Até o final da década de 1930, a Força Aérea Soviética já tinha conquistado uma sólida experiência em combates aéreos. Na Espanha, os pilotos soviéticos enfrentaram os melhores ases da Luftwaffe (Força Aérea alemã) e no Extremo Oriente, durante os confrontos fronteiriços de 1938 e 1939, combateram os japoneses.
Paralelamente, os especialistas nacionais puderam se familiarizar com os melhores exemplares dos aviões alemães. Logo ficou claro para eles que as lentas aeronaves de voo baixo, rente à terra, tinham os dias contados. O futuro pertencia aos novos caças, que atingiam velocidade de várias centenas de km/h e teto de voo elevado.
Naquela época, nada do gênero era produzido na União Soviética. Foi então tomada a decisão de organizar, na base da fábrica de aviões de Moscou, um novo departamento de projetos, cuja tarefa seria criar uma nova aeronave do zero.
À frente do departamento de projetos estavam engenheiros experientes: o posto de diretor foi ocupado por Artiom Mikoian e o de vice-diretor, por Mikhail Gurevitch. Ambos haviam trabalhado anteriormente em um dos melhores departamentos de projetos soviéticos, chefiado por Nikolai Polikarpov.
Artiom Mikoian (à esq.) and Mikhail Gurevitch emprestaram iniciais para MiG Foto: MiG
Polikarpov e seus colegas de trabalho haviam começado a desenvolver um novo caça soviético, que surgia nas documentações sob o nome de I-200. No entanto, Mikoian e Gurevitch tinham a missão de aperfeiçoar o protótipo já existente e apresentar algo radicalmente diferente de tudo o que até então tinha sido produzido pelo complexo militar-industrial soviético.
I-200 foi protótipo usado para criação de primeiro modelo da MiG Foto: MiG
Primeiros embates
Em abril de 1940, o caça levantou voo. Depois de algumas revisões, em dezembro do mesmo ano, o avião foi aprovado para fabricação em série sob o nome de MiG, um acrônimo composto pelas primeiras letras dos nomes dos principais construtores do departamento de projetos.
Passados alguns meses, o MiG-1 foi substituído pelo MiG-3, que era ainda mais rápido e conseguia alcançar maior altitude de voo. Nos primeiros anos da Grande Guerra Patriótica, como é conhecida a Segunda Guerra Mundial na Rússia, o Mig-3 foi o caça mais enviado ao serviço da Força Aérea do Exército Vermelho e o mais fabricado entre a nova geração de aeronaves: até 1942, já haviam sido fabricadas mais de 3.000 unidades do modelo.
Rápido e com capacidade de atingir grande altitude, MiG-3 teve 3.000 unidades produzidas até 1942 Foto: MiG
Porém, após grandes perdas em combate, a indústria soviética deixou produzir o número de motores complexos necessários para o MiG, e sua produção foi praticamente extinta. Nos combates com a Luftwaffe era explícita a urgência em fazer a transição para motores a jato, que permitiam aumentar significativamente a velocidade da aeronave.
Em 1946, o MiG-9, pioneiro entre os aviões a jatos soviéticos, fez o seu voo inaugural. Um ano depois, os criadores lançaram o novo MiG-15, que conseguia, pela primeira vez, quebrar a barreira dos 1.000 km/h. Assim, o MiG-15 estava destinado a se tornar o jato mais fabricado da história: em 10 anos foram produzidas no mundo mais de 15.500 unidades.
MiG-15 teve produção maciça e foi exportado para países diversos Foto: AP
Concorrência veloz
Na década de 1950, o departamento de projetos de Mikoian trabalhou ativamente no aperfeiçoamento do famoso modelo. Os que vieram depois, MiG-17 e MiG-19, já cruzavam a barreira do som: o último, por exemplo, chegava perto da marca dos 1.500 km/h. Entretanto, o avanço real se deu ao longo dos 20 anos seguintes.
Primeiro surgiu o MiG-21, o avião supersônico mais fabricado no mundo, que se distingue pela característica configuração triangular de suas asas. No total, esse modelo já esteve a serviço de mais de 60 países.
Exportado para mais de 60 países, MIG-21 foi o avião supersônico mais fabricado no mundo Foto: AP
No final dos anos 1960, os engenheiros soviéticos tiveram a ideia de um novo MiG capaz de competir em pé de igualdade com as mais modernas aeronaves norte-americanas, que ganhavam em alcance de voo e armamento. Mas foi só na década de 1980 que a lacuna foi preenchida, com o aparecimento do MiG-29.
O novo modelo podia ser usado como bombardeiro, com uma carga de bombas superior a 2 toneladas, e possuía também a capacidade de subir com ogivas nucleares. Mas, por outro lado, o MiG-29 permanecia sendo um caça: o piloto poderia fazê-lo subir a uma altitude de 18 km e acelerá-lo até os 2.400 km/h. E tinha um alcance de voo de 1.400 km.
A gama de produtos das empresas MiG não parou por aí. Entre as aeronaves produzidas esteve ainda o MiG-105, concebido como um veículo orbital capaz de efetuar ataques aéreos a aviões a partir do espaço. Não é à toa que a empresa é ainda hoje considerada uma das bandeiras da indústria aeronáutica russa.
Produção atual em fábrica da empresa MiG Foto: MiG
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