Satélite amador será enviado para órbita da Terra em meados de 2016 Foto: Press Photo
“Em uma palestra sobre astronáutica, um estudante me procurou e perguntou se seria possível enviar um tijolo para o espaço. Eu respondi que sim, mas perguntei se não seria melhor lançar algo mais significativo”, conta Aleksandr Chaenko, chefe do programa educacional “Cosmonáutica Moderna”, da Universidade Estatal de Engenharia Mecânica de Moscou (MAMI). Foi assim que, no outono de 2014, surgiu a ideia de construir o primeiro satélite amador da Rússia, intitulado “Farol”.
Hoje, o projeto envolve quatro alunos e um doutorando da Universidade Técnica Estatal Bauman de Moscou (MGTU), quatro engenheiros e um especialista em relações públicas, além, é claro, de Chaenko, que lidera o programa.
O grupo, que não dispunha de recursos próprios, recorreu a uma das tantas plataformas de financiamento coletivo (ou crowdfunding, em inglês) disponíveis na internet e já conseguiu arrecadar mais de US$ 7.000 para criar o protótipo de um satélite.
“A humanidade poderia ter conquistado outros planetas há 40 anos, mas ainda estamos aqui, na Terra”, diz o chefe do projeto, criticando a falta de iniciativa nas diversas empresas espaciais onde já trabalhou. “O objetivo do ‘Farol’ é vencer essa indiferença.”
O protótipo, que mede 10x10x34 cm e pesa quase 4 kg, servirá de base para a construção do satélite. O instrumento final será enviado para a órbita da Terra em 2016. “Depois de entrar em órbita, o satélite se transformará em uma grande pirâmide, que será visível no céu devido à luz solar refletida”, explica Chaenko.
O futuro satélite será basicamente um contêiner que transporta carbonato de amônio, uma película de polímero, dois geradores e um computador. Quando aquecido, o carbonato de amônio irá se decompor em dióxido de carbono, água e amônia.
Após a decolagem, o primeiro gaseificador (gerador de gás) será acionado, preenchendo a estrutura da pirâmide com gás através de suas arestas e fazendo com que o instrumento assuma uma forma plana e estável. Um segundo gaseificador fará o satélite girar, tornando-o mais visível à noite.
Próxima fase
Ao longo do mês de julho, o grupo pretende realizar os testes estratosféricos com o protótipo de satélite.
“Foi precisamente para isso que angariamos o dinheiro. Vamos lançar o protótipo para a estratosfera, a uma altitude de 35 km, em um balão de hélio. Na descida, ele sofrerá danos irreparáveis e, por isso, para o lançamento orbital teremos que construir mais dois aparelhos como esse, o principal e um reserva”, diz Chaenko.
Criadores farão nova campanha para arrecadar mais US$ 260 mil Foto: Press photo
Atualmente, está discussão um acordo entre a Universidade de Engenharia Mecânica e a empresa Sputniks, que irá transportar o satélite no foguete Dnepr, em meados de 2016.
Além disso, Chaenko espera obter patrocinadores ao apresentar o projeto em usas palestras sobre exploração espacial “O Cosmos de Mar a Mar”, que serão realizadas em diferentes regiões da Rússia, no final de julho.
Formou-se em 2005 na MGTU Bauman como engenheiro de cosmonáutica. Trabalhou na criação do foguete Angará A5, projetou o voo do foguete sul-coreano KSLV-1, calculou a resistência dos elementos da mecanização da asa do Boeing 787 Dreamliner e participou da criação do DX1 – a segunda nave espacial privada da Rússia. Lecionou na MGTU e atualmente chefia o programa educacional “Cosmonáutica Moderna”, na Universidade Estatal de Engenharia Mecânica de Moscou (MAMI).
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: