Rússia e EUA retiram da Antártida dispositivos radioativos

Dado o seu potencial radioativo, quando deixados em regiões inóspitas, os GTR representam um perigo para o ambiente.

Dado o seu potencial radioativo, quando deixados em regiões inóspitas, os GTR representam um perigo para o ambiente.

atomic-energy.ru
Temor era de que terroristas usassem o material para criar "bomba suja".

No âmbito de um programa conjunto para redução de ameaças, Rússia e os Estados Unidos retiraram da Antártida geradores termoelétricos de radioisótopos (GTR), informou o chefe da Expedição Antártida Russa e vice-diretor do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica, Valéri Lukin, à agência de notícias Tass.

Os GTR são usados ​​na Antártida como fontes de energia para radiofaróis e estações meteorológicas. Seu combustível é composto por elementos radioativos como o estrôncio ou o plutônio, o que os transforma em uma espécie de minirreatores nucleares, utilizados quando se torna impossível realizar o fornecimento de combustível para os geradores a gasolina ou diesel.

Dado o seu potencial radioativo, quando deixados em regiões inóspitas, os GTR representam um perigo para o ambiente. Além disso, podem se tornar alvo fácil de terroristas ou caçadores de metais não ferrosos, disse Lukin.

Criado em 1991, o programa do Congresso dos EUA batizado de Redução Conjunta de Ameaças considera os GTR um perigo também por eles possibilitarem a propagação de materiais radioativos que podem ser usados ​​na construção de uma "bomba suja" (arma radiológica que dispersa material radioativo através de uma onda de choque). O objetivo do programa é encontrar esses dispositivos e levá-los para fora da Antártida, a fim de serem reciclados. Assim, o Departamento de Energia dos Estados Unidos assinou um acordo para a retirada de produtos radioativos do continente antártico com o Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica da agência russa RosGydroMet.

Dados da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) mostram que em 2013 existiam na Antártida quatro GTR do tipo Beta deixados por antigas expedições soviéticas no continente. Sua remoção e reciclagem se tornaram um dos objetivos da missão de expedição que trabalha atualmente no território russo da Antártida.

De acordo com Valéri Lukin, a retirada do equipamento radioativo da Antártida "é um exemplo perfeito de que, apesar das grandes contradições, Rússia e Estados Unidos conseguem, de modo efetivo e muito racional, cooperar entre si".

Segundo Lukin,uma parte do porão do navio científico e expedicionário Akademik Fiôdorov, da Expedição Antártica Russa, foi convertida especialmente para o transporte das fontes radioativas da Antártida. Para levar os GTR para reciclagem, as autoridades da Rússia e Estados Unidos concordaram em atracar o navio nos portos da Alemanha e da Argentina. Segundo Lukin, foi particularmente difícil negociar com a Alemanha, país cuja legislação nacional proíbe por completo a utilização no seu país de materiais radioativos e até mesmo a sua entrada em território nacional por um curto período.

 

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