absoluta inexistência da luz solar.

Remédios e ouro

Com a ajuda de equipamento especial, os cientistas da SokhoBio coletaram animais com medidas entre 1 e 10 mm e organismos marinhos com até 1 mm. Os materiais da expedição vão agora ser estudados em institutos russos, alemães e japoneses.

Durante a expedição foram encontrados não só novas espécies, mas também gêneros desconhecidos e até mesmo uma nova família. Os primeiros resultados do estudo são esperados dentro de dois anos.

O objetivo é também identificar compostos biologicamente ativos para o desenvolvimento de medicamentos. O Instituto da Química Biorgânica de Vladivostok, por exemplo, já produz anti-inflamatórios, anticancerígenos e suplementos dietéticos a partir de organismos marinhos.

Ao estudar o solo do fundo do mar perto da ilha de Simushir, os geólogos conseguiram ainda encontrar formações de ferro-manganês, um sinal da existência de ouro e prata na região. A confirmação disso virá após o processamento completo das amostras de solo coletadas.

A expedição SokhoBio (Sea of Okhotsk Biodiversity Studies, ou Estudos de Biodiversidade no Mar de Okhotsk) foi a terceira fase das pesquisas conjuntas russo-alemãs. Os arredores das Ilhas Curilas quase não haviam sido estudados antes, apenas recolhas isoladas de amostras foram realizadas por navios russos e norte-americanos no século passado.

Caprellidae Foto: Anna LavrentevaCamarão-fantasma fixa-se firmememente para pegar pequenas criaturas com suas garras Foto: Anna Lavrenteva

 

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